Por Edson Moura
Amigos de infância são os melhores, pois a amizade não está vinculada a valores, mas sim, a afeição, e é por isso que duram para sempre. Mesmo depois de décadas separados, os amigos não deixam de pensar um no outro com saudades de quando eram apenas meninos ingênuos que fariam tudo para brincar um pouco mais.
Amor de juventude será sempre eterno, pois ao se entregarem, só visavam o prazer de estar sempre ao lado um do outro. A paixão que transformou o infante em jovem, nunca será esquecida, e mesmo que ambos cresçam e casem-se com outras pessoas, seus corações baterão forte novamente ao ver a pessoa que lhe mostrou o amor. Não adianta lutar, é bobagem tentar esquecer, é mentira dizer que não sente falta, é ilusão achar que se está feliz sem seu grande amor de juventude.
Assim também são os medos de infância. Ele nos persegue até o fim da vida. Psicólogos até podem amenizar o problema, e dizerem que estão tratando, mas o que eles estão fazendo é apenas "ensinando" como conviver com os medos de menino. Alguns dizem estar bem, mas quando a luz se apaga e ele se vêem sozinhos no quarto escuro, a única ação que lhes vem à cabeça é esconderem-se embaixo do cobertor e encolher os pés para que a brisa fria da noite não o faça urinar nas calças ao entrar suavemente pela janela entreaberta.
O sonho da juventude pode se tornar seu maior pesadelo, pois enquanto você não alcançá-lo, não será plenamernte feliz, mas se depois de uma vida inteira lutando, você conseguir realizá-lo, tudo perderá o sentido, e o desejo que lhe impulsionava adiante na vida, será substituído pelo vazio de já possuir seu sonho. Uma das tragédias do homem é não alcançar seu sonho, pois lhe causa frustração. A outra tragédia é justamente alcançá-lo, pois lhe roubará a vontade de sonhar.
Somos seres que nos prendemos ao passado. Passado este que será sempre presente e nos conduzirá ao futuro. É na infância e juventude que descobrimos o prazer de ter um "melhor amigo", de amar uma garota e querer viver com ela para sempre, de descobrir que o futuro do mundo depende de você e não devemos deixar um mundo melhor para nossos filhos, mas sim filhos melhores para nosso mundo.
Que saudades que tenho da minha juventude. Que vontade de abraçar meu melhor amigo e dizer que o amo sem medo de ser considerado "bichinha". Como gostaria de ter vivido para sempre com meu primeiro amor, e poder rememorar com ela os tempos de escola, quando nós cabulávamos aula para namorar no jardim...quanta saudade.
Edson Moura
Concordo com você ao dizer que as experiências inocentes do passado são inesquecíveis, mas discordo que vivemos disso e que jamais alcançaremos emoção equivalente. Cada fase, cada momento tem sua emoção, tem algo para nos oferecer. Lembranças boas ou ruins, são apenas arquivos que temos para arrancar um riso ou um choro num momento em que precisamos evocar esta emoção, ou ainda, recordar uma lição aprendida. Jamais são motivo para ficarmos estagnados naquilo que pudemos viver intensamente. Podemos viver intensamente sempre. Não somos como cães, que se condicionam através das experiências. Podemos racionalizar e viver repetidas vezes a mesma coisa, até acertarmos, sempre consertando aquilo que fazemos errado. E é essa a beleza da nossa existência, podemos mudar o tempo inteiro e nos tornarmos preparados para novas experiências na vida.
ResponderExcluirCaro Noreda
ResponderExcluir"Que saudades que tenho da minha juventude" (Edson)
Seu inspirado artigo evocou em mim o meu passado longínquo (trechos de minhas reminiscências publicadas no “Ensaios & Prosas” em julho de 2008)
QUE PENA não poder mais ter a despreocupação da primeira juventude, cujo tempo eu não sentia escoar pela estrada plácida dos anos.
