domingo, 15 de fevereiro de 2015

Pra você que se diz estar apaixonada, mas que não tem ciúme, que é uma pessoa bem controlada e resolvida, por favor, não leia o texto abaixo!!!


Inicio essa reflexão novamente com uma frase do grande mestre Dostoiévski do livro que estou lendo “O Idiota” onde ele diz que “(...) é sabido que o homem excessivamente envolvido por uma paixão, sobretudo se já está entrando em anos, fica totalmente cego e disposto a suspeitar de esperança onde ela absolutamente inexiste; além disso, perde a razão e age como uma criança tola, mesmo sendo um poço de sabedoria”. (Dostoiévski, pg. 72, 2013)
 
É tão desnecessário o que vou dizer depois do que Dostoiévski disse aqui – tudo que vou escrever a seguir sobre esse trecho de Dostoiévski se torna diante de tamanha genialidade, apenas uma mera “nota de rodapé”, que escrevo muito mais como um exercício de reflexão pra mim mesmo, ou seja: se quiser, pode se dar o luxo de não ler o que escrevo abaixo, pois essa frase de Dostoiévski diz por si só – que vou novamente reproduzir esse mesmo trecho:
 
“(...) é sabido que o homem excessivamente envolvido por uma paixão, sobretudo se já está entrando em anos, fica totalmente cego e disposto a suspeitar de esperança onde ela absolutamente inexiste; além disso, perde a razão e age como uma criança tola, mesmo sendo um poço de sabedoria”. (Dostoiévski, pg. 72, 2013)
 
Aqui o mestre Dostoiévski nos brinda com uma reflexão de que mesmo as pessoas mais velhas, experientes, maduras, quando estão apaixonada – não um simples gostar e ter afinidades e achar que com isso, se está amando loucamente (até porque, gostar não tem tanto peso e importância, pois afinal, gostamos de uma serie de coisas, como musica, sorvete, dinheiro, assistir filmes, carro, sexo (rsrs) e etc..) – perdem o controle de si mesmas.
 
Daí que para a sabedoria grega antiga, o contrário da razão é justamente o pathos (paixão), sendo esta inimiga mortal da primeira, pois uma pessoa apaixonada é uma pessoa possuída pela loucura cega e furiosa do amor irracional. Daí que paixão se aproxima da doença, da loucura, do “patológico” – suspeito de que muito em breve, terão psicólogos tratando em seus consultórios pessoas apaixonadas como pessoas “patologicamente” doentes... não duvidem de que a medicina irá criar remédios para lidar com mais esse drama humano – pois estar apaixonado é estar literalmente “doente” de amor.
 
Sem contar que quando se esta apaixonada, fica-se igual a criança: já reparou no dialogo de duas pessoas perdidamente apaixonadas? Dá até “raiva” (inveja?) delas. Rsrsrs
A paixão é um “crime”. O mundo não suporta ver ninguém apaixonado, se beijando e fazendo juras de amor eterno. Pessoas assim (apaixonadas) parecem que estão em outro universo, que estão acima do bem e do mal, alem do resto dos mortais.
 
Chego a suspeitar de pessoas que se dizem “bem resolvidas”, que nunca perderam a cabeça, que dizem (só dizem) não ter ciúmes e que ainda por cima criticam e falam mal da paixão.
Suspeito de que a vida sem paixão é inútil e não vale apena, e que essas pessoas são ressentidas e justamente inseguras. Daí não terem coragem de abandonar as falsas certezas e mergulharem bem fundo nessa experiência devastadora que é a paixão.
 
Se a sua paixão te abandonou ou melhor (pior) ainda: te trocou por outra (ou outro) e você não sente a menor vontade de matar ele (ou ela) é porque não é paixão – daí a paixão ser tão perigosa, por isso, outro grande mestre (Nelson Rodrigues) criou tantas historias de pessoas apaixonadas que matam o outro ou se matam por causa da paixão.
 
O contrario do amor não é o ódio, mas sim a indiferença – indiferença se ele (ou ela) te trai, se conversa ou tem amizade com uma pessoa muito mais bonita, inteligente e rica que você, indiferença se ele (ou ela) irá te deixar algum dia e etc.
 
Se você não tem ciúme, medo de perder, sente um pouco até de indiferença, lamento: você acha que ama, que está apaixonada, mas no fundo é só um bobo feliz “bem resolvido”que se autoengana.
 
Escrito por Marcio Alves

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