Sinopse do Livro:
Na Prússia conquistada pelos franceses, o jugo da mão de Napoleão Bonaparte impõe medo e repressão na população. Nesse cenário, o renomado magistrado Hanno Stiffenis é intimado a acompanhar alguns soldados franceses que inesperadamente batem a sua porta. De imediato o procurador pensa o pior: era de conhecimento de todos que muitas dessas visitas resultaram no desaparecimento sem explicação de várias pessoas por serem consideradas opositoras aos estrangeiros.
Hanno era conhecido pela sua proximidade com um dos maiores personagens do país, o filósofo Immanuel Kant, que lhe ajudou a solucionar uma série de assassinatos na capital Könisberg.
Seria possível que aquela amizade o levaria à prisão ou pior, a morte?
No livro Dias de Perdão, segundo volume da série que apresenta Hanno Stiffenis como um detetive de casos misteriosos, o autor Michael Gregorio continua compondo um ótimo romance histórico misturando com maestria mistério e investigação, como Arthur Conan Doyle fez com o seu Sherlock Holmes. No primeiro livro, Crítica da Razão Criminosa, Stiffenis e o célebre pensador Kant se unem para desvendar uma série de assassinatos sem explicação.
Agora no recém-lançado Dias de Perdão aborda a Prùssia conquistada por Bonaparte em 1807 e os temores de muitos dos seus habitantes. Hanno, contudo descobre aliviado que a convocação foi feita pelo coronel do exército Francês Serge Lavedrine, para desvendar um novo caso: solucionar o assassinato de três crianças, encontradas mutiladas em uma casa afastada da cidade de Lotingen e o desaparecimento de sua mãe. Laverdrine, um criminologista muito interessado nas palavras e estudos que Kant deixou sobre a natureza do crime, queria ver como Hanno sairia na investigação sob a pressão do governo da Prússia, de alguns rebeldes, do próprio invasor francês e do anti-semitismo vigente na época.
Michael Gregorio, ou melhor a dupla Michael G. Jacob e Daniela De Gregorio recriam com bastante atenção no cenário histórico um thriller que seguirá o sucesso do livro anterior. A paisagem sombria das florestas e das cidades congeladas durante o inverno de 1807 é retratada com vigor, além de também abordar com uma pena hábil temas como o crescente nacionalismo, o anti-semitismo, a emancipação judia e a emergência das ciências, tudo isso, entrelaçado com a investigação que Hanno e Lavedrine fazem para o mistério da morte das crianças.
Hanno irá procurá Bruno Gottewald, o pai dos garotos, deixando com muito receio sua esposa e seus dois filhos, ante o ambiente terrível que sua cidade passava. Bruno, está servindo o exército da Prússia numa fortaleza bem afastada, comandada pelo fanático general nacionalista Katowice. No local, descobre que o major foi assassinado misteriosamente em um exercício de treino.
Em seu retorno à Lotingen, um cadáver de uma mulher é encontrado esmagado em um armazém, Hanno logo descobre que é a esposa do major morto e o mistério aumenta, em poucas semanas, uma família prussiana foi eliminada. O que estaria acontecendo? Seria um ato francês para aumentar seu poder? Ou seria a culpa dos judeus? Ou ainda, uma trágica coincidência? Narrado em primeira pessoa, pelo protagonista da narrativa, Dias de perdão segue e desenvoltura do primeiro, mergulhando o leitor no ambiente da época, com as problemáticas da população, de seus governantes e dos invasores estrangeiros.
Uma leitura envolvente do início ao fim, o "autor" cria mais uma vez a atmosfera histórica em conjunto com a exploração de técnicas de investigação criminal para montar um ótimo romance histórico.
Edson Moura
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