Postado por Edson Moura
Chore comigo. Precisamos nos juntar e reverter o que disfarça os
processos que conspiram contra a vida. Vivemos em um mundo alheio, frio,
indiferente. Para não ficarmos cara a cara com a morte lenta do
planeta, das famílias, das pessoas, criamos palavras, conceitos e
lógicas; meros anteparos para nosso desdém. Quando convém somos
piedosos, outras vezes, inclementes. Mas, sempre em busca de
justificativas.
Chore comigo. Fazemos tudo para impedir que alardeiem, em cima dos
telhados, uma verdade cruel: somos fugitivos. Fugimos, sim, de admitir a
nossa indiferença. Procuramos dar um ar de intelectualidade ao nosso
distanciamento. Como somos rigorosos em nossas análises, desde que não
precisemos sujar colarinhos bem engomados e punhos abotoados.
Discussões intermináveis camuflam nossa complacência. Raiva, muxoxo,
zelo, zanga, tudo para preservar-nos nas zonas de conforto.
Chore comigo. Andam bombardeando as salas de diálogo. “Cala a boca
que eu tenho a razão…”, é o que mais se ouve. Somos previsíveis em nossa
intolerância; donos de uma razão vaidosa. E não conseguimos esconder os
sintomas dessa tosca onipotência. Nosso monólogo é afetado, o discurso,
rancoroso, e o ponto de vista, intolerante. Conversar virou um
exercício penoso. Odiamos sem conhecer, desmerecemos sem ouvir.
Cortamos, machucamos. E mal notamos a volta do bumerangue. Quantas
feridas! Um mundo onde se retribui ódio com ódio, desprezo com desprezo,
frieza com frieza, merece ser chamado de inferno.
Chore comigo. Até esgotarmos nosso paiol de autodefesa, nunca
experimentaremos uma nesga de liberdade. Enquanto projetarmos no outro o
motivo de nossa pequenez, precisaremos nos especializar em diminuir os
demais. Icemos bandeiras brancas antes que se torne necessário
contemplá-las a meio pau.
Chore comigo. Acolhamos amorosamente a falibilidade humana. Sejamos
compreensivos com nossas inadequações. Lembremo-nos: cada um foi criado
do pó. Baixemos a guarda. Deponhamos os escudos. Algumas de nossas
feridas ainda não cicatrizaram. Celebremos as dores comuns de mãos
dadas.
Chore comigo. Gritemos chega. Já não resta tempo para semear
desesperança. Se não podemos conviver no mesmo espaço, cedamos. Quem
dará um passo para trás? O outro merece respirar. Que nosso discurso se
manifeste pelo entendimento que limpezas étnicas, propostas eugênicas e
ambições totalitárias só produziram carnificinas. Assim como a
humanidade acabou com a paralisia infantil, vamos acabar com valas
comuns, salas de torturas, movimentos persecutórios. Homossexuais,
ciganos, deficientes físicos, negros, pobres ou quaisquer outras
minorias (pobres, minorias?) merecem viver com a mesma dignidade que
todos.
Chore comigo. Parir outro mundo nunca será indolor. Não tenhamos
nosso conforto por precioso. Encarnar a regra de ouro custa caro: “Faça
com o outro o que você gostaria que fizessem com você”. Caminhar uma
segunda milha ao lado de gente que discordamos requer grandeza. Querer
salvar a vida do proscrito antes da sua exige verdadeiro amor.
Transformar o substantivo abstrato amor no verbo transitivo amar
diviniza.
“Bem aventurados os que choram, pois serão consolados” Mateus 5.4.
Fonte: Pastor Ricardo Gondim
Lindooo!!
ResponderExcluirObrigado!
ResponderExcluirExistem milhares chorando, mas ainda somos uma gota d'água turva neste imenso mar...
ResponderExcluirQuase perdi o folego.
Pois é Gui, pastores como Ricardo Gondim aina me fazem repensar se o mundo não precisa de seres humanos assim.
ResponderExcluirRicardo Gondim - dissecando o ser humano sem anestesia. Choremos todos...
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