sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A força da religião


PENSO QUE A RELIGIÃO – não com seus dogmas, crenças e códigos de conduta moral – com sua espiritualidade, transcendência, é o final da linha para a humanidade, de que fora dela não há salvação, não há solução, nem cura e nem esperança.
O que há, são apenas frágeis "paliativos" para lidar com o terrível drama humano. Nesse sentido, as ciências, as politicas, o governo, a Razão, tecnologia, são como um barco afundando em meio ao oceano da nossa trágica existência, onde estamos apenas tentando tirar a água do nosso barco com uma canequinha furada.
Peguei pesado agora né? Mas talvez, essa seja a única forma mais “pedagógica”, por assim dizer, de expressar a imensidão e complexidade da existência, com seu absurdo e falta de sentido último, e das inúmeras ilusões criadas por nós, para suportamos a vida, finita, insignificante, sofrida e miserável.
Compartilho do pensamento de grandes pensadores, como Nelson Rodrigues, para o qual, se tirar do homem sua imortalidade, ele cai de quatro – referindo a animalidade humana, de sua importância. Como também, com Dostoiévski, de que se alma humana não é imortal, e se Deus não existe, tudo é permitido.
Ou seja: para Dostoiévski não há saída para a humanidade, quando retirada dela, sua espiritualidade e transcendência, ficando apenas com a natureza e razão, ou seja, com a materialidade e a tecnicidade.
Podemos ter “evoluídos” na tecnologia, avançados na ciência como nunca antes, desenvolvidos diversas ciências sociais para lidar com os problemas sociais, psicológicos, econômicos e relacionais, mas, por outro lado, não damos conta de lidar com o buraco existencial humano.
No fim, estamos apenas andando em círculos, como cachorros correndo atrás do próprio rabo. E o que é pior: não há mais para onde ir. Tudo que se imaginava e sonhava nos séculos passados, principalmente do iluminismo, de certa forma já foi alcançado – temos como nunca uma tecnologia e ciência sem precedentes nunca antes na história – e por isso, talvez, o desespero e angústia do animal humano seja muito maior.
Como dizia o Chapolim Colorado: “e agora, quem poderá nos defender?”. Nós “matamos” Deus, e agora, não há esperança para nós mortais, sem alma, sem céu, sem salvação, sem deus. Somos como animais, só que eles, tem melhor “sorte” do que nós, porque não tem (assim especulamos) a consciência da miséria existencial que é ser apenas de “carne e osso”.

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