quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

"Santa Trindade"


Por: Edson Moura

Já escrevi sobre o inferno
Escreverei também sobre céu
Só quero escrever liberto
Usando de algum cordel
Sofrendo como um artista... que perdeu seu pincel


Compareço ao “tribunal”
Resolvi abrir o verbo
Insinuo que não é real
Suspeito sim desse Credo.
Tentamos achar normal
Outrora foi natural...acreditar no decreto.


Finalmente vou lhes contar
Inspiro o ar com vontade
Lamento contrariar
Historiadores sobre a trindade
O tema pode gerar... massiva incredulidade.


Devemos reconhecer... que Bíblia nenhuma vez
Ensina que nosso Deus...é um que pode ser três.

Diante de tais propostas
Espero não ser queimado
Um Livro que dá respostas
Sustenta o tema abordado.


Mastigue com paciência...as linhas que lhe escrevo
Espero que a consciência...Liberte quem está preso .


Procure as refutações
Estou aberto a mudanças
Respondo sempre as questões
Deixadas com elegância
O intuito das reflexões
É livrar-nos da ignorância.


Sabendo que corro o risco...até mesmo de estar errado
Escrevo porque preciso...saber como foi criado
Nosso credo da trindade...Decretado por Constantino
Homem pagão na verdade...desde que era menino
Originando a cristandade...piorada por João Calvino
Recuso-me crer que a trindade...tem na Bíblia o seu ensino.


Que Deus abençoe a todos!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

"Teimosias do coração"



Por: Edson Moura

Descobri que o amor deixa saudades
Quisera na vida nunca ter amado alguém
O amor penso hoje, caba no rol das vaidades
Se não tivesse amado tanto, hoje viveria bem

Teria evitado desilusões e muita dor
Nunca meu coração viveria amarrado
A essa ilusão que muitos chamam amor
Viveria feliz sem me sentir rejeitado

Mas a lembrança não me deixa esquecer
Esses tempos bons que infelizmente findaram
Pois o amor nem sempre é como se quer
E nossos beijos e carícias também se acabaram

Guardo em meu peito lembranças de nossa juventude
Como um sonho que passou e não voltará
Nossos corpos, nossas mãos, nossas inquietudes
E o desejo louco que não mais se saciará

Foram tempos maravilhosos que vivemos
Hoje estou triste sem amor para amar
Acabar com essas lembranças não podemos
Porque mesmo sofrendo ainda quero lembrar

Quem dera a morte extirpasse minha dor
Quem sabe o Pai com sua Divindade
Quem dera a vida me desse outro amor
Ou talvez o Filho em sua humanidade

No momento certo me consolarão
Uma pessoa então surgirá do nada
E no lugar da dor brotará paixão
E minha efêmera vida será iluminada

Descobri que a saudade é a prova de que amei
Espero nascer de novo pra amar novamente
Única pessoa Por quem chorei
Sempre foi nesta vida meu melhor presente

Recado do autor:
Aproveitem a poesia, pois vem “bomba” por aí!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Lembranças do passado



Por: Marcio Alves



(Comentário feito na postagem Reminiscências de uma noite de dezembro do blog do meu amigo Levi Bronzeado)

Mestre e amigo Levi

Sua belíssima e nostálgica crônica, me fez voltar ao passado, mergulhando no mais profundo Ser da minha interioridade, fui e voltei com velhas e antigas lembranças do meu passado não tão passado mas já passado, pois passou e já não é mais, e nunca voltará a ser, restando-me, lembrar e viajar pela minha alma àquele lugar, momento e tempo inesquecível que o tempo não vai apagar, pois está impregnada no mais profundo do abismal do meu Ser.

Estou neste momento, com meus sentimentos oscilando entre a melancolia e alegria, saudades dos tempos que não voltam mais.

Sinto saudades até do que ainda não passou, mas passará.

Os novos amigos, momentos, vidas, experiências, sentimentos, sonhos, prazeres e vontades, tudo vai passar.

Neste momento, não quero a consolação da esperança do amanhã em Cristo, salvação e continuação da vida em um paraíso.

Quero me deleitar nesta inexplicável e implacável dor da tristeza, e não ser consolado.

Quero lembrar-me, dos que já foram e não voltarão.

Dos momentos inesquecíveis, belos e profundos.

Mas também das tristezas, sofrimentos e dificuldades.

Pois minha vida é assim.....passado que não volta, presente que esta passando e futuro que passará.

Inclusive no momento em que escrevo estas palavras, elas vão passando, como assim também vai passando minha vida, pois a vida é feita de tempo.

A vida não poderia ser feita de outro jeito, que não fosse o tempo?

Pois o tempo passa, e com ela a nossa vida.

Queria uma vida sem tempo, pois desta maneira não haveria tempo para a vida.

Vida, vida, vida.......mas que vida!

Vida passada, vida presente e vida futura.

Viver a vida é viver passado e presente, pois o futuro não existe, pois quando ele chegar já é presente que será passado.

Termino este humilde texto com uma musica que vem a minha cabeça neste momento, e expressa melhor meus sentimentos:


Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará

A vida vem em ondas como o mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo

Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo
Agora

Há tanta vida lá fora, aqui dentro
Sempre como uma onda no mar

Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará

A vida vem em ondas como o mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo

Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo
Agora

Há tanta vida lá fora, aqui dentro
Sempre como uma onda no mar

Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar



Porque temos que morrer?

Eu não quero ir para o céu, eu quero ficar com minha família e amigos.

Não quero morrer.

Odeio a morte!

Amo a vida, e quero viver!



Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A cocaína evangélica


Por: Edson Moura

Antes de iniciar o texto sobre a minha opinião quanto a esse assunto tão delicado que é a pregação de mensagens evangélicas, gostaria de fazer algumas observações sobre meu post anterior, “Lamentações de um pai”.
Escrever poemas hoje em dia é um grande desafio. Poetas e “aspirantes” como eu, parecem ter de justificar, a cada verso, o sentido do que estão enfrentando, sobe o risco de entrarmos num beco sem saída.

O drama da poesia está justamente, em definir o que o autor está querendo dizer com o texto, e se ele tem algum valor de uso, já que muitas vezes caminha na contramão do que o senso comum acha ético.
Poesias são para se pensar, e não para se entender, como diz meu pastor.
Não desistirei de escrever poemas, pois é necessário que meu leitor saiba que por traz de textos muitas vezes pesados, e considerados “carnais demais”, existe um ser humano, que está sujeito às mesmas intempéries que todos seus pares.

Não é uma máquina quem escreve neste blog, e sim, dois jovens (pelo menos o Marcio é jovem) que já passaram por inúmeras situações e gostariam de contribuir com os irmãos suas experiências muitas vezes doloridas.
Obrigado por todos que ainda não perderam a sensibilidade e ainda vêem numa poesia, o desabafo da alma do poeta.
Mas vamos ao texto.
Às vezes eu penso que seria melhor deixar o “barco rolar”...deixar tudo como está, afinal de contas, se as pessoas estão felizes dessa maneira, ouvindo seus pastores falando de coisas que as deixam eufóricas, e com mais vontade de Deus, que mal há?
Só que existe um detalhe:

Quando não se fala de relacionamento, amor ao próximo, caridade (diferente de filantropia).
Quando não é ensinado que, o ser cristão, não é necessariamente um requisito para a felicidade e nunca mais sofrer. Quando não é dito que, mesmo “servindo” a Deus, poderá vir e certamente virão os “dias maus” como disse Paulo...
Então eu volto para o chão e vejo que muitos cristãos hoje, estão totalmente despreparados para sofrer...condição essa, que nos aproxima mais uns dos outros.
Riquesa...nos afasta das pessoas.
Classe social...nos afasta.
Cor...nos afasta.
Nível intelectual...também nos afasta.

O sofrimento não, ele nos faz ver que somos iguais. “A dor dói com a mesma intensidade em toda carne”.

Volto então a escrever contra a perniciosa “teologia da prosperidade” onde estão embutidos os seguintes pensamentos:

-Achar que crente não fica doente.
-Que ungido de Deus não é tocado.
-Que pobreza é sinônimo de provação. (Quando muitas vezes é só falta de capacitação profissional)
Esses são apenas alguns dos sofismas criados por pregadores avivalistas da atualidade.
Tema esse muito bem abordado no livro: “A arte dos sofistas na pregação pentecostal” de Esdras Gregório, um jovem autor autodidata e membro da Assembléia de Deus de Campinas.

O Esdras expõe de forma contundente o comportamento, tanto do pregador, quanto do ouvinte ingênuo desses profissionais do púlpito. O livro é uma “pérola” para todos que também não coadunam com o mercantilismo que se tornou a pregação do Evangelho no Brasil. (A editora é Jeová Nissi Rio de Janeiro ano 2008)
Trechos do Livro:
Desde que a pregação seja “bíblica”, o pregador acha que pode ser, sem ser “anti-biblico”, “extra-biblico” à vontade e fazer as conjecturas mais inimagináveis, acreditando que isso se justifica, porque parte de um texto das Escrituras sem adulteração. Para isso os sermões sobre passagens do antigo testamento, caem como luvas, pois a possibilidade de usá-lo de forma arbitrária, por causa da sua natural ambigüidade, favorece que ele diga um monte de coisas, apoiando-se em um texto bíblico.

