Por: Marcio Alves
Será mesmo que agimos só pela vontade e/ou razão? (“fiz porque gosto ou porque quero”) Quando uma pessoa diz que gosta mais de um tipo de comida do que de outra, de um lugar do que de outro, ou de uma pessoa mais, ou menos, que de outra, ou qualquer outra coisa é “porque gosta” e ponto final? E no caso de ter aversão, de não fazer ou ter determinado comportamento, é porque simplesmente decidiu?
O que esta realmente por trás de todo comportamento humano? Será que somos livres para fazer/ter o comportamento que desejarmos?
Primeiramente, antes de respondermos estas perguntas e todas as outras que derivam delas, temos que buscar compreender o que é o comportamento propriamente dito, aqui nesta postagem.
Segundo a visão da analise experimental do comportamento, “a relação entre atividades do organismo com os eventos ambientais, são chamadas de comportamento” (Skinner).
Portanto, todo comportamento é invariavelmente uma determinada resposta a posteriori a um determinado estimulo ambiental a priori, podendo ser reforçado, positiva ou negativamente, pelas conseqüências do decorrer de um comportamento, que possibilitará sua ocorrência (ou não) futura.
Trocando em miúdos, não há ninguém que nasça com a “síndrome de Gabriela” – eu nasci assim, sou assim e vou morrer assim – pois nosso comportamento é mutável, e, está constantemente transformando o mundo a nossa volta, como sendo transformado pela transformação do nosso comportamento, numa interação viva de organismo com o ambiente, a onde o sujeito não é um ser passivo e a parte de sua transformação, mas participante e ativo na construção de sua realidade, ainda que “inconscientemente” ou “desconhecidamente”.
O que significa dizer, que podemos tanto reforçar um comportamento, para que ele em situações semelhantes, vivenciando estímulos semelhantes, tenha respostas generalizadas, como também, extinguir comportamentos, fazendo com que as respostas venham diminuir futuramente.
Por isto é que o comportamento humano é condicionado por n fatores e estímulos sociais, psicológicos e fisiológicos, onde devemos descobrir o que esta reforçando a ocorrência de um determinado comportamento, para que assim possamos trabalhar em nós, a mudança, caso necessário, do comportamento, chegando assim num processo de extinção da resposta, começando com a diminuição até o cessar da resposta.
Agora, respondendo a pergunta que fizemos no começo do texto, não escolhemos ou decidimos ter ou/e fazer um determinado comportamento porque simplesmente escolhemos ou queremos, porque afinal somos “livres”, mas sim, pela “determinação” dos estímulos tanto antecedentes – que antecede a resposta – como, pelos estímulos conseqüentes – que são as conseqüências da resposta.
Exemplificando: “O crente “A” tradicional, porque quer escapar do inferno (estimulo antecedente) vai para a igreja (resposta), e também, porque com isto, ele consegue manter seu lugarzinho reservado no céu (estimulo conseqüente).
Já o crente “B” neo-pentecostal, ao querer ser bem de vida e ter uma ajudinha do “todo poderoso” (estimulo antecedente), não se contenta em ir somente para a igreja, ele tem que sempre dar dízimos e ofertas (resposta) para conseguir comprar o “todo poderoso”, e no menor sinal de uma situação de melhora, considerado “normal” pelo cético, é visto como prova da benção de deus sobre sua vida (estimulo conseqüente)”
Tanto nos dois casos acima, o que ambos crentes tiveram (estimulo) para ir á igreja, ou “ser” (melhor é o termo “estar”) crente (resposta ou comportamento) foi o interesse, mas o grande reforçador foi justamente a conseqüência de “estar” crente naquele momento.
Caso ambos crentes conversassem com um cético, que através de argumentos conseguisse “provar” que o inferno e céu não existem para o crente “A”, e que, conseguir melhoras na vida são para todos, inclusive ateus, para o crente “B”, possivelmente ambos os crentes não teriam mais o comportamento de estarem sendo crentes.
“O que aconteceu, para a resposta ser extinta?” Simples. Os estímulos antecedentes e conseqüentes que aliciam e reforçam todo comportamento humano, foi suspenso, e com isto também o comportamento.
O que quer dizer é que por mais subjetividade singular (ontogenetica) tenha cada ser humano, nós todos somos muito mais parecidos (filogenética e sócio-cultural) do que diferentes, e, por isto mesmo, somos tão previsíveis.
Por isto que para se conhecer e/ou controlar um determinado comportamento, o primeiro grande passo é conhecer os estímulos que estão aliciando aquele comportamento.
Diante disto tudo então, a grande pergunta não é “Qual é ou tem sido o seu comportamento?”, mas, antes “Quais são os estímulos antecedentes e conseqüentes do seu comportamento?”.
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