Aspiramos desnudados pela Verdade tal como garimpeiros na busca do ouro a peneirar, assim como também procuramos encontrar o Deus-Deus, e não o Não-Deus, nesta busca incessantemente desenfreada e alucinada, apelamos para as pseudas-verdades e as incalculáveis imagens criadas de “deus” ao longo da corrida dos anos pelas religiões existentes no mundo, que tentam decifrar não somente este mundo, mas para além dele, com a mente, mas principalmente com a alma, pois sim! Teologia não se faz com números e contas exatas tal como é na matemática, mas antes, não passam de meras construções de conjunturas especulativas embasadas nas experiências subjetivas tanto as que vão dia a dia sendo vivenciadas, como as desejadas pela voraz sede interior e intelectual de todo ser que é ser no mundo e em si.
Mas a Verdade-Verdade com V maiúsculo tal como qual não existe, e por isso deve sim, ser relativizada e constantemente re-avaliada na temporalidade e finitude da vivencia humana. A Verdade-Verdade é Deus-Deus, porém Deus-Deus não é a Verdade-Verdade, pois Deus-Verdade não passa de teologização humana que só existe no mais profundo, enganoso, cego e petrificado obscurantismo dogmático das inúmeras religiões, mas o grande e indefinido Assombro, como Deus que está para além de “deus” sendo Ele mesmo Não-Deus-Verdade humana, existe, porém é apenas uma fagulha de toda complexão e imensidão do céu estrelar ou uma partícula de uma gota em um oceano de água em todas as tentativas humanas de teologias já existentes.
Então logo na implicação do pensar honesto, precisamos constantemente nos indagar:
“Afinal de contas, como sabemos o que sabemos ser o que sabemos?”
Não há mais absolutos para minha fé, vejo olhando ao contemplar o mundo, todo esforçar descomunal humano de tentar enquadrar Deus e a Verdade em seus escopos teológicos e religiosos, quando afirmam de suas crenças como Verdades absolutas dizendo: “Eu tenho a Verdade e a fé Verdadeira no único Deus Verdadeiro, e quem quiser ser verdadeiramente salvo e encontrar Deus terá que percorrer o meu caminho, pois as demais crenças e religiões são falsas, e vão queimar no fogo do inferno quem delas não abrem mão para se arrependerem e crerem como eu creio”.
E a partir daí é originado dentro das entranhas religiosas, a grande subversão milenar das teologias, que se dá precisamente por causa do interior exteriorizado, pois ambicionamos que nossa “verdade” seja “verdadeira verdade” para os outros, e isto é um equivoco, pois a nossa “verdade” é “verdade” para nós somente, pois qualquer “verdade” tem que ter o chão da subjetividade interior individual singularizada na consciência conhecida e crida por cada indivíduo!
Deus-mesmo é um Deus além de qualquer e toda tentativa humana de encontrar, decifrar, codificar, decodificar, sistematizar e doutriná-lo, pois Ele é o totalmente outro, e a Verdade-Verdade não existe, a não ser nas mãos do grande Assombro, o que temos tanto em relação a Deus quanto a Verdade, são as nossas percepções subjetivas do encontro de nós com nós mesmos e com o universo mergulhado Nele, sendo tudo e todos, partículas do DNA do divino, podendo-se a partir daí, absorver em nossas almas os sentidos que compõe o universo de sentimentos e percepções, tendo como premissa sempre a nossa finitude humana, logo temos também a clarividência que não importa quanto tempo passe, quanta inteligência seja empreendida na compreensão Dele, serão sempre rascunhos e meros lampejos de fachos de luz em uma incomensurável e espessa escuridão noturna.
Marcio Alves