Neste caso a imaginação predomina e a bíblia se torna a fonte de sermões bonitos que nos encantam, e não manancial de Vida e Conduta. Toda pregação pentecostal avivalista parte de um pressuposto, o qual é um problema ou uma necessidade, e oferece uma solução, como se o Evangelho fosse uma panacéia para as tristezas e as dificuldades dos homens, e não o perdão e a cruz de Cristo, outorgada e imposta sobre Seus discípulos.
A pregação se torna uma promessa sobre determinadas condições:
Realizar sonhos, resolver problemas e garantir vitórias.
Pelo ínfimo preço de:
Dar alguns “Glórias a Deus”, e “Aleluias” (Pág. 96)

No entanto, se as pregações modernas em vez de nos preparar para o mundo real, com todas as suas dores e desilusões, tem-nos dado, analgésicos e narcóticos. Ou é porque os pregadores não aprenderam ainda o que é carregar a cruz de Cristo e ser peregrino errante nessa terra, ou porque são médicos e farmacêuticos, que vivem das nossas doenças! (Pág.111)
Basta ler os sermões dos heróis da fé protestante para perceber o quanto são vagas as pregações pentecostais modernas. A mensagem avivalista é “tão boa” e tão ruim quanto ler, de uma só vez, uma caixinha de versículos de promessas. Ela diz tudo e não diz nada ao mesmo tempo, porque é composta de verdades fora de ocasião, desvinculadas de um preceito maior e manipuladas para causar reações. Tais verdades não produzem, na mesma medida em que são prometidas e determinadas, as bênçãos idealistas e “transcendentais”, em uma realidade “fatalista”, demasiadamente comum e trivial das vítimas dessas pregações, que latem, latem, mas não mordem. (Pág. 123)
Como vocês viram nesses pequenos trechos do livro, ele retrata uma realidade que muitos evangélicos já não conseguem mais ver (Boa parte deles na verdade não querem ver), pois o sofisma criado pela elegância da pregação “conferencista” passa a ser a verdade absoluta na vida da alma oprimida pelas agruras da vida.
Agradeço ao Esdras pela permissão me dada para usar partes de sua obra neste meu artigo. (Quem quiser conhecer um pouco mais sobre esse jovem autor, visite o blog http://cristianismoa-religioso.blogspot.com/
Que Deus continue nos unindo!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Acidentes, milagres, acaso, liberdade e responsabilidade humana.




Por: Marcio Alves


Realmente falar sobre milagres em uma sociedade religiosa evangélica Brasileira mística viciada em sobrenaturais, não é fácil.

Pelo contrário, é bastante polêmico.

Prova disto é o meu texto: “Não creio em milagres”.

Por causa dele, recebi vários e-mail's de várias partes do Brasil, sendo contestado e até achincalhado.

Resolvi postar um deles, pois achei interesante e bem articulado.

Abaixo o e-mail, e logo em seguida a minha resposta.

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Resposta para: Marcio Alves


Bom dia li o seu texto e achei alguns pontos que gostaria de comentar, tenho observado algumas resposta de outras pessoas em relação ao texto que acredito que não captarão a idéia central, gostaria que sentisse a vontade para me pontuar, vejo que a idéia central do texto “Não creio em Milagres” e sim no acaso.
Sendo bem objetivo vou pegar partes do texto que gostaria de uma reflexão:

“Eu não acredito que Deus, a todo instante, todos os dias, intervém em nossa realidade com milagres. Ao contrário, ao nos dar a liberdade, Deus criou um mundo de imprevisibilidade, de acaso mesmo. Você acha que por eu acreditar em acaso, virei ateu?” (trecho da minha postagem: Não creio em milagres”)


Acredito que Deus atua em sua vida a todo instante e fazendo milagre a todo tempo, como prova temos o nosso levantar, pare e pense com é um milagre o acordar todos os dias, você dorme e no amanhecer consegue abrir os olhos todos os dias, andar, respirar isto já é um milagre a cada instante.


“Não consigo acreditar num “deus” que, protege um crente de assalto, que blinda outro com emprego, carro e casa, mas não protege bilhões de crianças da AIDS, fome, guerras e pedofilias. Afinal, se Deus fosse realmente proteger alguém, porventura essas, não seriam as criançinhas? Não são delas que a bíblia diz: “Dos tais são o Reino de Deus”?”“Não consigo digerir a idéia de que, num acidente aéreo que matou 300 pessoas, e, portanto, são 300 famílias que choraram pela perda, apenas uma se salvou, porque Deus interveio. Então por que ele não salvou as 300?” (trecho da minha postagem: Não creio em milagres”)

Pense o contrario que verá o milagre, imagine o que você deixou de fazer que poderia ter resultado numa catástrofe, talvez deixou de entrar num ônibus, num vôo, mudou de idéia quando iria de carro até um supermercado, mudou de idéia quando iria passear... pegue este teu exemplo do acidente aéreo que matou 300 pessoas, imagine quanta pessoas deixaram de ir neste vôo, porque não conseguiu comprar a passagem, porque deixou para fazer outras afazeres, trabalho, casa, amigo... Será porque??? Acaso??? Lógico que não. Porque não era o momento, Deus sabia, sabe quem realmente deveria estar ali. Deus sabe o tempo de cada coisa... tanto é que o nosso tempo é diferente do Dele. E lógico que sonda o coração e ver quais frutos você pode dar, ou daria em sua caminhada, as vezes acredito que possa encurtar o seu tempo aqui de forma a não desbanda completamente do teu alvo. Como o Nosso Deus e Maravilhoso, Gracioso e Misericordioso, estando ao nosso favor a todo tempo sondando o nosso coração ele nunca perde o controle de qualquer situação, tudo depende de sua permissão. Que ver um exemplo a própria vida de Jô retrata que satanás tinha que pedir autorização a Deus para mexer em sua vida ou seja o que é de Deus ninguém toca, ou seja, Deus esta no controle de qualquer evento que possa surgir em sua vida.


Atenciosamente,


xxxxxxxxxxxxx


Belo Horizonte


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Minha resposta:

Bom dia meu querido irmão xxxxxxx.

Fique a vontade para analisar, comentar e até discordar desse e qualquer outro texto de minha autoria.

O meu grande intuito, não é fazer com que as pessoas pensem iguaiszinhas a mim, não busco uma homogeneização da reflexão.

Quero provocar pesquisas, debates, ponderações e enfim, levar as pessoas aos questionamentos, que fazem refletir.

Agora passemos a analisar o seu comentário:

Sua tese (em Azul):
1-“tenho observado algumas resposta de outras pessoas em relação ao texto que acredito que não captarão a idéia central, gostaria que sentisse a vontade para me pontuar, vejo que a idéia central do texto “Não creio em Milagres” e sim no acaso.”

Minha antítese:
Meu caro xxxxxxx, embora eu fale muito de acaso, a idéia central do texto é a liberdade humana. Os acasos, acidentes, tragédias, são uma conseqüência natural do processo de liberdade.

Isso está bem claro também nas escrituras, a começar pela criação, vejamos: “ E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.” (Gn 1 v 26)

Inclusive o Apostolo Paulo vai nos dizer que: “...para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12 v 2)

Responda-me, este mundo que vivemos é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus?
Mundo este de injustiça social, miséria, fome, crimes hediondos seria da vontade de Deus?
Se for, como pode ser bom, justo e agradável?

Jesus responde esta questão na sua oração do Pai nosso, ensinada aos seus discípulos, dizendo: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;” (Mt 6 v 10)

Ou seja, o único lugar que é feita a vontade de Deus perfeitamente, é no céu! Por isso que lá é um paraíso, e aqui na terra é um verdadeiro inferno.
Mas, como discípulos de Jesus, somos convocados a buscar e promover a vontade de Deus que é feita nos céus, para que se faça aqui na terra.

Enquanto não entendermos essa verdade – que nos foi dado por Deus, total liberdade – ficaremos como o Papa, que na sua visita ao campo de concentração de Treblinka, fez a pergunta que não deveria ter feito: Onde estava Deus quando esse horror aconteceu?

Ou mais ainda, como o New York Times que depois do atentado terrorista ao World Trade Center, publicou um artigo com essa mesma pergunta: onde estava Deus? Estava lá? Se estava lá, por que deixou acontecer?

Minha resposta é: Onde estava o homem quando isto aconteceu? Ou mais precisamente, porque nos deixamos isto acontecer? Porque não impedimos?

Acordemos, é o nosso dever matarmos a fome dos famintos, promovendo justiça e igualdade social.

O mundo é de nossa responsabilidade, pois afinal, Deus o confiou a nós.

E como bem disse nesse meu texto que: “Para Deus nos proteger, seria necessário nos aprisionar, tirando nossa liberdade. É como o pássaro dentro de uma gaiola, protegido, mas preso. Tire-o da gaiola, ele terá liberdade, porém correrá riscos. Viver é uma grande aventura, que custa correr riscos.”

Novamente sua tese (em Azul):

2-“Acredito que Deus atua em sua vida a todo instante e fazendo milagre a todo tempo, como prova temos o nosso levantar, pare e pense com é um milagre o acordar todos os dias, você dorme e no amanhecer consegue abrir os olhos todos os dias, andar, respirar isto já é um milagre a cada instante.”

Minha antítese:
Meu amigo xxxxxxx, aqui você desviou o foco do texto, pois quando afirmo: “Eu não creio em milagres”, não estou referindo-me, aos milagres naturais – como sol, chuva, céu, mar, universo e as nossas vidas – que beneficiam a todos nós, sem exceção. (Pois Jesus disse que o Pai “faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.” (Mt 5 v 45)

Mas antes, sobre os pseudo-milagres sobrenaturais. Ainda mais precisamente, sobre os milagres como parte de nossa existência, pois afirmo no meu texto, e ainda mantenho que: “Acredito que Deus faz milagres sobrenaturais, mas a grande questão – esse sim, deveria ser o nosso foco de discussão – sobre o milagre como realidade de nossa existência.

Pois se os milagres sobrenaturais estiverem a nossa disposição a todo o momento e instante, seria uma contradição, pois a essência do milagre é de ser raro.

