segunda-feira, 31 de maio de 2010

Verdade e Deus: Relativização ou Absoluto?


Aspiramos desnudados pela Verdade tal como garimpeiros na busca do ouro a peneirar, assim como também procuramos encontrar o Deus-Deus, e não o Não-Deus, nesta busca incessantemente desenfreada e alucinada, apelamos para as pseudas-verdades e as incalculáveis imagens criadas de “deus” ao longo da corrida dos anos pelas religiões existentes no mundo, que tentam decifrar não somente este mundo, mas para além dele, com a mente, mas principalmente com a alma, pois sim! Teologia não se faz com números e contas exatas tal como é na matemática, mas antes, não passam de meras construções de conjunturas especulativas embasadas nas experiências subjetivas tanto as que vão dia a dia sendo vivenciadas, como as desejadas pela voraz sede interior e intelectual de todo ser que é ser no mundo e em si.

Mas a Verdade-Verdade com V maiúsculo tal como qual não existe, e por isso deve sim, ser relativizada e constantemente re-avaliada na temporalidade e finitude da vivencia humana. A Verdade-Verdade é Deus-Deus, porém Deus-Deus não é a Verdade-Verdade, pois Deus-Verdade não passa de teologização humana que só existe no mais profundo, enganoso, cego e petrificado obscurantismo dogmático das inúmeras religiões, mas o grande e indefinido Assombro, como Deus que está para além de “deus” sendo Ele mesmo Não-Deus-Verdade humana, existe, porém é apenas uma fagulha de toda complexão e imensidão do céu estrelar ou uma partícula de uma gota em um oceano de água em todas as tentativas humanas de teologias já existentes.

Então logo na implicação do pensar honesto, precisamos constantemente nos indagar:
“Afinal de contas, como sabemos o que sabemos ser o que sabemos?”

Não há mais absolutos para minha fé, vejo olhando ao contemplar o mundo, todo esforçar descomunal humano de tentar enquadrar Deus e a Verdade em seus escopos teológicos e religiosos, quando afirmam de suas crenças como Verdades absolutas dizendo: “Eu tenho a Verdade e a fé Verdadeira no único Deus Verdadeiro, e quem quiser ser verdadeiramente salvo e encontrar Deus terá que percorrer o meu caminho, pois as demais crenças e religiões são falsas, e vão queimar no fogo do inferno quem delas não abrem mão para se arrependerem e crerem como eu creio”.

E a partir daí é originado dentro das entranhas religiosas, a grande subversão milenar das teologias, que se dá precisamente por causa do interior exteriorizado, pois ambicionamos que nossa “verdade” seja “verdadeira verdade” para os outros, e isto é um equivoco, pois a nossa “verdade” é “verdade” para nós somente, pois qualquer “verdade” tem que ter o chão da subjetividade interior individual singularizada na consciência conhecida e crida por cada indivíduo!

Deus-mesmo é um Deus além de qualquer e toda tentativa humana de encontrar, decifrar, codificar, decodificar, sistematizar e doutriná-lo, pois Ele é o totalmente outro, e a Verdade-Verdade não existe, a não ser nas mãos do grande Assombro, o que temos tanto em relação a Deus quanto a Verdade, são as nossas percepções subjetivas do encontro de nós com nós mesmos e com o universo mergulhado Nele, sendo tudo e todos, partículas do DNA do divino, podendo-se a partir daí, absorver em nossas almas os sentidos que compõe o universo de sentimentos e percepções, tendo como premissa sempre a nossa finitude humana, logo temos também a clarividência que não importa quanto tempo passe, quanta inteligência seja empreendida na compreensão Dele, serão sempre rascunhos e meros lampejos de fachos de luz em uma incomensurável e espessa escuridão noturna.


Marcio Alves

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ideologia Imperialista

No início da década de 1970, um pequeno e divertido livrinho publicado no Chile, de inspiração marxista, caiu como uma bomba no mundo dos quadrinhos infantis. “Para ler o Pato Donald”, de Ariel Dorfman e Armando Matterlat, foi escrito num período que o Governo de Salvador Allende se debatia para sobreviver às pressões do imperialismo norte-americano.