QUE PENA não poder mais assistir ao entardecer na minha antiga rua, e ver a meninada retornando das escolas com seus blusões “caqui” de botões dourados refletindo os tênues raios de um sol mortiço descendo lentamente atrás das serras.
QUE PENA não poder mais ver os velhos com seus rostos imóveis nas janelas, com os olhos a vagar pela rua semi-deserta, como se estivessem antegozando diante de si um tempo infinito e sem angústias.
QUE PENA não poder mais ouvir o rangido da porta do quarto, na época do inverno, nem escutar o barulho da goteira próxima à cama, salpicando frias e prazerosas gotículas no meu rosto descoberto.
QUE PENA não poder mais rever a Filarmônica executando belos dobrados, valsas e chorinhos, nas noites enluaradas de Sábado, lá no velho coreto na Praça da Matriz, em minha cidade.
QUE PENA não poder mais jogar as eletrizantes peladas no chão batido de minha rua, nem poder sentir os pedregulhos e cascalhos pressionando os meus frágeis pés descalços.
QUE PENA não poder mais caçar de baleeira pelas matas, nos arredores da cidade, tendo atravessado no peito um bornal cheio de seixos, para atirar nas rolinhas que apareciam a minha frente.
QUE PENA não poder mais ver as fantasmagorias que surgiam no quarto, antes de dormir, produzidas pelos raios bruxuleantes da luz de um candeeiro de querosene pendurado na parede.
Leví, que belo poema. Fez-me já ter saudade dos tempos que não chegaram ainda, pois para mim, as lembranças ainda são muito recentes...parece que foi ontem.
ResponderExcluirAbraços amigão, espero um dia poder escrever um poema relatando a saudade das madrugadas frias em Sâo Paulo, onde eu passava um bom tempo lendo e relendo os comentários de um amigo chamado Leví Bronzeado madrugada adentro.
Realmente, as lembranças da juventude nos causam certa nostalgia... Acredito que podemos amar intensamente (até mais que na juventude) na vida adulta, mas as várias experiências acumuladas nos tornam mais ponderados quanto à demonstração do que realmente sentimos. Isso também é válido para as amizades de infância, como você mesmo disse: “Que vontade de abraçar meu melhor amigo e dizer que o amo sem medo de ser considerado "bichinha".”.
ResponderExcluiredson, que pena, mas hoje não tenho mais notícia de nenhum amigo meu de infância. meu pai, por ser militar, se mudou tanto de estado que fui perdendo meus amigos de infância. esse é um trauma que eu preciso tratar com o psicanalista levi...rssss
ResponderExcluirEduardo, embora você não possa rever seus amigos de infância (e talvez até possa), o importante é que certamente alguns deles estão guardados no fundo de seu coração. São lembranças agradáveis de um tempo que se foi, mas eles estão aí.
ResponderExcluirAbraços capitão.
Ps. desculpe minha ausência pela Confraria, é que acabei de receber uma promoção no trabalho e o tempo livre se tornou artigo de luxo para mim.
Marionete Sagaz, valeu pela visita. Você sabia que o Marcio, o outro escritor deste blog, é o meu amigo de infância/juventude?
ResponderExcluirO que acontece agora que somos adultos, e com um certo conhecimento da vida, é que nos tornamos muito desconfiados, e sempre achamos que as pessoas se aproximam da gente com um interesse escuso.
Por isso digo que as amizades juvenis são as mais importante, pois quando nos conhecemos, não havia muita coisa para se subtrair da relação...apenas a amizade.
Abraços!
Thais, talvez eu não tenha me expressado direito. É claro que viveremos emoções, iguais ou maiores que as do passado, mas quando se trata de um grande amor de infância ou da juventude, não podemos esquecer.
ResponderExcluirSomos perseguidos pelas lembranças e por mais que tentemos amar a pessoa atual, o lugar do grande amor estará sempre reservado. É claro, nós não podemos dizer isto à pessoa com quem estamos hoje, pois a ofenderia. O que podemos fazer é conviver com alguns senttimentos e pensamentos que são apenas nossos.
Abraços linda!