E finalmente sua última tese (sempre em Azul):
3-“Pense o contrario que verá o milagre, imagine o que você deixou de fazer que poderia ter resultado numa catástrofe, talvez deixou de entrar num ônibus, num vôo, mudou de idéia quando iria de carro até um supermercado, mudou de idéia quando iria passear... pegue este teu exemplo do acidente aéreo que matou 300 pessoas, imagine quanta pessoas deixaram de ir neste vôo, porque não conseguiu comprar a passagem, porque deixou para fazer outras afazeres, trabalho, casa, amigo... Será porque??? Acaso??? Lógico que não. Porque não era o momento, Deus sabia, sabe quem realmente deveria estar ali. Deus sabe o tempo de cada coisa... tanto é que o nosso tempo é diferente do Dele. E lógico que sonda o coração e ver quais frutos você pode dar, ou daria em sua caminhada, as vezes acredito que possa encurtar o seu tempo aqui de forma a não desbanda completamente do teu alvo. Como o Nosso Deus e Maravilhoso, Gracioso e Misericordioso, estando ao nosso favor a todo tempo sondando o nosso coração ele nunca perde o controle de qualquer situação, tudo depende de sua permissão. Que ver um exemplo a própria vida de Jô retrata que satanás tinha que pedir autorização a Deus para mexer em sua vida ou seja o que é de Deus ninguém toca, ou seja, Deus esta no controle de qualquer evento que possa surgir em sua vida.”

Minha última antítese:
Meu irmão xxxxxxx, este seu comentário é um argumento fatalista.
Quer dizer então, que quando uma pessoa morre, foi Deus quem levou? – eufemismo, para não dizer: Deus matou.
O que dizer de crianças estupradas? Foi Deus quem realizou ou permitiu? Deus compactua com o mal?
Quando um bandido mata uma pessoa, não foi ele, mas sim Deus, usando o bandido para sua “gloria”? Pois afinal, é Deus quem decide a hora de nos “levar” (matar)? Mas onde estaria o nosso livre arbítrio? Pois se foi Deus que usou o bandido para cumprir o seu propósito, a culpa não é dele (bandido), mas sim de Deus!?

Essa visão – francamente – transforma Deus em um monstro.
Não coaduna com o Deus revelado em Jesus Cristo.
Deus amor, misericórdia, graça e compaixão.
Que sofre a nossa dor, chora o nosso choro, senti a nossa tristeza.
Nosso mundo, de injustiças, misérias, fomes, doenças, mortes, tragédias e assasinatos ferem o coração Deus.

Assim como acidentes acontecem, sem ser ocasionados por Deus, também acontecem “livramentos” sem ser necessariamente ocasionados por Deus.
Assim como posso atrasar-me e perde o ônibus, e exatamente este ônibus tombar e matar as pessoas dentro dele, da mesma forma, posso atrasar-me e pegar o outro ônibus, e ele tombar e eu morrer.

A diferença é que, quando o ímpio se salva foi pura sorte, se ele morre, foi castigo de Deus.
Mas se foi o crente que se salvou, foi Deus que realizou o milagre, se ele morreu, foi da vontade de Deus, para cumprir um propósito.

É muito horrível para uma mãe que acabou de perder seu filho, e vir um crente para a consolar dizendo que foi da vontade de Deus.

Foi da vontade de Deus, que ela estivesse sofrendo esta dor insuportável?

Creio que não!

A resposta seria: não foi da vontade de Deus.

A nossa consolação e saber que: Nossa dor dói em Deus e que Ele está ao nosso lado!


Um grande abraço meu querido irmão xxxxxxxxxx.


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Lamentações de um pai

A impressão que eu tenho é que eles não precisam de mim
Posso até ser criticado e chamado de insensível por agir assim
Mas é exatamente por causa da minha sensibilidade que eu me distancio deles
Pois a distancia me faz suportar com mais braveza a saudade que sinto daqueles

Como posso não amar aquilo que é fruto do meu amor?
E que vão sempre habitar no mais profundo do meu coração por onde eu for
Um dia é bem possível que eu me arrependa muito dessa minha atitude
Então vou poder entender quantas bobagens fazemos em nossa juventude

Será um milagre se eles já adultos, sentirem amor por mim
E compreenderem os reais motivos que me fizeram agir assim
Anelo que eles conheçam, assim como eu conheci, o grande amor de Deus
E não se tornem por culpa do pai, em incrédulos ateus

Espero também, que eles descubram que aquilo que Deus é, foi demonstrado nas obras de Jesus
Que por amor a humanidade, entregou seu corpo pra ser pendurado na cruz
Que eles aceitem a verdade, de que não é o sangue escorrendo do alto do madeiro
Que revela o amor escandaloso do único Deus verdadeiro

Mas sim o perdão depreendido pelo messias àqueles que lhe faziam mal
Mostrando que o amor de Deus realmente é incondicional
Gostaria de ter apenas uma fração dessa capacidade de perdoar
Mas por me faltar essa tão bela qualidade, só me resta esperar

O tempo se encarregará de me ensinar, talvez da formas mais doloridas
Que um pai jamais deve se afastar de seus filhos, causando em todos feridas
Que pode até se curar, pois o tempo também é aliado
Mas a cicatriz ficará, no coração do filho magoado

Deus em sua eterna morada deve sentir minha dor
Pois também se afastou de um filho, e até lhe negou seu favor
Mas a causa de Deus era nobre, salvar a humanidade
A minha é até egoísta, não passa de vaidade

Espero que me perdoem, todos que estão lendo
É que nenhum de vocês sabe, o tanto que estou sofrendo
Os dias se tornam meses, mas não consigo acostumar
A viver longe dos filhos, que nunca deixei de amar

Essas são as lamentações de um pai desesperado
Que chora quando se lembra, o quanto agiu errado
Com os filhos com a esposa com os pais e os irmãos
Cedendo aos desejos carnais, do enganoso coração

Terminarei este ensaio, com os olhos fitando o céu
Que começou até poema, mas terminou em cordel
Agradeço a Jesus Cristo, que em meio à provação
Concedeu-me um amigo, que me vale mais que um irmão

Seu nome não vou falar, mas saibam que não é velho
Ele me ajuda a escrever no blog outro evangelho
Ele me disse que gostaria, de não ser tão racional
Que quando era mais moço, era mais emocional
Eu lhe digo amigo irmão...pra você se comover
Assim como este amigo...também vai ter que sofrer

Lamentações de Edson Moura

Que Deus é esse?



Por: Marcio Alves


Que Deus é esse, que é gerado em um frágil ventre de uma mulher?

Que Deus é esse, que nasce bebê em uma manjedoura?

Que Deus é esse, que engatinha e mama nos seios de sua mãe?

Que Deus é esse, que brinca e se diverte sendo uma criança?

Que Deus é esse, que trabalha como carpinteiro?

Que Deus é esse, que vivem uma vida pobre como a maioria dos mortais desta terra?

Que Deus é esse, que vive, anda, senta, come e bebe com os mais vis pecadores?

Que Deus é esse, que vive nossa vida, nossas crises, nossos medos, e morre nossa morte?

Que Deus é esse, que se compadece dos pobres e indefesos?

Que Deus é esse, que é esmagado pela violência humana?

Que Deus é esse, sensível ao drama humano, que sente a nossa dor?

Que Deus é esse, que chora o nosso choro, alegra-se com a nossa alegria?

Que Deus é esse, que abre mão da lei, por causa da vida?

Que Deus é esse, que não se importa em ser incoerente para defender vidas?

Que Deus é esse, que ao invés de mostrar poder, se mostra frágil?

Que Deus é esse, que ao invés de manipular, deixa-se livre?

Que Deus é esse, que abre mão do poder, por causa do seu imensurável Amor?

Seu maior poder não reside em ser mais poderoso e mais forte do que todos os outros “deuses”, mas no seu mais frágil e sensível Amor.

Quando pediram para o Apostolo João que em sua carta “definisse” Deus com uma só palavra, ele não escolheu “todo poder”, mas Amor.........”Deus é Amor”.

O tamanho da dor é proposicional ao tamanho do amor.
Quanto mais se ama, mais se sente a dor.
Quanto maior o amor, maior a dor.

Uma criança que morreu por ter sofrido um acidente, pode nos sensibilizar ao ponto de chorarmos e ficarmos profundamente tristes, mas nunca, essa nossa dor se comparará a dor da mãe desta criança.

Mas por quê?

Porque o amor da mãe pela criança é maior do que o amor de uma pessoa que não a conhece, e que apenas se sensibilizou.

Portanto, o amor da mãe que é muito profundo a levará a sofrer uma proporcional dor profunda.

E o amor de Deus por nós?

É infinitamente maior que o nosso, O levará a sentir igualmente dores infinitamente profundas.

Portanto esse Deus é o nosso companheiro que nunca nos deixará e nos abandonará, porque simplesmente esse Deus, é o Deus que em Cristo nos revela o seu grande, poderoso e contraditoriamente frágil e sensível amor!

Que Deus é esse?

Esse é o Deus esvaziado do poder e encarnado em amor!


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"A Dor"


Por Edson Moura

Ele grita o nome de sua mãe!

Mãe! Faça essa dor passar, por favor! Eu já não estou mais agüentando!


Ele nunca pensara que iria ter que suportar esse tipo de sofrimento. Algum sábio de sua época, dissera em certa ocasião que a angústia, e o sofrimento, estava intrínseco na vida do ser humano, mas ele não imaginava que aconteceria daquela forma, não naquela madrugada fria, que só fazia aumentar a sensação de dor.


Os amigos não podiam ajudá-lo, aliás, nem um deles estava por perto na hora em que ele mais precisava.


O irmão mais novo tentava consolá-lo dizendo:

Fique calmo irmão, logo isso tudo vai passar. Já mandei nossa irmã buscar ajuda, ao menos um “anestésico romano” (uma mistura de vinho e mirra, usado para entorpecer os condenados à morte), só lhe peço que beba, não recuse, pois não quero vê-lo nessas condições.

