Como já tratei em outras postagens anteriores a esta, sobre a onisciência e soberania de Deus, quero dar o último e mais perigoso passo, reconhecendo o sofisma e axioma que enfrentarei, abordando a temática mais delicada de todos os atributos divinos.
Inicio com um dilema proposto pelo filosofo Epicuro (341 a.C a 271 a.C):
“Se Deus existe, ele é todo poderoso e é bom, pois não fosse todo-poderoso, não seria Deus, e não fosse bom, não seria digno de ser Deus. Mas se Deus é todo-poderoso e bom, então como explicar tanto sofrimento no mundo? Caso Deus seja todo-poderoso, então ele pode evitar o sofrimento, e se não o faz, é porque não é bom, e nesse caso, não é digno de ser Deus. Mas caso seja bom e queira evitar o sofrimento, e não o faz porque não consegue, então ele não é todo-poderoso, e nesse caso, também não é Deus”.
Diante do trágico tsunami, Leonardo Boff disse também algo muito parecido: “Se Deus é onipotente, pode tudo. Se pode tudo porque não evitou o maremoto? Se não o evitou, é sinal de que ou não é onipotente ou não é bom”.
Até mesmo o grande Papa não escapou deste dilema universal, em sua visita ao campo de concentração de Treblinka perguntou: "Onde estava Deus quando esse horror aconteceu?"
Depois do atentado terrorista ao World Trade Center o New York Times publicou um artigo com essa mesma pergunta: “Onde estava Deus? Se estava lá, por que deixou acontecer?”.
Longe de mim propor uma solução fácil, e até mesmo uma solução para aquilo que os teólogos chamam na teologia de teodiceia, temática esta que é considerados por todos, o maior de todos os problemas pensantes, que filósofos, teólogos, sociólogos e estudiosos tentaram e tentam decifrar e não conseguiram, e, talvez nunca consigam, não pelo menos de modo satisfatório.
Mas para tentar responder este dilema, não me apoiarem em chavões, em respostas simplistas e decoradas, antes tentarem expor o que intui o meu coração, de um modo bem simples, porém verdadeiro.
Inicio com a base que sustentará meu argumento afirmando: Deus não é onipotente!
Alias, o que é ser onipotente para seres impotentes?
A questão toda é que qualificaram deus, colocaram nele atributos humanos, elevando à máxima potencia de perfeição idealizada, daí terem surgidos adjetivos tais como; onisciência, onipresença, soberania e onipotência.
A teologia clássica, não o bastante terem atribuído a deus, adjetivos humanos, ainda projetaram em deus uma imagem de super-homem, advinda da filosofia grega, que concebia os seus deuses como que perfeitos.
Mas tanto no judaísmo, que Deus é visto como passional, que Se envolve com os seres humanos, mostrando sentimentos, até em Cristo que é para mim o grande símbolo de Deus, é visto sendo impotente, pois assim como os homens, Ele sofre e chora pela dor que machucaram o seu coração.
Parto da própria cosmovisão Cristã, para anular a concepção de onipotência tradicional de Deus. Deus não pode tudo, como possibilidade e como poder, pois já no ato da criação, este mesmo Deus se esvazia, se retira, dá espaço para o homem conviver com Ele e sem Ele.
Mas é na crucificação de Cristo que vemos a sua total impotência, quando no momento de grande dor de seu filho, Ele não o livra, não porque não quer, mas porque não pode.
A partir do momento que Deus cria o ser humano, e dá liberdade, Ele impõe sobre Si limites, não sendo mais soberano, pois o mundo esta agora na mão do homem que ele criou.
Não conhece o futuro porque este ainda não existe, podendo fazer tudo que está intrinsecamente ligado ao seu caráter de poder fazer, sendo poderoso, porém limitado.
Assim resolvo para minha fé o grande paradoxo, pois somente assim deus não seria culpado pelo sofrimento no mundo, sendo porque o homem é livre e deus não intervém, sendo na natureza que é imprevisível visto Ele não conhecer o futuro, seja pela dor do sofrimento e miséria no mundo, não podendo resolver tudo, interpela o homem na construção para colocar ordem no caos, sendo o homem o grande responsável.
Ou é assim, na fraqueza de deus, ou é no não acreditar em sua existência, ou até mesmo em sua impessoalidade deistica que conforta o meu coração triste e abatido por tantos males no mundo, e pelo silencio e não interferência Dele.
Deus esta com os que sofrem, sofrendo junto, e nunca sendo o carrasco e causador do mal.