As idéias desses dois autores eram justamente denunciar a ideologia imperialista que dominava as aparentemente inocentes histórias infantis da Disney. Para os autores, as histórias em quadrinhos de “tio Patinhas” e companhia, preparavam as crianças do terceiro mundo para serem subservientes aos países de primeiro mundo, em especial aos EUA.

A primeira descoberta dos autores foi com relação à vida familiar. Não há nenhum vínculo familiar direto nas histórias de “Pato Donald” e amigos. Todos são tios e sobrinhos de alguém. Para os autores, isso era uma estratégia da Disney para imortalizar os personagens... transformando-os em símbolos, numa sociedade que refletia a dominação capitalista.

Além de não ter laços familiares diretos, os personagens são movidos apenas pela ambição do dinheiro. Não há relações de amizade desinteressadas, apenas relações comerciais: “Ninguém ama ninguém... jamais há um ato de carinho ou lealdade ao próximo. O homem está só em cada sofrimento... não há uma mão solidária ou gesto desinteressado”.

O amor de “Margarida”, por exemplo... é retratado em várias histórias que são reproduzidas no livro, onde fica demonstrado nas histórias da Disney, que as relações são sempre de interesse...e quase sempre interesse financeiro.
Nesse mundo de interesses, os que estão em baixo aprendem a ser obedientes...submissos...disciplinados e a aceitar com respeito e humildade as ordens superiores. Por outro lado, os que estão em cima exercem sempre a coerção física e moral, além do domínio econômico. No mundo da Disney, ser mais velho...mais rico ou mais belo, dá imediatamente o direito de mandar nos outros. Os menos afortunados por sua vez, passam o dia a queixar-se, mas são incapazes de quebrar esse círculo de opressão.

Não quero me perder, assim como Josué Irion, procurando subliminaridades em tudo que vem da Disney      ( até por que cresci lendo gibis de todos os tipos...e particularmente os da Disney), apenas achei muito interessante a abordagem feita pelos dois autores no que diz respeito à ideologia imperialista.
O livro é pequeno e vale à pena ser lido. Sugiro ler juntamente com o livro “Filosofia da miséria” de Proudhon...e “Miséria da filosofia” de Karl Marx...este segundo sendo uma resposta ao primeiro.

Abraços a todos que se dispusera a ler este artigo.

Edson Moura

domingo, 23 de maio de 2010

Utopia “religiosa”


Ontem sonhei um sonho onde vivia em um mundo onde as religiões não existiam mais, devido ter sido extintas, pois em cada alma humana havia a consciência e responsabilidade individual e coletiva de que para viver melhor uma vida qualitativa não precisavam recorrer às fantasiosas e falsas promessas de um futuro melhor e nem muito menos serem manipulados por quaisquer poderes autoritários, pois em cada ser havia o comprometimento de transformar o mundo em um melhor lugar, fazer já de algo existente um paraíso ao invés de esperar por um que nunca vinha, onde era muito mais uma questão de fé do que factual.

Contemplava no meu sonho que as pessoas já não mais oravam neuroticamente e nem esperavam anestesiadamente por intervenções divinas em seus problemas cotidianos e existenciais, mas antes, arregaçavam as mangas e iam para luta da sobrevivência e vivencia numa melhor situação. Os seres humanos fardos de promessas ilusórias de um outro lugar, melhoravam a cada dia mais o nosso tão sofrido planeta terra, respeitando muito mais e lutando pela preservação do sistema ecológico, pois se concentravam apenas aqui, em trabalhar pelo que já tinha nas mãos, valorizando o presente ao invés de simplesmente esperar e jogar para um futuro paradisíaco.