Enquanto se contorcia tomado por uma dor lancinante, lembrou-se daquela vez em que por descuido, martelou o dedo enquanto fabricava uma cadeira na oficina de seu pai. E também daquela outra vez em que uma farpa de madeira entrara bem por baixo de sua unha fazendo-o chorar.

Mas agora era diferente, bem diferente de tudo pelo que já havia passado. Já não conseguia abrir os olhos, a cabeça doía como se estivesse presa em um torno e alguém apertasse cada vez mais.

Sua mãe sentia-se totalmente incapaz de livrá-lo disso, pois sabia desde que ele nascera, que mais cedo ou mais tarde iria passar por essa aflição.


É o destino, é a vida. Pensava consigo.


Ela também relembrava de quantas vezes seu menino caíra jogando bola com os outros garotos, e voltava para casa aos berros, mas bastava um beijinho no arranhão e pronto, já saía correndo para retomar a brincadeira.


Mas agora era sério.

Ele já é um homem, não tinha mais motivos pra fazer “dengo”. Ele realmente estava no seu limite.

Onde está meu pai? Esbravejou ele.

Por que ele me abandonou nessa hora?

Será que ele não entende que eu estou a ponto de morrer?

Nesse exato momento seu pai irrompe casa adentro trazendo consigo uma silhueta, que ele não conseguia distinguir quem era.

Filho!

Este é Lucas.

Dizem que ele é um ótimo médico.


Ele sabe o que fazer para acabar com seu sofrimento.

Então o homem se aproximou da beirada do leito do rapaz de 19 anos e disse:

É! Não tem jeito mesmo.

Vamos ter que extrair esse dente Jesus.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A graça subjetiva do ser




Por: Marcio Alves


A graça subjetiva do ser é diferente do fazer e a do fazer é conseqüência do si ser.
Não somos por que fazemos, mas fazemos por que somos.
Podemos fazer e não ser, mas não podemos ser sem fazer.
Para Jesus, a essência do ser esta no ser, e não no fazer.
Deus nos vê em nosso mais profundo ser.

Podemos fazer sem ser, por pressões externas cedermos, mas não adianta se tudo isto não tiver sua origem no mais absoluto ser da interioridade humana.
Fazer por que outros fazem, não constituem em si ser.
Só quando brota da graça que jorra de dentro para fora, e não por obrigações que são impostas de fora para dentro.

A graça de Deus é a de permitir sermos nós mesmos e continuar nos amando, mesmo quando estamos sujos pelos esgotos da vida.
A graça não requer de nós que sejamos outros, mas quer que sejamos tão e somente nós mesmos.

A graça não nos rejeita se não formos o que desejamos ser.
Ela acolhe por que somos o que somos, pois ela é o que é:
Simplesmente Graça!

Diante da graça, ninguém precisa usar mascaras da religião, para sermos valiosos e importantes para Deus.
A graça subjetiva é a contradição religioso de ser e estar em Deus, sem mecanismos, sem mascaras, sem produções, sem legalismos, sem códigos e sem religiosidades.

A graça nos convida para uma vida de dentro para fora, sem amarras e prisões religiosas.
Na graça não precisamos nos esconder, mas aparecer e receber todo o amor de Deus por nós.
Na graça, Deus nos ama e não há nada para se mudar isto, Ele nos aceita, só precisamos reconhecer isto, nos aceitando.

Sem falsos moralismos, numa discursiva ideológica do faz-de-conta-que-não-faz-nada.
Pois ensinamos o que aprendemos, mas reproduzimos o que somos.
Proibições e cabrestos negam a Graça de se ser e de estar livres em Deus que tudo é.

Somos o que no mais profundo subjetivo do ser se é, e se revela:
Humanos imperfeitos, mas amados de Deus, e vivendo por, para, através e Dele.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

domingo, 6 de dezembro de 2009

"O futuro para Deus...o Deus do futuro...o futuro sem Deus"

Por: Edson Moura

Futuro!...Eis aí um tema que inquieta a todos. Para um cristão da atualidade, perguntar se Deus conhece todo o futuro, é perda de tempo, pois sua resposta certamente será a seguinte: “O futuro a Deus pertence!”. Ele nem vai se dar ao trabalho de pensar um pouco sobre o assunto.

Na verdade o cristão (pelo menos em sua maioria), literalmente foge de alguns assuntos, não sei se por medo, ou se por “preguiça de pensar”, ou se por limitação intelectual. (duvido muito que seja esta última, pois até o mais estúpido dos homens é capaz de refletir sobre a existência, a menos é claro, que ele não esteja com suas faculdades mentais em ordem)

Minha intenção com este artigo, não é presunçosamente, querer responder às grandes questões da humanidade, mas sim, levar o maior número de leitores à reflexão sobre Deus, vida, sofrimento, prazer, mal e é claro...o futuro.

A pedido de um amigo, resolvi abrir o verbo neste artigo, mas, se você se considera despreparado espiritualmente para ler algumas linhas que muitos consideram heresias, sugiro que interrompa agora a leitura. Depois não digam que eu não alertei. Vou caminhar por uma linha muito tênue entre o Cristianismo, a cristandade, e o ateísmo. Reconheço que o que escrevemos aqui pode levar muitos à descrença de tudo, mas, quando o indivíduo suporta essas verdades( eu considero verdades), sua fé será inabalável, pois ele terá raízes tão profundas quanto as de uma Palmeira imperial.

Acho que todos os livros e cartas da nossa bíblia, devem ser questionados, pois segundo me consta, o próprio Paulo elogia um povo que desconfia dele, então devemos desconfiar quando o assunto é a palavra de Deus.

Acho que a liturgia cristã deve ser reavaliada, pois o que para muitos hoje é coisa corriqueira ou verdades imutáveis, são vistos com estranheza por outros povos. Querem ver?

Os Maçons meditam numa sala com uma caveira (Representando a morte), é um ritual um tanto quanto estranho, você não acha?

Os hindus entoam cânticos diante de um elefante com quatro braços de nome Ganesha (acho que todos puderam ver isso na última novela exibida em horário nobre). Também é estranho, e muitos de nós consideramos isso ridículo, mas essa é a crença deles.

O que dizer dos Cristãos então?

Nós oramos ou rezamos ajoelhados, diante da imagem de escultura ou mentalizando um homem totalmente ensangüentado e desfigurado coroado com espinhos do deserto, pregado pelos pés e pelas mãos numa cruz. Eles por lá, acham isso muito estranho.

Não sei ao certo,quando comecei a pensar nesses assuntos tão polêmicos, nem quando foi que eu comecei a me perguntar de Deus sabia mesmo o futuro, (acho que foi logo depois de deixar de acreditar que é preciso existir milagres para poder crer em Deus, ou depois que, mesmo muitos dizendo na igreja que eu era uma” benção”, acabei cedendo às tentações do mundo e praticando coisas horríveis, que tiveram uma reação em cadeia,e aqui estou...só!) mas vi que essas questões dizem respeito à nossa fé. Comecei pensar:

Será que Deus sabia de tudo isso e deixou acontecer?

Será que o diabo venceu essa batalha e me arrastou da igreja onde era cooperador, para me destruir, e afrontar a Deus?

Não, não e não!

Foram minhas escolhas! E Deus não interferiu nelas. Sabe por que?

Porque sou livre! Ele me deu essa liberdade, e não me vai “marionetar” até o fim da vida, para eu não tropeçar.

Temos hoje nas mãos, potencial para grandes mudanças filosóficas no nível mundial.
Mas as questões aqui levantadas são complexas demais, ou deveria dizer "engessadas" demais? A teologia já deu seu veredicto, e muita coisa não vai ser mudada. O que pode mudar é como vemos essa teologia.

Faço algumas perguntas para nós mesmos e sinceramente, não espero respostas e sim reflexões sobre o tema, no mínimo aceitável, de todos. Não tenham medo de “arrazoar”, pois Deus gosta disso. “venham então, e argüi-me, diz o Senhor”

Alguns pregadores da teologia da prosperidade desprezam o papel da razão no desenvolvimento da fé cristã, afirmando que ela desvia o cristão de sua espiritualidade. Observamos no pequeno trecho de Isaías 1:18, que o próprio Senhor chama o povo à razão. Sem dúvidas Deus demonstra que a razão é importante para o cristão.

Filosofia é uma área muito perigosa para se andar. Costumo dizer ao Marcio que, para o cristão, esse caminho é um “fio de navalha”. Um amigo muito querido embora não o conheça pessoalmente, que pensa tanto que até criou uma “sala só para os pensamentos”, se perguntou:

O que é o homem?

Tentei ajudá-lo assim: Posso dizer sem medo de estar errado, até porque “herrar é umano”, e isso eu sei muito bem, pois sou um deles (humano), que o homem não sabe, ou não tem certeza de quem é.
E não sabe, ou não tem certeza de para onde vai.

Não sabe qual é o sentido dos insignificantes ou mega-eventos que se sucedem em sua existência e mais grave ainda, afasta essas questões de seu horizonte no cotidiano, tornando-se uma pálida imagem daquilo que está chamado a ser.

Quando a nossa natureza toma conhecimento de si mesma na figura do homem, a razão se estabelece como pilar da busca pela compreensão. Na busca e na incerteza o homem decidiu viver de acordo com sua razão na tentativa última de experimentar um pouco de lucidez em meio a tanta inquietação.
O homem encontrou na razão as possíveis asas que o levariam a levantar os vôos em busca da liberdade. Entretanto, mesmo que a razão e a liberdade sejam os fatores que constituem a busca humana pela vida, não passam de instrumentos na tentativa de uma compreensão ampla da vida e de si mesmo.

Conseqüentemente outras perguntas se levantam:

Por que vale a pena viver?

Qual é o sentido da vida?

Por que existem a dor e a morte?

Qual é a razão do sofrimento humano?