Em sua próxima dor e choro, Deus vai estar lá, não como potencia, mas com sua frágil e marcante presença, chorando com seu imenso amor.
Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.
Marcio Alves
Inicio com um dilema proposto pelo filosofo Epicuro (341 a.C a 271 a.C):
“Se Deus existe, ele é todo poderoso e é bom, pois não fosse todo-poderoso, não seria Deus, e não fosse bom, não seria digno de ser Deus. Mas se Deus é todo-poderoso e bom, então como explicar tanto sofrimento no mundo? Caso Deus seja todo-poderoso, então ele pode evitar o sofrimento, e se não o faz, é porque não é bom, e nesse caso, não é digno de ser Deus. Mas caso seja bom e queira evitar o sofrimento, e não o faz porque não consegue, então ele não é todo-poderoso, e nesse caso, também não é Deus”.
Diante do trágico tsunami, Leonardo Boff disse também algo muito parecido: “Se Deus é onipotente, pode tudo. Se pode tudo porque não evitou o maremoto? Se não o evitou, é sinal de que ou não é onipotente ou não é bom”.
Até mesmo o grande Papa não escapou deste dilema universal, em sua visita ao campo de concentração de Treblinka perguntou: "Onde estava Deus quando esse horror aconteceu?"
Depois do atentado terrorista ao World Trade Center o New York Times publicou um artigo com essa mesma pergunta: “Onde estava Deus? Se estava lá, por que deixou acontecer?”.
Longe de mim propor uma solução fácil, e até mesmo uma solução para aquilo que os teólogos chamam na teologia de teodiceia, temática esta que é considerados por todos, o maior de todos os problemas pensantes, que filósofos, teólogos, sociólogos e estudiosos tentaram e tentam decifrar e não conseguiram, e, talvez nunca consigam, não pelo menos de modo satisfatório.
Mas para tentar responder este dilema, não me apoiarem em chavões, em respostas simplistas e decoradas, antes tentarem expor o que intui o meu coração, de um modo bem simples, porém verdadeiro.
Inicio com a base que sustentará meu argumento afirmando: Deus não é onipotente!
Alias, o que é ser onipotente para seres impotentes?
A questão toda é que qualificaram deus, colocaram nele atributos humanos, elevando à máxima potencia de perfeição idealizada, daí terem surgidos adjetivos tais como; onisciência, onipresença, soberania e onipotência.
A teologia clássica, não o bastante terem atribuído a deus, adjetivos humanos, ainda projetaram em deus uma imagem de super-homem, advinda da filosofia grega, que concebia os seus deuses como que perfeitos.
Mas tanto no judaísmo, que Deus é visto como passional, que Se envolve com os seres humanos, mostrando sentimentos, até em Cristo que é para mim o grande símbolo de Deus, é visto sendo impotente, pois assim como os homens, Ele sofre e chora pela dor que machucaram o seu coração.
Parto da própria cosmovisão Cristã, para anular a concepção de onipotência tradicional de Deus. Deus não pode tudo, como possibilidade e como poder, pois já no ato da criação, este mesmo Deus se esvazia, se retira, dá espaço para o homem conviver com Ele e sem Ele.
Mas é na crucificação de Cristo que vemos a sua total impotência, quando no momento de grande dor de seu filho, Ele não o livra, não porque não quer, mas porque não pode.
A partir do momento que Deus cria o ser humano, e dá liberdade, Ele impõe sobre Si limites, não sendo mais soberano, pois o mundo esta agora na mão do homem que ele criou.
Não conhece o futuro porque este ainda não existe, podendo fazer tudo que está intrinsecamente ligado ao seu caráter de poder fazer, sendo poderoso, porém limitado.
Assim resolvo para minha fé o grande paradoxo, pois somente assim deus não seria culpado pelo sofrimento no mundo, sendo porque o homem é livre e deus não intervém, sendo na natureza que é imprevisível visto Ele não conhecer o futuro, seja pela dor do sofrimento e miséria no mundo, não podendo resolver tudo, interpela o homem na construção para colocar ordem no caos, sendo o homem o grande responsável.
Ou é assim, na fraqueza de deus, ou é no não acreditar em sua existência, ou até mesmo em sua impessoalidade deistica que conforta o meu coração triste e abatido por tantos males no mundo, e pelo silencio e não interferência Dele.
Deus esta com os que sofrem, sofrendo junto, e nunca sendo o carrasco e causador do mal.
Em sua próxima dor e choro, Deus vai estar lá, não como potencia, mas com sua frágil e marcante presença, chorando com seu imenso amor.
Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.
Marcio Alves