Neste meu sonho, as pessoas não mais ajudavam o próximo esperando receber alguma recompensa, ou para ter que agradar a Deus, antes fazia de bom coração pelo próximo, sendo sua motivação e seu próprio fim o próximo, que estava necessitado, pois tinham uma consciência coletiva e uma solidariedade ligada a toda raça humana, de ver no outro a sua própria face, onde o sofrimento de um era também o sofrimento do outro.

Não havia mais templos luxuosos e nem sequer salões religiosos, pois todos entendiam que ao invés de sustentar impérios religiosos, investiam o dinheiro em pessoas e em projetos comunitários, em construções de asilos, creches para crianças, aumentaram e muito, a quantidade de hospitais públicos, todo dinheiro que era dado para a igreja para sustentar pastores ricos e para abrirem muitas igrejas e pagarem altíssimos programas televisivos, com a desculpa de propagar o reino de deus, que na verdade não passava de justificativa para difundir o próprio império humano, agora era revertido para causas muito mais nobres de ajuda ao necessitado.

Chorei quando vi Deus lá no céu com um sorriso largo estampando no rosto, com lagrimas correndo pela sua face, de olhar para terra e contemplar um mundo onde havia cessado até mesmo as guerras, não mais existia violências e crimes, onde todas as cadeias tinham sido destruídas, para dar lugar a todo tipo de edifício de ajuda humanitária, onde todos os homens, mulheres, crianças e idosos, davam as mãos e batalhavam incessantemente e arduamente em reverter o caos da terra, é tudo isto, sem precisar ou mesmo pedir ajuda para o grande Ser, pois finalmente tinha entendido que tudo que acontecia no mundo é de total responsabilidade humana e não de Deus, portanto, não havia mais nenhuma religião, ou até mesmo qualquer facção fosse política ou social, pois todos eram um, ligados na universalidade do amor e solidariedade.

Agora a única crença que restava para a humanidade era a fé no Assombro e na vida, pois todos unanimemente entenderam que não precisam de qualquer religião, pois o que mais importava para elevação e construção humana era o amor uns pelos outros e a certeza que Deus agora não precisava mais ficar vigiando tal como um pai a tomar conta de seu filho que ainda é um bebe indefeso, pois a raça humana tinham juntos, chegado a idade da razão e plena expansão da consciência.

Por: Marcio Alves

quarta-feira, 12 de maio de 2010

“Por que me julgam incrédulo?”

