...e
num momento de estúpida lucidez...puxei
o gatilho.
Puxei
o gatilho e fiquei ali parado ouvindo o estampido do tiro ecoar pela
manhã que parecia me recriminar pela minha atitude. Enquanto a
fumaça da pólvora se dissipava e misturava-se com a neblina eu
observava trêmulo, o corpo do homem caído ao chão. Minhas mãos
sentiam o calor gerado pelo disparo, e aos poucos o cano da arma ia
esfriando, enquanto eu tomava consciência do meu ato.
O
Sol agora brilhava com mais intensidade, como se as ondas de calor
que ele projetasse em minha direção fossem uma forma de me dizer se
eu realmente estava satisfeito com meu trabalho. Uma lágrima correu
pelo meu rosto, e a certeza de que aquele crápula que ficou
estendido ao chão nunca mais cometeria adultério, me perseguiu pela
mata enquanto eu corria em direção ao meu carro.
O
sangue que escorrera de seu nariz já estava seco agora. Aos poucos
ele recobrou a consciência e levantou-se meio atordoado, sem
entender muito bem o que estava acontecendo. Fez uma rápida
verificação para ver se encontrava o buraco causado pelo
projétil... mas não encontrou nada. Foi então que olhou para uma
árvore à sua frente e viu a marca da bala.
Ele
não atirou em mim! Ele não atirou em mim! Meu Deus, mesmo vendo o
ódio estampado em seu rosto, e tendo a chance de acabar com a minha
vida sem que ninguém soubesse, ele não atirou em mim! Por quê?
Eu
chego em casa e desabo em minha cama. Uma história passa por minha
cabeça enquanto eu tento pegar no sono. Fiz bem meu trabalho. Com
certeza ele aprendeu a lição. Isto ficou claro ao ver como ele
mijou nas calças enquanto eu apontava o revólver bem no meio de
seus olhos. O susto foi tanto que ele até desmaiou... eu ri neste
momento.
Ninguém
tem o direito de tirar uma vida, isso eu aprendi como o meu mestre. O
amor incondicional, a longanimidade, a mansidão, a temperança do
Galileu nunca saíram de meu coração. Embora eu não acredite em
muitas das estórias que me contaram sobre aquele “profeta”, eu
jamais poderia negar que tudo que ele fez e a forma como lidou com a
vida...e com a própria morte, são um exemplo para as gerações que
virão.
Tenho
certeza que aquele homem vai pensar mil vezes agora, antes de dar um
passo errado. O bilhete que deixei em seu bolso contém as ordens
para o próximo passo da minha vingança. Ele terá que cumprir tudo
que eu deixei escrito. A primeira coisa a fazer é abdicar do cargo
de pastor depois de uma confissão pública de seus atos. Em seguida
terá que pedir perdão aos membros de sua igreja por tê-los
enganado por tanto tempo.
Eu
deixo bem claro que estarei vigiando-o, e se ele não completar sua
missão... não terei tanta piedade da próxima vez que nos
encontrarmos pela madrugada. Finalmente o sono que há muito tempo
havia rompido relações comigo, chegou... vou descansar um pouco
agora,deitar minha cabeça no travesseiro, sem remorso, sem culpa,
sem arrependimento afinal de contas...
A
noite foi de matar!
Edson
Moura
Marcinho,
ResponderExcluirFico feliz que no seu coração há perdão para o pastor. Seria tão maravilhoso que de uma forma menos trágica, eles fossem confrontados. Com certeza, os pastores sinceros, honestos, confessariam seus pecados e acreditariam que eles também são humanos e que ainda existem justos sobre esta terra capaz de compreendê-los, amá-los e ajudá-los a viver dignamente.
Eu já lhe falei: Você tem um coração lindo.
Beijão.
Guiomar minha querida, sempre há tempo para se perdoar.
ResponderExcluirÉ claro que o texto, embora recheado de tragédias, vem tentar mostrar que:
Nem tudo aquilo que lemos é o que parece ser.
Sempre é preciso analisar os dois lados, quando não os três, da história que nos é contada.
Eu sou apenas um espectador passivo neste "triângulo amoroso", mas, mesmo que a indignação por vezes tome formas que jamais pensaríamos que sequer poderíamos cogitar, é preciso ter paciência para aceitar o defeito dos outros.
Na verdade, a ira norediana é compreensível, do ponto de vista masculino, mas ele sabe muito bem, que a mulher adúltera é a principal culpada neste sórdida história.
O marido, assim como você bem salientou, pode muito bem (e o faz) deixá-la em brasas na cama, o que de certa forma justificaria sua atitude. Mas não seria melhor terminar este casamento e partir para uma vida sem traições?
Eu não falei que o pastor era casado né?