Onde Deus está nessa história?

Ele sabe de tudo, inclusive de nosso futuro? (cheguei onde queria)

As inquietações humanas se manifestam como expressão da própria natureza da razão e está na raiz de todo movimento humano. Na cultura, o fruto do exercício desta razão, é a religião. O desejo de compreender o sentido último da existência revela o senso religioso. A religião se apresenta como resposta mais plausível (e eu considero isso um erro) na busca inquietante por significado. O homem é homem porque não cessa de interrogar-se sobre o sentido do mundo, e não apenas porque é capaz de agir sobre ele, ou moldá-lo de acordo com suas necessidades. O homem se desespera (pelo menos eu me desespero) buscando além de si a compreensão de sua origem e destino.

As perguntas estão aí! Fiquem à vontade para me ajudar a compreender a mim mesmo um pouco mais. Em meio a tantas dúvidas, eu tenho uma certeza: Deus existe e um dia eu o verei!

Pena que fé não tenha outra explicação a não ser a de Paulo:
“Fé é o firme fundamento das coisas que não se esperam, e a prova das coisas que não se vêem”

O que será do homem, quando os grandes e ocultos mistérios da nossa efêmera existência nos forem revelados? Quando, de uma hora pra outra, ficar provado de maneira categórica e irrefutável, que as nossas crenças que são aceitas por meio da Fé, são verdadeiramente... fatos? Ou se for provado que tudo o que cremos, são apenas mitos?

Querem tentar responder ou acham que determinadas questões devem permanecer sem resposta?

Veja o caso dos mórmons: Se ficasse provado que Joseph Smith, era um louco, e que não encontrou óculos mágicos nenhum, nem livro de ouro? O que aconteceria com os fiéis? E se ficasse provado que Sidarta Gautama não atingiu ponto máximo nenhum de evolução e que ficou "gordão de tanto comer"? Que seria dos budistas?

Se descobríssemos que o mar vermelho não abriu, que os muros de Jericó não caíram, que o "Jardim do Éden" nunca existiu de fato é apenas símbolo, muito menos "pecado original"? Que seria dos irmãos menos cultos que vivem estas verdades?

Irmãos já deixei de crer em muitas coisas nessa minha caminhada rumo à "cidade celestial", mas outras, por mais que eu me esforce, ainda não consigo. Minha Fé é testemunhal, ou seja:

Creio porque testemunhas oculares, viram coisas tão surpreendentes que aceitaram mortes bárbaras para defender o que "acreditaram ter visto". Eles morreram com um ideal...o ideal de Cristo. Eles carregaram uma bandeira e lutaram por uma causa. E qualquer causa que valha a sua própria vida, deve ter uma ponta de verdade nela.

E não venham me falar dos doidos que jogaram o avião nas torres gêmeas que isso não vale! Fico por aqui...

Abraços e não deixem de responder!

Edson Moura

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Desabafo de um jovem evangélico



Por: Marcio Alves


Recebi o e-mail abaixo de um jovem e com a sua devida autorização, estou publicando o mesmo.
Para não o expor, omitir alguns dados pessoais seus.

Trata-se de um e-mail, onde o mesmo desabafa comigo e expõe algumas da suas angustias.


(O grifo em vermelho é meu)

Desabafo de um jovem evangélico:

Olá meu amado irmão, gostaria sim de sua ajuda, pq eu já estava começando a me desanimar deste deus que fatalmente e pregado nos dias atuais. Esse "deus" de barganha, "deus" vingativo, rancoroso, que abençoa somente o seu "povo eleito" deixando de lado grande parte da humanidade.


Que deus é esse que tem um plano traçado para nossas vidas? Lembro de um bordão "gospel" que fala Deus tem um plano para sua vida! Como você eu também não acredito que temos nossa vida planejada por Deus, só fosse assim como Deus ama a todos de igual maneira ninguém padeceria ou iria pro "inferno". O que me faz pensar que sou melhor que alguém? Pq Deus me escolheu, se ele ama todos da mesma maneira, não ha escolhidos.



Como eu disse no seu blog, estou em crise com esse "deus" pregado na minha igreja. Eu tinha uma visão muito superficial do evangelho, sempre achei que o meu pastor fosse o super herói que nunca errava, e que tudo que ele falava era o correto a ser seguido! Hoje mais maduro e com opinião própria em relação ao evangelho, acabo ficando de lado aqui na igreja, porque não concordo com “N” coisas que acontecem. Ficam fazendo campanha de oração pra buscar comunhão, crescimento espiritual, etc..., mesmo sabendo que o que está faltando é amor entre nós mesmos. O resultado e trágico, até que melhora, mas só no tempo da campanha, humanamente acredito que quando estamos mais próximos uns dos outros isso flui naturalmente , mas aqui e "milagre" ("tá vendo irmão como tá melhor ?") etc... Quanto termina tudo volta ao normal !

Temos um irmão que está afastado do Ministério de louvor, pra muitos ele está "fraco na fé" isso porque ele não está agüentando da mesma maneira que eu não estou. As pessoas pensam que só por não estarmos fazendo a vontade deles estamos fracos!


O meu pastor quando não concordamos com ele, parece que ficamos meio de lado, ele é extremamente possessivo que quer tomar a frente de tudo, e tudo tem que ser da maneira dele, e o pior e que sempre pagamos por suas escolhas! São tantas coisas Marcio que me perco em meio os pensamente enquanto escrevo este e-mail!

São tantas indignações que às vezes acabo pensando que "eu" estou completamente errado, porque quase ninguém compartilha de meus pensamentos, aí quando procuro no Google , "não acredito em milagres", ou outras frases, encontro o seu blog, recheado de idéias que muito se assemelha às minhas, fico muito feliz porque em seus posts percebo o quanto ama a Deus, e o quanto combate esses evangelhos vazios que hoje são pregados e a maneira em que se é levado esse povo . Que muito querem agradar a Deus, mas são mal influenciados!




Muito obrigado meu irmão !



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Minha resposta:

Meu amigo e irmão Bruno, peço-lhe primeiramente desculpas pela demora em responder o seu e-mail.
Estive muito atarefado por esses dias. (Muito trabalho lá na empresa e respondendo outros e-mails)

Bruno, percebo que você entendeu perfeitamente o que há anos estamos (Eu e o Edson) tentando ensinar para as pessoas.

Muitas das quais não entendem – ou pior, não querem entender – pois, aceitando essas nossas ideias, as tirariam das suas pretensas zonas de conforto eclesiásticas.

É lamentável ver que, a maioria dos evangélicos preferem ficar no “mundo da lua” do que viver na realidade.

Como diria o poeta: “A vida é nua e crua”.

Esquecem que o evangelho e a Fé em Deus não nos colocam vendas nos olhos, levando-nos a fugir da realidade.

Não! Não aceito que a mensagem do evangelho seja reduzida a narcóticos que servem para anestesiar as pessoas, tirando-as da realidade da vida, provocando alucinações.

O evangelho são princípios e valores que nos ajudam a enfrentar a vida com dignidade e coragem existencial.

Meu querido Bruno, analisando o seu problema, ele muito se assemelha ao que já passei.

Pois eu era diácono e professor da escola dominical da Igreja xxxxxx, ministério do xxxxxxx.
Não sei de qual igreja você é, mas conheço muitas, pois ao longo da minha caminhada cristã – uns 15 anos, para ser mais especifico – conheci diversas igrejas, e acredite, as xxxxxxxx são uma das mais equilibradas.

Mas, no entanto, percebo a influência e penetração da teologia da prosperidade também na igreja xxxxxxxxxx.

Os obreiros da minha ex-igreja pregavam muita vitória, milagres e bênçãos materiais.

Até os louvores, eram com temas de vitórias e milagres.

A oração girava entorno de petições de bênçãos materiais.

Estava farto, não agüentava mais ouvir promessas de bênçãos.

Saía do culto pior do que quando entrava.

Até que resolvi ir na contramão, pregava mensagens parecidas com as postagens que escrevo no blog.

Na verdade, a idéia de escrever no blog, saiu do pensamento de pregar o contrário do que ensinava a igreja, que eu não concordava.

Até que um dia, a direção começou a “dês-pregar” o que eu falava.

Percebendo o clima tenso e chato que se criara – pois a direção da igreja não queria tirar-me, pois eu estava lá uns 10 anos, foi quando decidi sair da minha ex-denominação e partir para outra.

Hoje estou em uma igreja que considero uma outra espiritualidade, uma alternativa para sair desses legalismos, paranóias e manipulações.

Mas em relação a você meu amigo Bruno, acredito que você tenha três alternativas (com suas respectivas implicações):

1-Alternativa:
Ficar e tentar mudar a situação – foi o que tentei fazer por dois anos, mas sem sucesso.

2-Alternativa:
Ficar em silêncio aceitando a situação – atitude que não recomendo, pois como você conseguirá adorar a Deus estando desse jeito?

3-Alternativa:
Procurar outra igreja – atitude que é a mais recomendável, pois como diz o ditado popular: “Os incomodados é quem se mudem”.


Enfim, a decisão é toda sua, o que posso fazer por você, é apenas apontar as possibilidades e conseqüências das decisões.

Fico no aguardo para quaisquer dúvidas ou conselhos.

No demais, um abraço.


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

sábado, 28 de novembro de 2009

Petições nobres...motivações, nem tanto


Por: Edson Moura

É preciso, com muita responsabilidade, ou deveria dizer, com honestidade, revermos nossos conceitos quanto às nossas orações. Para isso, é necessário que nós examinemos quais são as motivações que nos levaram a pedir algo a Deus.
Digo isso, porque tenho observado em muitos lugares, principalmente na mídia televisiva, que mesmo sendo pessoas sinceras, e sem maldade alguma em seus corações, acabam por fazer de seu momento de oração, um átrio de pedintes espirituais. (embora eu veja a oração como um ato exclusivo de relacionamento com Deus, não condeno quem use esse momento para fazer também suas petições, até porque nós acharemos respaldo bíblico tanto para uma como para outra atitude)

Nem vou falar de pedidos materiais (engloba: emprego, melhor salário, casa própria, carro, alimentação e vestimentas ‘mesmo que só o necessário’, e afins)
Também não vou “nem tocar no assunto”, daquelas bênçãos que, embora não seja nenhum dos itens citados na lista acima, têm como “beneficiário” somente o “requerente”.

