O artigo que aqui apresentamos é um estudo da obra "A História da Vida Privada", em 5 volumes, dos historiadores Paul Veyne (volume 1), Georges Duby (volumes 2 e 4), Philippe Ariès (volumes 3 e 4), Roger Charier (volume3), Gerard Vincent (volume 5) e Antoine Prost (volume 5).
Cada livro refere-se a vários aspectos de uma época específica. Concentramo-nos acerca do debate sobre a nudez, em seus aspectos de privacidade, intimidade e sociabilidade. Durante a história houve distintas maneiras de tratar essa questão. Tentamos, assim, fundir a argumentação sob este motivo de maneira simples e didática.
Da Primeira Guerra aos dias atuais
A rebelião do corpo certamente constitui um dos aspectos mais importantes da vida. Com efeito, ela modifica a relação do indivíduo consigo mesmo e com os outros. A novidade no final do século XX são as atividades físicas: surgiram para o culto ao corpo, pela aparência, bem-estar e realização. "Sentir-se bem na própria pele" se torna um ideal.
O espelho surge (e não é uma invenção novecentista, mas sua banalização e a forma de usá-lo são próprias desse século): a pessoa não se olha mais no espelho com o olhar de outro, ela se olha de uma maneira que, de modo geral, ninguém está autorizado a fazer: sem maquilagem, sem roupa, totalmente nua. Assim, as manifestações narcisistas do banheiro são percorridas por sonhos e lembranças. Cuidar do corpo é prepará-lo para ser mostrado.
A roupa se torna funcional, prática e confortável, mesmo contra os costumes, passa a valorizar o corpo e deixar adivinhar suas formas, realçando-as e, por vezes, revelando-as. Exibe o bronzeado, a pele lisa e firme, a flexibilidade. Aliás, mostra-se cada vez mais o corpo: cada etapa desse desnudamento parcial começa provocando certo escândalo, depois se difundi rapidamente e acaba se impondo, pelo menos entre os jovens, aumentando a distância entre gerações.
É o caso da mini-saia nos meados dos anos 60 ou 70, depois do mono-biquíni nas praias, mostrar os seios e as coxas deixa de ser indecente. Nas cidades, durante o verão, vêem-se homens de bermuda, camisa aberta, mostrando o tronco nu. O corpo não é apenas assumido e reabilitado: é reinvindicado e exposto à visão de todos.
Para as normas do entreguerras, o avanço do nu é o avanço da indecência, no mínimo da provocação. Para a nova norma, é o contrário, uma coisa muito natural, uma nova maneira de habitar o próprio corpo. Prova disso é o fato que o nu avança não só nos lugares públicos, mas, também, no universo doméstico.
As famílias no verão sentam a mesa em trajes de banho. Os pais vão e voltam do banheiro para o quarto nus, sem se esconder dos filhos. É difícil saber até que ponto essas práticas prevalecem, o que certamente depende dos meios e das gerações. Mas sua mera possibilidade mostra que não se trata de depravação, e sim de uma mudança de normas.
De fato, o corpo se tornou o lugar da identidade pessoal. Sentir vergonha do próprio corpo é sentir vergonha de si mesmo.
Extensa e detalhada análise do cotidiano ao longo da História universal. Uma obra enciclopédica que, por sua abrangência, seriedade e funcionalidade, tornou-se um best-seller tanto junto ao público leigo como ao especializado.
Prefaciado pelo historiador francês Georges Duby, que dirige a coleção ao lado de Philippe Ariès, este primeiro volume cobre um período de cerca de oito séculos, do declínio do Império Romano à Alta Idade Média ocidental e à Bizâncio dos séculos X e XI.O livro reúne ensaios que examinam a vida cotidiana de cidadãos e escravos, senhores e servos – sua sexualidade, o casamento, a família, as diversas formas de moradia, as atitudes religiosas e as práticas funerárias -, compondo um quadro dos comportamentos individuais e sociais no período abordado.
Autor: Philippe Ariès e Georges Duby
Número de páginas: 3212
Acabamento: Brochura
Volumes: 5
Editora: Companhia das Letras
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