Também não falei que a mulher dá para o irmão do pastor, o que revela seu caráter ninfomaníaco.
enfim:
Este é um retrato de muitos casos que acontecem diariamente em muitos lares. Se realmente houvesse um vingador à solta, como o Noreda, faltaria tempo para dar conta de tantas ocorrências.
Valeu pela visita Guiomar.
Ps. Obrigado pelo "coração lindo" e por me chamar de Marcio...para mim é um orgulho ser confundido com ele.
Aqui também o pessoal pegou a tal da preguiça mental?
ResponderExcluirIsso é contagiante mesmo e eu já estou infeccionado!
Mas Noreda/Marcinho você já não tinha posto este tema no outro blog?
Olha o Marcio reclamou que eu só estou falando de um tema, mas todo mundo esta devagar, então não adianta um reclamar do outro.
Pra mim ta normal, fases são fases, e mesmo que pra você seja interessante e importante dialogar sobre um tema, pode não ser pro outro. É assim que acontece, eu mesmo me empolgo com um tema que não desperta interesse nos outros.
Mas alem de que esta preguiça mental esta me impregnando
Edson:
ResponderExcluirVocê estava inspirado. Adorei o thriller, principalmente a parte do "ter mijado nas calça". É realmente nesses momentos que se diferencia o homem do rato.
Agora uma pergunta: por que ninguém tem direito de tirar a vida alheia? Não estou brincando, não.
Considero que o ser humano faz coisas muito piores do que matar um outro, por que, então, matar é considerado o pior "pecado"? Porque faz parte da hipnose coletiva em que vivemos?
Deve ser por isto.
abraços
Por que excluíram meu comentário????!!
ResponderExcluirNão posso mais protestar o que acontece de errado aqui?!
Colaram um monte de lixo com meu nome, e por que não exclui os LIXOS ao invés de excluirem meu comentário????
Eu quero uma explicação...gente! Não sou estranha para vocês, sou???
Atena responder à sua pergunta é relativamente fácil. (eu disse relativamente)
ResponderExcluirTudo que move o homem, o move para agarrar-se à vida. Não é de se estranhar que, quando uma pessoa está submersa em água, seus pulmões queimam ao sentir a falta do oxigênio, e mesmo contra sua vontade, ele acaba por tragar tudo que estiver ao seu redor,,,seja ar ou água. É o desejo de viver.
Pois bem, por sabermos que temos esta necessidade de viver, logo, deveríamos também saber que todos à nossa volta desejam o mesmo.
Se para nós é super desagradável passar ou sequer imaginas a experiência da morte...eu pergunto?
Que direito temos de tirar a vida?
A importância que ela tem para a gente...também tem para um assassino, padre, estuprador, presidente, adultero ou qualquer outro ser que faça parte dessa unidade-humana...mas conhecida como humanidade.
Valeu mais uma vez pela visita minha amiga.
Abraços!
Paulinha, mas que ira é essa?
ResponderExcluirQuem foi que excluiu seu comentário?
Por favor nos explique o que está acontecendo!
Estou aguardando.
Abraços!
Edson...
ResponderExcluirVocê excluiu meu comentário??? pela segunda vez consecutiva o que eu escrevo aqui foi excluído hoje!
Não vou mais perder meu tempo...pega no teu e-mail todos os meus comentários e cola aqui, pra gente continuar o assunto!
Espero este ato de honestidade...
kkkkkkkkkkkkkkkOi Edson, perdão pela troca.
ResponderExcluirComentei sobre o pastor por causa do contexto em que vivemos sobre a classe. Uma grande maioria deles com seus procedimentos fariseu, tem provocado revolta em muita gente.
" Mas não seria melhor terminar este casamento e partir para uma vida sem traições?"
Concordo plenamente. Traição ao meu ver, seja qual for a vertente, evidencia problema sério de caráter.
"Eu não falei que o pastor era casado né?
Também não falei que a mulher dá para o irmão do pastor, o que revela seu caráter ninfomaníaco."
Nuuuuuuuuuuu Isto já chega as raias da promiscuidade. É uma questão de mente...
Abraço amigo.
Edson;
ResponderExcluirQue bom que me respondeu.
Concordo com você que o ser humano se agarra à vida com unhas e dentes.Só que se agarra à vida do corpo físico, acreditando que este invólucro que nos reveste seja a vida.
Sempre me recusei a ir a velórios e enterros porque acho rituais de extremo mau gosto, mas na década de 90 fui "obrigada" a ir no enterro de um querido amigo. Eu nunca tinha visto gente morta e ao olhá-lo, dentro do caixão, ficou muito claro para mim que aquilo ali não era o meu amigo, era um boneco de carne. Nesse momento tive comprovação de que a vida é outra coisa, não o corpo.
O que é? É, por enquanto, um mistério lindo e tenho certeza: a vida é eterna.
Daí a minha pergunta.
grande abraço