Quero falar aqui daqueles pedidos que são cobertos de nobreza, feitos por pessoas que se julgam (ou nós mesmos as consideramos) politicamente corretas. Mas que na verdade estão apenas mascarando a verdadeira motivação, ou seja, o interesse próprio.

Talvez vocês, meus Caros leitores, digam assim:
Ele fala coisas que não sabe!
Ou ainda:

Ele nunca passou por algo do tipo!
Ou mais:

Ele diz essas coisas porque pra ele a vida deve ser um “céu de brigadeiro” ou um “mar de almirante”! (desculpem-me o pleonasmo)
Devo deixar claro que nem tudo na minha vida é um “mar de rosas” (de novo!), aliás, já passei, e ainda passo por aflições das maiores, e também entendo, e quando posso, participo do drama de meus irmãos. É por esse motivo que eu citei no início do texto, as pessoas sinceras e sem maldade, apenas agem inconscientemente, e minha preocupação aqui é somente levá-las a refletir.

São inúmeros os exemplos que eu poderia colocar, mas quero me ater a somente dois:

Que dizer de uma mãe, que ora constantemente para que seu filho, envolvido com drogas, seja salvo dessa vida de perdição, e venha para Jesus?

As lágrimas por ela derramadas, são as mais sinceras possíveis. As campanhas que ela faz em sua pequena (ou grande) igreja, são pelo nobre motivo de se resgatar uma vida que está se perdendo. (não estou aqui, legitimando campanhas e correntes feitas a torto e a direito por aí)
Mas será, e eu disse SERÁ, que na verdade, ela não quer simplesmente parar de sofrer? Pois eu ouço muitas, mães dizerem as seguintes frases:

Ah meu Deus! Quando é que esse meu sofrimento vai acabar? (sofrimento pela situação do filho)
Não agüento mais meu Deus! Prefiro morrer a sofrer desse jeito!
Então vejam!

A pauta da oração até pode ser nobre, mas as motivações nem tanto.
É claro que isso não é regra, pois muitas orações, além de seu caráter altruísta, são também motivadas pelo desejo de ver a outra pessoa recuperada. É o caso de algumas mulheres que choram ao lado da cama de seus filhos, doentes terminais de câncer. Elas só pedem a Deus que acabe com o sofrimento daquela criança, reconhecendo assim a incapacidade humana para determinados problemas, e abrindo mão daquilo que para ela seria seu maior tesouro neste mundo.

E quanto ao marido, que vendo sua amada esposa, o grande amor de sua vida, acometida por uma doença que certamente a levará à morte, pede a Deus constantemente dia e noite, sem comer nem dormir, implorando que não a leve embora. (também não estou dizendo que Deus mata as pessoas, ou que por muito pedir Ele vai acabar cedendo às exigências humanas. Este é outro assunto, tratado em outros artigos neste blog, os melhores são os escritos pelo Marcio Alves)
Na verdade, o que ele está dizendo é:
Não quero ficar sozinho! Ela é a minha vida, sem ela eu prefiro morrer! Não vou suportar!

Novamente vemos um pedido nobre, mas coberto de interesse próprio.

Sei que é bonito você gostar de uma pessoa ao ponto de pedir intervenção divina por ela. Mas eu só gostaria que antes de orarmos, examinássemos nossas motivações e procurássemos nelas, vestígios de desejos interesseiros que podem estar tão ocultos que somente Deus poderia identificá-los, e Ele consegue!

Os exemplos citados no texto são apenas fictícios, frutos de uma mente que não quer parar de pensar. Peço desculpas a todos aqueles que já passaram por situações semelhantes, e vêem nas minhas palavras uma agressão aos seus sentimentos mais sinceros, sei bem como é isso! Mas como diria Pilatos:
“O que escrevi, escrevi!”
Que Deus nos abençoe a todos, ricos e pobres, bons e maus, crentes ou não, amem!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O Reino dos Excluídos




Por: Marcio Alves


Durante muito tempo, interpretei o sermão da montanha, mais precisamente, as bem-aventuranças como virtudes para se alcançar nesta vida.

Lia com as lentes que me eram dadas, pelos doutores da teologia.

Encarava as beatitudes – assim também chamadas – como regras, preceitos, normas e comportamentos descritos para qualquer cristão que quisesse, entrar no Reino dos céus.

Como por exemplo, o celebre John stott que disse:
“As bem-aventuranças descrevem o caráter equilibrado e diversificado do povo cristão...”
“....As bem-aventuranças são especificações dadas pelo próprio Cristo quanto ao que cada cristão deveria ser.”

Martyn Lloyd Jones interpretando “os pobres de espírito” das bem-aventuranças diz:
“Necessariamente, essa (pobre de espírito) é a primeira das bem-aventuranças devido à excelente razão que ninguém pode entrar no reino de Deus a menos que seja possuidor desta qualidade.”

Enfim, centenas de outras interpretações do cristianismo histórico, seguem a mesma linha de coerência.
Ou seja, não há duvidas sobre as bem-aventuranças, é algo homogêneo e unânime na cristandade.

Só tem um problema, é que eu decidi não mais ler as escrituras com as lentes que me são dadas.

Mas sim, pensar livremente.

Hoje, já não mais concordo com essas interpretações históricas – digo isto, com muito respeito aos grandes vultos do cristianismo, que prestaram o grande favor ao Reino de Deus.

Eis algumas razões:

1- Contexto gramatical.
Quem disse que o sermão da montanha começa no capítulo cinco de Mateus?
A bíblia originalmente, não possui divisões de capítulos e versículos.
Foi o Prof. Stephen Langton que, no ano de 1227 dC a dividiu em capítulos, para facilitar a sua leitura e localização.
Já os versículos, foram organizados, no ano de 1551 dc, pelo Sr. Robert Stephanus

Fazendo uma acurada e minuciosa investigação, o texto do sermão da montanha, não começa no capítulo cinco, mas provavelmente no capitulo quatro e versículo vinte e três, que diz:

“E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.

E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava.

E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão.” (Mt 4 v 23 – 25)


2- Contexto Histórico.
Dizem os historiadores que, na época de Jesus, o povo pobre era massacrado e oprimido pelo império Romano.
As pessoas as quais, Jesus se dirige, são indefesos, injustiçados e perseguidos.

Portanto, ouso re-interpretar o sermão da montanha, dizendo:

Pobres de espírito:
Não são – como gostaríamos que fossem – nós, humildes espirituais.
Mas sim, pessoas desprovidas de inteligência, pobres materiais que vivem mendigando para sobreviver.

Os que choram:
Não são aqueles sensíveis espirituais, dependentes de Deus, mas antes, os oprimidos que choram pelas injustiças e dramas humanos.

Os mansos:
Não são os que têm o temperamento controlado pelo Espírito Santo, mas antes, os dominados pelos sistemas de poder, que são esmagados. Que não conseguem reagir, não tem forças para lutar e reverter a situação.

Os que têm fome e sede de Justiça:
Não somos nós, pessoas boas que sofrem – ou pelo menos tenta sofrer – a dor do outro, mas antes, os que sofreram injustiças nesta vida. Por exemplo, a mãe que perdeu seu filho, o desgraçado na África, que não tem o que comer em um mundo de Bilionários, os doentes terminais que mal são atendidos nos hospitais.

Misericordiosos:
São pessoas que ajudam as outras naquilo que ela mesma perdeu (sofreu).
São pessoas miseráveis que tem um coração (daí a expressão, “miseri” + “cordia”) generoso para com os desgraçados.

Limpos de coração:
Não são pessoas santas, seguindo um padrão de perfeição moral que é ditado em formas de regras pela igreja.
Mas antes, as pessoas ingênuas, bobas e simples que, muitas vezes são facilmente enganadas e passadas para trás.

Pacificadores:
São os que desejam a paz, odeia as brigas e guerras.

Os que sofrem perseguições:
Enfim, o sofrer perseguição, resume bem as bem aventuranças.

Pensem comigo.........Quem são os pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, misericordiosos, limpos de coração, pacificadores, os que sofrem perseguições, descritos por Jesus?

Quem no mundo que vivemos, sofre mais o drama humano?

A grande boa nova deste texto é que:

Essas descrições da bem aventurança, não são de virtudes que devemos almejar ou alcançar, mas de pessoas que foram esmagadas pela vida.

Essas pessoas não são do Reino de Deus por serem assim, mas apesar de serem assim.
Ninguém precisa desejar sofrer, como se houvesse virtude no sofrimento, mas apesar de sofrerem são amadas por Deus e bem vindas no seu Reino
.”

Por isso é que Jesus disse:
“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça” (Mt 6 v 33)

Buscar o Reino, não é programações da igreja:

Evangelizar (leia-se, fazer proselitismo), dar dízimos e ofertas, participar de campanhas, trabalhar na “obra”, ter cargos ministeriais – ou seja, ativismo religioso, não é a essência do Reino.

Mas pasmem – os evangélicos mais conservadores – o Reino de Deus é feito por, de e para as pessoas.

Buscar o Reino é ajudar o oprimido e necessitado.
Que tem que ser acompanhado por justiça.
Pois não há paz, sem justiça.

Justiça!
Essa é a prioridade do Reino de Deus.

Aliás, não somente o Reino de Deus é um reino de pessoas, mas o próprio Rei deste Reino é visto nas pessoas pobres e oprimidas.

