Por
que são assim as pessoas? E esta pergunta não é retórica.
Gostaria mesmo der ter a resposta. Num mundo tão densamente
habitado, tantas singularidades entre cada um de seus mais de sete
bilhões de moradores, e mesmo assim, plural em outros pontos. Talvez
plural não seja nem o termo correto, diria que é mesmo uma
unanimidade.
Insistimos
em tentar mudar, ou mesmo moldarmos as pessoas que nos circundam, mas
quando achamos que estamos tendo sucesso na empreitada, um balde da
mais fria água nos é jogado ao corpo nu e quente, exacerbando a
sensação de dor, aquela dor que nos dá vontade de gritar os mais
inapropriados palavrões, como se só isso bastasse para amenizar o
sofrimento.
Quando
foi que a lealdade deixou de ser importante? Outra pergunta que
ficará sem resposta. Ao que me parece, o homem não abandonou seu
estado de natureza, e contínua acreditando que não se deve
acreditar no outro, que a melhor defesa é sempre o ataque prévio.
Não estou falando de guerra bélica, mas sim, uma guerra que se
trava constantemente nos recônditos de cada um de nós. Não sou
diferente, por mais que reflita a respeito do assunto.
A
decepção com o outro ficou, creio eu, cicatrizada em nosso DNA por
milhares, para não dizer milhões de anos, e assim ficará, sempre,
como uma lembrança inconsciente de que não devemos baixar a guarda
nunca. Há mal nisto? Talvez sim, talvez não, a tragédia é que por
mais que nos protejamos, a dor virá inexoravelmente, e pegará de
jeito até o melhor e mais preparado de todos os lutadores.
É
tudo uma questão de adaptação aos tempos modernos, aceitação de
um mundo extremamente competitivo, onde aquele que puder oferecer
mais será o escolhido em detrimento de um outro que não se dispôs
a dar o máximo do máximo de si. E o perdedor contemplará a vitória
de seu adversário talvez vislumbrando um futuro onde o campeão
também será substituído por um outro melhor. Alto engano? Talvez,
mas faz cessar parcela ínfima da dor.
Lealdade
existe? Não sei! Pelo que acabei de escrever acima, depreende-se que
não. Aquela lealdade que fez com que pessoas morressem uns pelos
outros. Uma fidelidade de um tempo em que não era necessário exigir
a cabeça à espada do algoz, simplesmente ela era oferecida. Mas
será que era lealdade ao outro ou à si mesmo e suas convicções
filosóficas ou religiosas? Tantas perguntas faço, e sem respostas
continuo.
É
provável que seja ingênuo, me comportando como uma criança que não
cansa de perguntar porque realmente não sabe a resposta. E é isso
mesmo! Eu não sei responder às minhas próprias questões. Isto é
filosofar? Acho que sim. Filosofar é viver, e viver não tem sido
muito fácil para quem pensa, e sofre por não entender as coisas que
gente grande não quer explicar. Talvez porque não saibam também.
Já
disseram “eu sei que nada sei”, mas sabia sim, e muito, a verdade
é que não queria ver ou não queria que notassem que sabia. Eu
ainda não desisti de confiar nos outros, mesmo sabendo que são eles
o inferno que habita em nós, e certamente é por saber disso que não
desistirei de encontrar respostas para as perguntas que faço hoje,
agora.
Quero
muito o conforto de um aliado que morra comigo numa luta que nem seja
nossa, ou seja apenas nossa. Quando procuro nas expressões, na
linguagem corporal, ou facial uma pessoa que esteja disposta a pensar
como eu penso, algo me manda parar em frente um espelho a admirar meu
achado, o reflexo de um rosto que coadune das minhas ideias e das
minhas expectativas para um futuro tão incerto. Nem sempre gosto do
que vejo.
Apenas
sei que esta pessoa ali, parada em minha frente, nunca traiu a si
mesmo, nunca foi contra sua consciência, por achar que não era
saudável fazê-lo. Esta pessoa vê o mundo pelas mesmas lentes que
eu vejo. E o melhor, há uma reciprocidade entre eles, pois ambos
sofrem as mesmas dores e têm as mesmas perguntas….todas sem
resposta alguma.
Edson
Moura
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