*Foto
do ônibus não é ilustrativa: é real. Foi o acidente que eu escapei.
Acabei de escapar ileso de um acidente: estava dentro do ônibus
da viação Águia Branca, que voltava as 23h30, de Vitória à Ponto Belo, Espírito
Santo, que bateu em um caminhão de boi, ferindo sete pessoas, três em estado
grave, entre Colatina e São Domingos, por volta das três horas da madrugada de hoje.
A frase mais ouvida por mim foi a de que “Deus me livrou”. Mas
hipótese que já descartei, com o seguinte (corajoso) questionamento: o que
tinha em mim de diferente dessas sete vitimas, que fez Deus me livrar e a elas
não?
Minha solidariedade e humanidade me faz posicionar ao lado
das vitimas: não consigo conceber um Deus justo e bom, que em um mesmo
acidente, livra alguns (eu) para deixar outros (sete) a mercê de seu próprio
destino, ou, (o que é terrivelmente pior): determina quais se salvarão e quais se
acidentarão.
Sou muito humano para aceitar tal ideia (popular) de Deus (que faz distinção para livrar) e um
pouco inteligente para aceitar tal explicação “milagrosa” do meu
livramento.
Prefiro tatear explicações mais, digamos, humanas e
corajosas: por causa de alguns fatores controláveis e planejáveis, e outros,
por mera “sorte”, escapei ileso.
Primeiro: toda vez que viajo, sempre prefiro poltronas que
ficam do meio para o fim do ônibus: sempre me ocorreu a possibilidade de um
acidente onde os primeiros da frente serão (obviamente) os primeiros atingidos,
caso o ônibus bata de “frente”; e, sentar antes do final, para se caso baterem
na traseira do ônibus, não ser o primeiro dos últimos a ser atingido.
Segundo: sempre uso cinto de segurança, pois isso se não
ajudar na hora de um acidente mais grave, mal não vai fazer, além de muitas estatísticas
mostrarem que o cinto pode literalmente salvar uma vida em acidentes.
Terceiro: contar com a sorte mesmo. Eu não escrevi errado. Escrevi
sorte, porque quero dizer sorte mesmo. Se existe acidente para o mal, no caso
do azar, do famoso estar na hora e lugar errado, existe também, o acidente para
o bem: de não estar na hora e lugar errado.
O que quero dizer é que graças a fatores controláveis, como
os que citei, e os que não estão em nosso controle (você estar dentro de um
avião, por exemplo, que cai e mata todo mundo), é que podemos falar sempre em
probabilidades e possibilidades, mas nunca de certezas.
O que significa dizer que o que aprendi é o que já sei, mas
que foi reforçado: tome todos os cuidados necessários que estejam em seu
alcance, mas saiba que a vida é como uma roleta russa: a qualquer momento
podemos não escapar de um acidente.
Mas enquanto isso não chega, sou grato a Deus só pelo fato
dEle não intervir nos acidentes, seja para bem, seja para o mal, porque afinal,
um Deus universal, que não livra, mas que também não "permite" (leia-se "provoca") acidentes, é muito mais humano
e justo, do que um Deus que livra "pela metade" (incompetência?) ou em "partes" (o famoso Deus me livrou de morrer, mas não me livrou de sofrer um acidente grave e parar num hospital).
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