“E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mt 25 v 40)

Pois a religião de Jesus, não é confessional – como bem expressou o Gresder: “Não são palavras mágicas na hora de morrer, não são senhas bíblicas e evangélicas que a pessoa fala com a boca.” – mas de praticidade:

Religião dos evangélicos (confessional):
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus” (Mt 7 v 21)


Religião de Jesus (prática):
“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica” (Mt 7 v 24)

“Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.” (Mt 7 v 12)


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eu duvido, logo penso, logo existo

Por: Edson Moura

Às vezes (e hoje é uma dessas vezes), minha mente fica totalmente “vazia de tão cheia”. Não sei se isso já aconteceu com vocês leitores, mas comigo acontece de fases em fases.

Paradoxo-mental!

É assim que eu chamo isso (nem sei se já nomearam esse fenômeno ou se é um fenômeno), pois são tantos os pensamentos que eu acho que nunca vou conseguir organizá-los.

Pareço estar “VOLTANDO AO GÊNESIS” da minha existência. Começo re-capitular cada passo, cada minuto do meu passado e num segundo momento, me surpreendo imaginando o futuro (meu futuro). É então que surgem as crises existenciais.

Não me disseram! Ninguém me alertou! Também não veio nenhum manual de instruções explicando como seria a vida a partir do momento em que eu aceitasse a Jesus como meu Senhor e salvador. Só depois de muito tempo descobri que o manual era a palavra de Deus escrita por homens comuns.

Hoje, depois de anos, consegui me desvencilhar das velhas tradições da igreja, e optei por um “CRISTIANISMO A-RELIGIOSO”, sem medo do inferno eterno e também sem cobiça insana pelo céu de pedras sardônicas e portas de pérolas.
Sem medo da ira de um Deus terrível e vingativo, mas também sem ilusões de um Deus que (só pelo fato de eu servi-lo) me livre das agruras da vida. Simplesmente, passei a seguir um Deus que tem o rosto de Jesus, o filho do carpinteiro.

Mas repito!

Às vezes os pensamentos, as idéias, se misturam. E a mente fica “vazia de tão cheia” novamente.

Sinto-me muito distante desse Jesus da Galiléia. Sinto que somente as “FAGULHAS DO DIVÍNO NO HUMANO” é o que me sobrou. Parece que sou tocado apenas por “PARTÍCULAS DA GRAÇA
Mas continuo caminhando, tropeçando, caindo, me arrastando ...e me levantando para retornar à peregrinação.

Muitas vezes, mal compreendido pelos que estão lá encima do “PULPITO CRISTÃO
Apedrejado sim! Por aqueles que amo tanto! (e amo mesmo). Ignorado por pessoas as quais eu daria meu pescoço pra ser cortado, sem pestanejar. (não estou sendo demagógico)

Disseram-me, lá no início, que existe uma “PALAVRA QUE LIBERTA”, mas não me vi livre. Livre sim, do peso do pecado. Sim livre da acusação da lei, mas “preso a uma vida de liberdade”, quando "TOMEI A PÍLULA VERMELHA".

Portanto: “EU FICO COM A PALAVRA DE DEUS”, mesmo que as vezes, confesso, sinto falta (pouca falta) daquele tempo em que eu acreditava que as rodas do destino eram movidas pelo Senhor dos exércitos, e tudo acabaria cooperando para o meu bem, pois eu o servia.

Era mentira! Hoje sei que não é assim.

Novamente, minha “SALA DO PENSAMENTO” está vazia, de tão cheia que se encontra.
Ensaio um novo comportamento...proseio comigo mesmo, e entre esses “ENSAIOS E PROSAS”, me vejo de novo no início de tudo...no meio de tudo...querendo mesmo... é o final de tudo, sair deste mundo, ao qual eu não pertenço, e pular dentro da “BACIAS DAS ALMAS” que Deus deve ter preparado para nos lavar.

Tento encontrar, mais uma vez, “OUTRA ESPIRITUALIDADE”, uma nova, que me permita viver...ou morrer em paz...paz no meu espírito.

Mas tenho medo!

Medo de ser irresponsável, medo de conduzir ao erro, aqueles que o Senhor tanto ama, àqueles pelos quais Ele entregou a própria vida. Então me calo, e procuro não pensar (como se isso fosse possível ao Ser humano)

Começo a perceber então irmãos, que preciso desesperadamente continuar vivendo, não posso parar a peregrinação, encontro forças no meu companheiro “FIEL” (Marcio Alves), para vencer o “GIGANTE DESESPERO”.

Caminhamos rumo à “CIDADE CELESTIAL” (penso), mas com uma certeza no coração:
Esse “OUTRO EVANGELHO” que anunciamos, na verdade é outro mesmo...é aquele que Jesus pregou na palestina...e se perdeu no tempo.

Vejo uma luz...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O Deus humanamente humano




Por: Marcio Alves



A mensagem central da nossa fé é a de que; “Jesus é o Emanuel – Deus conosco – em forma, carne, vida, cor, cheiro, sentimentos, pensamentos e desejos humanos, que entregou a sua própria vida, crucificado e morto em uma cruz e ao terceiro dia ressuscitou corporalmente”.

Ou seja, o Cristo ressurreto, assentado à direita de Deus, ainda é o homem-divino!

Parece-me que, há mais dificuldades de se falar e crer a respeito da humanidade de Deus no meio teologizado dos evangélicos, do que para as pessoas não cristãs ou hereges.

Isto se deve a:

1-Influências filosóficas.
A helênica foi a mais fundamental nesse processo de divinizar o divino (desculpem-me, minha proposital redundância, mas não consegui resistir). Agostinho, discípulo da escola neo-platônica, levou e imputou a ideologia grega do que é ser Deus aos compêndios sistematizados da teologia.

2-Contexto histórico.
Mergulhado em um contexto dos grandes impérios e Reis, chegando até a época dos senhores feudais, se projetou um “deus” déspota.
Pois a lógica é a seguinte: Se os homens-mortais tinham (ou tem) o poder de controlar e mandar em pessoas, quanto mais “deus”.

3-Imaginação dos homens.
No subconsciente-inconsciente, o homem projeta em Deus, a imagem de um super-homem que, comanda e controla a tudo e a todos com o seu super-hiper-mega-ultra-poder.

Vêem em Jesus, um “deus-estrategista”, que vive com uma prancheta na mão controlando e contornando todas as circunstancias.
Que diz: Vou por câncer nesta mulher aqui, matar um filho ali, fazer o avião cair e matar 200 pessoas lá, vou dar uma mãozinha acolá para aquele rapaz ser atropelado, tudo para um propósito, para colher no futuro.
Ou seja, um deus-desumano.

Porém, fazendo uma acurada análise dos textos bíblicos, eis minhas percepções:

Por toda a bíblia, são duas, as maiores forças de Deus:


1-Todo-poder.
2-Todo-amor.

Toda vez que Deus, utilizou como recurso o seu todo-poder, não foi suficiente para gerar uma Fé e amor consistentes no coração das pessoas.

Velho testamento: Milagres extraordinários e extraterrestres de Deus ao povo de Israel, mesmo assim eles murmuram, duvidaram e foram infiéis para com Deus.

Novo testamento: Jesus curou e realizou milagres a multidões incontáveis, mas na hora “h”, o povo gritou que libertassem Barrabás e crucifica-se Jesus.

E finalmente, o poder é passivo de imitação.
O diabo imita o poder – estão lembrados dos magos de Faraó no Egito, e dos falsos profetas vaticinados no novo testamento? – mas não consegue e nem conseguirá imitar o Amor de Deus.
Lembrem-se todos; um “deus” poderoso, mas sem bondade e amor, seria um demônio encarnado em poder.

A verdadeira religião, não é a que consegue provar o poder de Deus, pois esse é um axioma – aquilo que é tão obvio que não precisa ser provado – teológico-filosofico, mas antes o que revela o seu Amor no verbo encarnado.

A humanização de Deus é a nossa grande prova do Amor e solidariedade Dele com a raça humana.

Quando fazemos uma leitura atenta dos evangelhos, percebemos que a ênfase do mesmo não recai em um Jesus divino, mas o contrário, num Deus-humano, pois diversas vezes, Jesus referia-se a si mesmo como filho do homem.

A revelação de Jesus é de tamanha loucura que por isso eu creio. Não poderia ser elaborada por uma mente humana, que sempre projeta um Deus imenso-divino-poderoso, que está acima de nós.

Ai vem os evangelhos e paradoxalmente nos diz que Deus se fez homem, que pode ser tocado, abraçado, rejeitado, morto, que venho para servir e não para ser servido pelos homens.

Pois em Jesus, Deus chora o nosso choro, sente a nossa dor, solidão, desespero, angustia, desprezo, morre a nossa morte, mas também sente a nossa alegria, se diverte tomando vinho – vinho mesmo, e não suco de uvas – e comendo com os publicanos e prostitutas, dançado nas “baladas” judaicas, sorrindo com as trapalhadas de Pedro, atraindo as criancinhas com a sua simpatia e se revoltando contra as manipulações dos religiosos de sua época.

Os fariseus querendo denegrir Jesus, logo o rotularam, mas o que eles não sabiam que, justamente esse rótulo, seria a mais bela de todas as expressões bíblicas a respeito de Deus, a saber; “AMIGO DOS PECADORES!” (Mt. 11:19)

Enfim, se Jesus viesse desta mesma forma para a terra hoje, os evangélicos seriam os primeiros a crucificá-lo.

Pois Cristo é uma incoerência filosófica-teologica.

Porque (in?)conscientemente o que os evangélicos querem é um Deus poderoso, que resolva os seus problemas.

Por isso a grande temática que reina nos cultos é o Deus soberano, forte, guerreiro, dominador, prodigioso, nunca o Deus que se fez carne, o Deus de amor eterno.

