sábado, 27 de julho de 2013

“Verdades que não ouso dizer”



                                            

Verdades que não ouso dizer”


Joana, uma mulher linda, corpo perfeito, olhos penetrantes e sensuais. quem diga que ela preenchia todos os quesitos exigidos por Noreda. Casaram-se viveram com intensidade este casamento por 18 anos. Noreda era feliz, e Joana dizia que o amava praticamente todos os dias. Mas, um dia qualquer, que posteriormente seria chamado de “fatídico dia”, Joana estava cozinhando quando algo aconteceu, e chamas foram vistas por Noreda, que estava na sala lendo uma revista qualquer.
Correu até o cômodo e presenciou sua esposa totalmente em chamas da cintura para cima. Em desespero abraçou-se a ela e conseguiu extinguir as chamas que já haviam feito um grande estrago em seu belo rosto e seios. Noreda também sofreu queimaduras nos braços e rosto, mas não tão severas quanto às de Joana.
Cinco meses em coma em um hospital, entre melhoras e pioras, e todos os dias Noreda esteve ali, ao lado de sua esposa, segurando em sua mão, dizendo coisas bonitas, e às vezes eróticas em seu ouvido, pois sabia que ela podia ouvir, e que gostava daquilo. Certo dia, já exausto de ficar o tempo todo sentado em uma cadeira ao lado da mulher, Noreda resolveu deitar-se num dos quartos ao lado do de Joana, mas, antes de sair, pediu à enfermeira que estava de plantão, que o chama-se caso Joana acordasse.
Por volta de 6 da manhã Joana acorda, e como sempre foi muito vaidosa, pediu imediatamente um espelho para verificar o estado de seu rosto. Ficou horrorizada com o que viu. O fogo destruiu todo seu couro cabeludo, deformou sua face, seus lábios foram submetidos a várias cirurgias, mas, ainda assim, estava horrível. Um de seus seios precisou ser tirado, e uma grande cicatriz tomou o lugar do que antes era o mais importante dos adereços femininos. Chorando dizia que estava acabada, que ninguém mais olharia pra ela sem sentir nojo ou pena, e que até seu marido já a havia abandonado. A enfermeira interveio dizendo que não, que seu marido estava no quarto ao lado, e que foi a única vez que ele dormiu longe dela desde que o acidente a deixou em coma.
Joana saiu pelos corredores, e a cada pessoa que encontrava, notava a expressão de pavor que faziam ao vê-la, sentiu-se um lixo. Ao entrar no quarto onde Noreda repousava, o viu de óculos escuros e com uma cicatriz também no rosto. Ela chamou seu nome e Noreda acordou, e tateando chegou até a esposa, e a abraçou, e falou que a amava, e que estava feliz por ela ter acordado.
Mas Joana perguntou o porquê dos óculos escuros. Então Noreda respondeu que ao tentar apagar o fogo, seus olhos foram queimados e ficara totalmente cego. Noreda disse que Deus faz as coisas certas à sua maneira, e que havia um propósito para que ele tivesse ficado cego. Joana sabia exatamente qual era este propósito.
Foram para casa e viveram felizes por mais vinte anos. Ele dizia que ela era linda, ela ria dizendo que ele era cego e, portanto não tinha como saber. Faziam amor quase todos os dias, e tudo corria muito bem. Até que Noreda descobriu que havia desenvolvido um câncer no pulmão, lhe restando apenas dois meses de vida. Passado este período, Noreda então morreu.
Noreda era doador um universal de órgãos. Depois de alguns meses, uma mulher toca a companhia na casa de Joana. A mulher se apresenta como Sofia e diz que veio apenas para agradecer a família do doador que proporcionou ao seu filho uma nova vida. Joana se emocionou ao saber que uma parte de seu esposo ainda vivia em outra pessoa. Tomaram um café, contaram algumas histórias engraçadas sobre como o Noreda gostava de manipular as pessoas, e se dizia um mestre na arte da mentira. Ele sempre dizia que algumas mentiras nos mantém amigos, e outras mentiras podem deixar as pessoas mais felizes.
Ao se despedirem, Joana, curiosa perguntou:
Qual foi o órgão que seu filhinho recebeu?
A mulher, com lágrimas nos olhos, respondeu:
As córneas! E meu filho hoje só pode ver o mundo graças ao seu marido. Muito obrigada.
Moral da história, para quem não entendeu. Às vezes, precisamos fingir que não ouvimos para não nos metermos em confusões e discussões desnecessárias. Já outras vezes, precisamos nos fingir de cegos, para vivermos felizes com uma pessoa que não suportaria que víssemos as coisas feias que carregam por dentro... ou por fora. Nessas horas o amor fala muito mais alto.


Edson Moura.


2 comentários:

  1. GRANDE AMIGO EDSON;

    SEMPRE TE ADMIREI E CONFESSO QUE EM ALGUMAS VEZES QUE ESCREVO ME PREOCUPO COM SUA OPINIÃO, PELA QUAL CONSIDERO MUITO IMPORTANTE, AINDA MAIS QUANDO SOUBE QUE O NOREDA LIA TODAS AS MINHAS POSTAGENS.

    EM FIM, MESMO NA DISTÂNCIA SEMPRE IREI TE PRESTIGIAR.

    PARABÉNS PELA SUA POSTAGEM.

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  2. "O amor tem feitos coisas
    que até mesmo Deus duvida.."

    (Canta Ivan Lins)

    bela história.

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