O que é
psicologia? Do que e como ela estuda? O que é propriamente um psicólogo clinico
e qual é o seu campo de atuação? Essas e outras perguntas que vamos tentar
responder a partir de agora, e, isto de uma forma bem breve e objetiva.
Segundo a doutora em psicologia clinica pela PUC/SP, Moraes
(2003 p. 61) que buscou responder a primeira pergunta proposta: “o que é a
psicologia?”, embasada principalmente em Foucault e Wundt, trouxe duas
definições: A primeira derivada de Foucault é de que “(...) os impasses e
contradições encontrados pela psicologia para definir-se como ciência devem ser
tomados não como equívocos a serem superados, mas como positividades, como
aquilo mesmo de que é feita a psicologia” (MORAES, 2003 p. 61), ou seja, não obstante a dificuldade de se definir o que é a
psicologia, pois há inúmeras definições, há ainda, a problemática das
contradições e erros próprios dos seres humanos, pois o objeto de estudo de que
se vai ocupar a psicologia é justamente o homem.
Ser este que é marcado por um universo complexo,
contraditório, ambíguo e subjetivo. Daí surgirem tantas teorias e vertentes dentro dessas mesmas
teorias para tentar compreender e explicar o homem.
Então o objeto de estudo da psicologia é o homem. O problema
básico deste objeto de estudo é sua complexidade e diversidade, e, portanto da
impossibilidade de se exaurir todo conhecimento acerca deste objeto, se
chegando a uma conclusão final, única e absoluta, como apontam em seus estudos
Barros e Holanda (2007).
A segunda definição para “o que é a psicologia?”, ainda
segundo Moraes, é encontrada em Wunt que “(....) definiu a psicologia como
ciência intermediária, isto é, uma disciplina entre outras disciplinas”. (MORAES,
2003, p. 61) Isto não significa dizer apenas que a psicologia seja mais
uma disciplina entre tantas outras disciplinas (embora ela seja), mas que ela é
justamente marcada pelas relações com outros saberes científicos, como a
biologia e a sociologia, por exemplo.
Sendo assim, a psicologia não pode ser apenas definida e
limitada como estudo da mente, ou estudo do comportamento, embora alguns
autores tenham definido assim, porque ela é muito abrangente e ilimitada. Sendo
reduzida a apenas uma dentre tantas teorias, acaba por se torna empobrecida e
apequenada.
Uma maneira de definir a psicologia, segundo Todorov, é como
estudo de interações de organismo-ambiente, e neste sentido ele escreve
dizendo:
“As interações organismo-ambiente têm, historicamente, caracterizado
áreas da Psicologia, dependendo de quais subclasses de interações são consideradas.
Ainda que uma divisão do meio ambiente em externo (o mundo-fora-da-pele) e
interno (o mundo-dentro-da-pele) seja artificial, pois não tem que haver
necessariamente dicotomia, a Psicologia evoluiu até o presente com áreas mais
ou menos independentes especializadas em interações principalmente envolvendo o
meio ambiente externo (psicofísica, por exemplo) ou com ênfase exclusiva no
meio ambiente interno (abordagens psicodinâmicas da personalidade, por exemplo)”.
(TODOROV, 2007 p. 58)
Então a psicologia com sua diversidade de teorias, são na
maioria das vezes fragmentada, buscando entender aspectos das partes que compõe
um todo do ser humano, mas que não podem cair no erro de se limitarem dando
ênfase exclusiva a apenas uma destas partes, se esquecendo do todo.
Dentre os vários campos possíveis de atuação do psicólogo,
está a clinica que é “(....) o estudo cientifico e de aplicação da psicologia
para fins de compreensão, prevenção e alivio psicológico (.....) para promover
o bem estar subjetivo e desenvolvimento pessoal”. (REDEPSICOLOGIA.COM, 2008)
Ela se inicia com um estudante de Wundt, chamado Lightner
Witmer (1867-1956) quando o mesmo resolveu tratar um rapaz que tinha problemas
com a ortografia. Este primeiro caso foi à mola propulsora para ele abrir uma
clinica para dar continuidade ao trabalho de ajudar crianças com dificuldade de
aprendizado.
Foi nesta época que Witmer criou o termo “psicologia clinica”
que ele definia como um trabalho de observação e experimentação empírica com o
objetivo de causar mudança. (REDEPSICOLOGIA.COM,
2008)
Todo psicólogo clinico antes de atuar, precisa sempre avaliar
o contexto e a natureza dos problemas, como também a situação a qual está
inserido seu paciente, como; idade, tipo de personalidade, ambiente e cultura,
inclusive também a motivação e duração da terapia e analise clinico.
Um dos problemas no inicio da carreira do psicólogo clinico é
o que a psicóloga Tavora chama de “reconhecimento do eu”, que consiste
basicamente na super-atenção dispensada do psicólogo consigo mesmo, ou seja, o
psicólogo fica tão preocupado em saber se esta ou não se saindo bem, se sua
postura de ouvir e até mesmo de falar estão corretas, que a atenção dada ao seu
paciente fica comprometida. (TAVORA, 2002 p.7)
REFERENCIAS:
BARROS, F.
de; HOLANDA, A. O aconselhamento psicológico e as possibilidades de uma (nova)
clínica psicológica. Revista da
Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. 13, n. 1, p.1-22, jun. 2007. Disponível
em:
.
Acesso em: 10 mar. 2011.
MORAES, M. Revista de Psicologia Unc: o que é a
psicologia?, Niterói, v. 1, n. 2, p.59-63, 25 fev. 2003. Disponível em:
. Acesso em:
10 mar. 2011.
REDEPSICOLOGIA
(Org.). Psicologia clinica. Portal Rede
Psicologia, São Paulo, n. , p.1-9, 08 jun. 2008. Disponível em: .
Acesso em: 13 mar. 2011.
TAVORA, M.
T. Um modelo de supervisão clinica na formação do estudante de psicologia: A
experiência da ufc. Psicologia em Estudo,
Maringá, v. 7, n. 1, p.1-13, jun. 2002. Disponível em: .
Acesso em: 12 mar. 2011.
TODOROV, J.
C. A Psicologia como o Estudo de Interações. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 23, n. , p.57-61, 2007.
Disponível em: . Acesso em:
12 mar. 2011.
Lendo o seu texto, fico a pensar. Os debates sobre Psicologia nos meios acadêmicos parecem lindos, mas, na prática, quando o profissional começa a clinicar no SUS, submetendo-se a más condições de trabalho sendo mal pago, suponho que haja um desencantamento por parte do neófito. Não deve ser nada fácil conhecer cada caso tendo um batalhão de gente para atender, pacientes que faltam, outros tantos na fila de espera, as paralisações em virtude de obras, greves, feriados, etc. Aí umas das soluções dos gestores do sistema de saúde mental é incentivar a psicoterapia de grupo, no lugar da individual em que a avaliação do paciente pela restrição do tempo pode acabar ficando de alguma maneira comprometida. Só que pela situação caótica em que se encontra o SUS, talvez a ansiedade no trabalho do profissional deve acabar desaparecendo. Seja como for, penso que saber ouvir seja fundamental nesse árduo trabalho. Este talvez esteja sendo um problema geral da sociedade moderna. Quem sabe não estamos padecendo de uma ansiedade coletiva?
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