Enquanto nós estamos querendo teologizar Deus, Ele mesmo se propôs a si dês-teologizar.

Buscamos o caminho de uma espiritualidade transcendental, que se eleva acima dos mortais, porém esquecemos que o Caminho a Verdade e a Vida, é o caminho da humanização.

Somos convocados e desafiados por Deus, não a nos divinizar, mas nos tornamos mais humanos, mas parecidos com Jesus de Nazaré, que andou pelas ruas poeirentas da palestina.

Enquanto os evangélicos não aprenderem essa valiosa lição de que, o Jesus que temos que imitar, não é o descrito em apocalipse; como Leão da tribo de Judá, vitoriosamente triunfante, guerreiro, Senhor dos Exércitos, Reis dos Reis e Senhor dos Senhores, Todo-poderoso, Alfa e Omega, divinizado e exaltado pela sub-cultura evangélica, como a força maior, Deus dos deuses.


Mas antes, o Jesus esvaziado, servo, indefeso, humilde, carpinteiro, que lavou os pés em poeirentos dos discípulos, que sendo Deus, chorou compassivamente diante do tumulo de seu amigo lazaro e impotentemente diante da rebeldia do povo de Israel, que veio apregoar o seu Reino, que não é deste mundo, pois é um Reino de amor, misericórdia, solidariedade, amizade, afeto, companheirismo, continuaremos arrogantes, mesquinhos, poderosos é verdade, mas cada vez mais distante de Jesus.

Ou como diria Leonardo Boff: “É que Jesus era tão humano que só poderia mesmo ser Deus"


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

sábado, 7 de novembro de 2009

Deus do Pentatêuco ou Jesus da Galiléia?



Por: Edson Moura

Antes que me condenem, quero avisar que não estou dizendo que são 2 (dois) Deuses, e sim um único Deus, mas que é “projetado” em nosso consciente-inconsciente da maneira que melhor se adapte ao nosso modo de viver o cristianismo. Boa leitura!

Os Fariseus podem dormir seu sono tranqüilo, pois eles falharam, não conseguindo calar a voz de Cristo, mas hoje, milhões de cristãos abafam e deturpam o Evangelho pregado na palestina.

Infelizmente estão fazendo um “bom” trabalho!

A criação revela tanto poder que desconcerta nossa mente e deixa-nos sem palavras. Somos enamorados e encantados pelo poder de Deus. Gaguejamos e hesitamos diante da santidade de Deus. Trememos diante da majestade de Deus... e apesar disso mostramo-nos melindrosos e ressabiados diante do amor de Deus.
Fico estupefato diante da difundida recusa, em nossas terras, em pensar-se grande sobre um Deus amoroso. Como nervosos cavalos “puro-sangue” sendo guiados à linha de largada do grande prêmio, muitos cristãos relincham, escoiceiam e pinoteiam diante da revelação do superabrangente amor de Deus em Jesus Cristo.

Em minha jornada como cristão errante, tenho encontrado chocante resistência ao Deus que a Bíblia define como Amor. Os céticos estão entre os acadêmicos untuosos e excessivamente polidos que sugerem discretamente traços da heresia do universalismo a crentalhões ultraconservadores que enxergam apenas o implacável e empoeirado Deus guerreiro do Pentateuco, e insistem em reafirmar as frias demandas de um perfeccionismo infestado de regras.

Nossa resistência ao amor furioso de Deus pode ser traçada de volta à igreja, a nossos pais e pastores e à própria vida. Foram eles, (protestamos) que esconderam a face do Deus compassivo em favor de um Deus de santidade, justiça e ira.
No entanto, se fôssemos verdadeiramente homens e mulheres de oração, nossos rostos como pederneira e nosso coração devastado pela paixão, abriríamos mão de nossas desculpas. Pararíamos de colocar a culpa nos outros.
Temos de sair para um deserto de algum tipo (seu quintal serve) e adentrar uma experiência pessoal com o assombroso amor de Deus. Então poderemos concordar com conhecimento de causa, com o místico inglês Julián de Norwich: "A maior honra que podemos dar ao Deus Todo-Poderoso é viver com alegria pelo conhecimento do seu amor".


Poderemos entender porque, como observa o Dicionário teológico do Novo Testamento, de Kittel, que nos últimos dias de sua vida na ilha de Patmos o apóstolo João escreveu, e escreveu com majestosa monotonia, sobre o amor de Jesus Cristo. Como que pela primeira vez, poderemos compreender o que Paulo queria dizer: "Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm 5:20,21).
Da mesma forma que João escreveu, no crepúsculo da vida, apenas sobre o amor de Jesus, Paulo também escreveu abundantemente sobre o evangelho da graça:

•A graça de Deus é a totalidade pelo que homens e mulheres são tornados justos .
•Pela graça Paulo foi chamado.
•Deus derrama sua gloriosa graça sobre nós em seu Filho.
•A graça de Deus foi manifestada para a salvação de todos.
•A graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo.
•A graça é depósito ao qual temos acesso através de Jesus Cristo.
•É um estado ou condição em que nos encontramos.
•É recebida em abundância.
•A graça de Deus abundou mais que o pecado.
•Ela se estende para mais e mais pessoas.
•A graça contrasta com as obras, que carecem do poder para salvar; se as obras tivessem esse poder, a realidade da graça seria anulada.
•A graça contrasta com a Lei. Tanto judeus quanto gentios são salvos pela graça do Senhor Jesus.
•Apegar-se à Lei é anular a graça e quando os gálatas aceitaram a Lei caíram da graça.

Sim, o Deus gracioso encarnado em Jesus Cristo nos ama.

A graça é a expressão ativa deste amor. O cristão vive pela graça como filho do Abba, rejeitando por completo o Deus que pega as pessoas de surpresa ao menor sinal de fraqueza — o Deus incapaz de sorrir diante de nossos erros desajeitados, o Deus que não aceita um lugar em nossas festividades humanas, o Deus que diz "você vai pagar por isso", o Deus incapaz de compreender que crianças sempre se sujam e são distraídas, o Deus eternamente bisbilhotando à caça de pecadores.

Ao mesmo tempo, o filho do Pai rejeita o Deus de cores pastéis que promete que nunca vai chover no nosso desfile.

O filho de Deus sabe que a vida tocada pela graça chama-o para viver numa montanha fria e exposta ao vento, não nas planícies aplainadas de uma religião sensata e de meio-termo.
Pois no coração do evangelho da graça o céu escurece, o vento ruge, um jovem sobe um outro monte Moriá em obediência ao Deus implacável que exige tudo.


Ao contrário de Abraão, ele carrega nas costas uma cruz, e não lenha para o fogo... como Abraão, em obediência a um Deus selvagem e irrequieto que fará as coisas da sua forma não importe o que custe.

Esse é o Deus do evangelho da graça. Um Deus que, por amor a nós, mandou o único Filho que jamais teve, embalado em nossa própria pele. Ele aprendeu a andar, tropeçou e caiu, chorou pedindo leite; transpirou sangue na noite; foi fustigado com um açoite e alvo de cusparadas; foi preso à cruz e morreu sussurrando perdão sobre todos nós.

O Deus do cristão legalista, por outro lado, é com freqüência imprevisível, errático e capaz de toda espécie de preconceito. Quando vemos Deus dessa forma sentimo-nos compelidos a nos envolvermos em alguma espécie de mágica para aplacá-lo. A adoração de domingo torna-se um seguro supersticioso contra os seus caprichos. Esse Deus espera que as pessoas sejam perfeitas e estejam em perpétuo controle de seus sentimentos e emoções. Quando gente esmagada por esse conceito de Deus acaba falhando — como inevitavelmente acontece — ela em geral espera punição. Ela por isso persevera em práticas religiosas ao mesmo tempo em que luta para manter uma imagem oca de um eu perfeito. A luta em si é exaustiva.


Os legalistas nunca são capazes de viver à altura das expectativas que projetam em Deus. Percebi como era difícil para mim olhar para elas e dizer: "Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem".


As duras palavras de Jesus dirigidas aos fariseus estendem-se pelo curso dos anos. Hoje em dia elas não se aplicam apenas aos televangelistas que caíram, mas a cada um de nós. Distorcemos por inteiro o sentido do que Jesus disse quando usamos suas palavras como armas contra os outros. Elas devem ser assumidas pessoalmente por nós.


Essa é a forma e o formato do farisaísmo cristão dos nossos dias. A hipocrisia não é privilégio de quem está por cima. O mais empobrecido entre nós tem potencial para ela. "A hipocrisia é a expressão natural do que é mais perverso em nós."

O “Outro Evangelho” que apresentamos, mostra um Jesus que perdoa pecados — incluindo pecados da carne; que ele sente-se à vontade na companhia de pecadores que se lembram de como mostrar compaixão, mas que não pode e não terá um relacionamento com os que são hipócritas no Espírito.


Talvez a verdadeira dicotomia dentro da comunidade cristã da atualidade não seja entre conservadores e liberais, ou entre criacionistas e evolucionistas, ou entre calvinistas e arminianos, mas entre os despertos e os adormecidos. . Da mesma forma que todo homem inteligente sabe que e estúpido, o cristão desperto sabe que é limitado e dependente da graça.

Embora a verdade nem sempre seja humildade, a humildade é sempre verdade: o reconhecimento sem rodeios de que devo minha vida, meu ser e minha salvação a outro. Esse ato fundamental jaz no âmago de nossa reação à graça.
A beleza do evangelho verdadeiro está na percepção que ele oferece de Jesus: a ternura essencial do seu coração, de seu modo de ver o mundo e de seu modo de relacionar-se com você e comigo.


"Se você quer de fato compreender um homem, não apenas ouça o que ele diz, mas observe o que ele faz".


Que a maravilhosa graça de Deus toque-nos a todos.