domingo, 15 de fevereiro de 2015

Ateus e religiosos, por favor, não leiam o texto abaixo!!!



“Sem capacidade para o espanto” e “De quatro” são dois títulos do livro “A filosofia da adultera: ensaios selvagens” do escritor e filosofo Pondé. 
Neles o escritor trás a tona a relevante reflexão de que a teologia da justiça social foi, na verdade, uma preparação do terreno para a teologia da prosperidade, onde se busca não mais o mistério e o assombro de um Deus dos místicos, mas antes um Deus materialista que dá carro, casa, emprego e bens materiais para seus “fieis”, ou nas palavras de Pondé “O que se busca em Deus, de agora em diante, será algo entre bons salários e um bom carro novo” (Pondé, 2013), pobre dos crentes, reduziram o Deus dos místicos e filósofos a um simples e mero banqueiro capitalista. 

Ou então, a um medico, quando se lota as igrejas atrás de uma cura para o corpo miserável, que na verdade, como diria Ariovaldo Ramos, nada mais é do que “remendo novo em pano velho”, ou seja: o que é a morte se não o viver num corpo que envelhece todos os dias, nesse sentido, somos todos doentes de uma doença: a doença do existir e do viver. Cada dia que se vive, vive se um dia menos. Religião se tornou banal e medíocre como é o mundo materialista e capitalista.
Ou seja, como sentenciou Nietzsche “Deus está morto”, inclusive para os religiosos.

Considero-me um ateu místico, explico: não consigo acreditar e nem conceber um Deus que esta por trás de tudo, igual a um diretor que dirige um filme, que comanda e controla, determinando papeis e traçando destinos, nesse sentido sou ateu filosoficamente falando.
Vejo muito mais beleza e coragem existencial na vida sem Deus. Porém, me jogo de joelhos em completo silencio absorto diante do absurdo e assombro do mistério da existência: reverencio a vida e os Deuses mitológicos que a humanidade criou desde os tempos mais remotos. 

Sou apaixonado especialmente pelo Deus do cristianismo, por sua paixão pela humanidade, ao ponto de sofrer por ela, de literalmente morrer por ela.
Não entro aqui na questão se Jesus existiu de fato ou não. Mito não é igual à mentira, mas esta para além da razão, trazendo verdadeiras riquezas de sabedoria sobre e para a vida.
De quatro” Pondé nos diz que “Não, o homem não se espanta mais. Sem espanto, caímos de quatro, assim como sem a alma imortal” (Pondé, 2013).
Pobre dos ateus e religiosos, que não percebem que sem Deus – ou com um Deus materialista que é buscado por “bênçãos” materiais – caímos literalmente de “quatro”, no sentido, de nós tornamos humanos, demasiado humanos, meros animais “racionais”.

Nesse sentido prefiro ao apostolo Paulo quem celebremente declarou “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus!”.
Pobre do homem moderno que vive voltado para si mesmo, achando que o mundo gira entorno de si, que não consegue olhar para fora de si, e se assombrar com o mistério e o absurdo da vida.
 
Marcio Alves

 

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