“Eu busco compreende-lo sem ouvi-lo...e tenho certeza que Ele me ouve sem escutar-me”. Pouco a pouco eu resgatei a minha fé em Deus, fazendo uso apenas da minha razão. Comecei a ver a assinatura do criador no delírio de um psicótico, no desespero de um deprimido, no perfume de uma flor ou no sorriso de uma criança.
Uma alma de poeta é a chave para a fuga do “casulo”...para o soerguimento dentre as ruínas. Faço das minhas perdas uma lâmina cortante para lapidar minha inteligência...coisa rara hoje em dia na sociedade moderna. A observação do mundo me conduziu a um caminho que inicialmente julguei demasiado perigoso, mas ao passarem-se os anos e as experiências, compreendi que uma luz muito mais sublime brilhara na minha existência.
Pensamentos psicanalíticos de um certo Levi Bronzeado ajudaram-me a deglutir algumas dúvidas massacrantes acerca do “eu” dentro de mim...vi ali a assinatura do Criador!
Uma admiração quase idolátrica por símbolos e mitos, forjada em fogo alto na consciência de um  marinheiro chamado Eduardo Medeiros, levaram-me a enxergar além do “meu” cristianismo e contemplar a fé de outros povos...passando assim a entender que: “Aquilo que eles buscam, nada mais é do que aquilo que eu quero encontrar”...Veja ali a assinatura do Criador!
Pensamentos “pensantes”, totalmente racionais e raciocináveis, fluídos do interior do ser em “si” de um jovem prolixo chamado Marcio Alves, levaram-me ao método “metódico” de: “Ler...questionar e debater tudo aquilo que julgo dúbio ou até mesmo dogmático”...descobrindo assim, que, mesmo na dúvida, existe uma assinatura criadora de um Ser Criador, de tudo que fora criado.
Na liberdade sexual de um jovem homossexual apaixonado pela vida, conhecido como Isaías Medeiros, eu pude aproximar-me de algo que julgava imoral, e hoje, vejo apenas como algo passional. Nessa alegria de viver o que se é, eu pude entender que: “ A vida é uma só...única e singular”...não podendo de maneira alguma sufocar o desejo natural de apenas desejar ser feliz. Encontrei neste comportamento julgado por muitos “anti-natural”, a natureza Criadora de um Deus compreensivo.
Por que julgam-me incrédulo!? Quando na verdade eu creio na existência de um Criador de todas as coisas?
Na probabilidade matemática de se encontrar um amor à 110 Km de distância de sua cidade...uma menina que lê o que escrevo, me enxergou em meio às minhas supostas “heresias”...me amou pelo que sou. Vejo na Ana Paula evangélica “sem igreja”...a assinatura do Criador.
Pensamentos subjetivos...ironías...sarcasmo...fábulas a-religiosas. Nesses complexos mas belíssimos textos de um menino auto-didata, eu aprendi a fantasiar aquilo que só os “loucos” ousam fazer. “Coloquei a palavra na altura do homem e depois coloquei o homem acima do “livro”...um presente do homem para o Criador, isso é o que é, aquele livro que o homem chama de presente do Criador para a criatura. “Na assinatura do Esdras, eu vi o Criador endossar a minha liberdade”.
Deixem-me crer que o Criador existe...mesmo que a “fé” não seja o instrumento utilizado para tal feito!
Todos nós temos riquíssimas histórias, porém, elas passam despercebidas pelos preconceituosos olhares dos passantes. Observemos então, que muitos caminham por Avenidas do seu passado, com roupas rasgadas, corações despedaçados, feridas abertas...enfim, uma histórias de segredos que fora reconstruída e tornou-se uma bela poesia...”A poesia de encontrar marcas de um Criador, mesmo em meio dores e tragédias...dúvidas e afirmações...risos e prantos...drogados...ladrões...loucos e pensadores”
Ainda acham que eu não creio em Deus?
Observem o mundo a sua volta, e vejam que só Ele poderia tê-lo criado! Mas acima de tudo: “Deixem-se ser observados pelo mundo que os rodeia e sinta que Ele também observa você...apenas não interfere.
Chamem-me de louco, mas não esqueçam que os ditos “sãos” cometeram mais loucuras contra a humanidade que os chamados “loucos”...posso até ser perigoso, mas somente para aqueles que têm medo de pensar.
Edson Moura

sábado, 1 de maio de 2010

Circular aos confraternos 2

Eu (Marcio Alves) e minha amada esposa (Sirlene)


Caros amigos e leitores deste blog, venho por meio desta, lhes informar que ficarei a partir desta data, ausente por um breve período, desta e das demais salas do pensamento, pois estarei entrando no mês das minhas férias que se inicia hoje e vai até o final deste mês.

Estarei viajando ainda hoje à noite para o estado do Mato Grosso do Sul.
Onde ficarei hospedado não tem internet, sendo que a Lan House mais próxima fica na cidade, portanto, infelizmente não poderei durante este mês nem postar aqui meus textos, assim como também, não estarei comentando nos blogs dos amigos.

Sentirei muito mesmo a ausência de todos vocês, meus grandes amigos virtuais, porém reais.

Agora deixo o “outro evangelho” em boas mãos, confiando que o meu amigo e sócio EDSON MOURA, dará brilhantemente continuidade, mas ainda sim, também, conto com a colaboração de todos os confraternos para que esta sala continue com o altíssimo nível de reflexão, sempre ajudando o EDSON, como vocês fizeram comigo quando na sua ausência, não deixando esta sala vazia.

Esperando já ansiosamente retornar a esta e as demais salas,

Marcio Alves