segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Que Deus é esse?



Por: Marcio Alves


Que Deus é esse, que é gerado em um frágil ventre de uma mulher?

Que Deus é esse, que nasce bebê em uma manjedoura?

Que Deus é esse, que engatinha e mama nos seios de sua mãe?

Que Deus é esse, que brinca e se diverte sendo uma criança?

Que Deus é esse, que trabalha como carpinteiro?

Que Deus é esse, que vivem uma vida pobre como a maioria dos mortais desta terra?

Que Deus é esse, que vive, anda, senta, come e bebe com os mais vis pecadores?

Que Deus é esse, que vive nossa vida, nossas crises, nossos medos, e morre nossa morte?

Que Deus é esse, que se compadece dos pobres e indefesos?

Que Deus é esse, que é esmagado pela violência humana?

Que Deus é esse, sensível ao drama humano, que sente a nossa dor?

Que Deus é esse, que chora o nosso choro, alegra-se com a nossa alegria?

Que Deus é esse, que abre mão da lei, por causa da vida?

Que Deus é esse, que não se importa em ser incoerente para defender vidas?

Que Deus é esse, que ao invés de mostrar poder, se mostra frágil?

Que Deus é esse, que ao invés de manipular, deixa-se livre?

Que Deus é esse, que abre mão do poder, por causa do seu imensurável Amor?

Seu maior poder não reside em ser mais poderoso e mais forte do que todos os outros “deuses”, mas no seu mais frágil e sensível Amor.

Quando pediram para o Apostolo João que em sua carta “definisse” Deus com uma só palavra, ele não escolheu “todo poder”, mas Amor.........”Deus é Amor”.

O tamanho da dor é proposicional ao tamanho do amor.
Quanto mais se ama, mais se sente a dor.
Quanto maior o amor, maior a dor.

Uma criança que morreu por ter sofrido um acidente, pode nos sensibilizar ao ponto de chorarmos e ficarmos profundamente tristes, mas nunca, essa nossa dor se comparará a dor da mãe desta criança.

Mas por quê?

Porque o amor da mãe pela criança é maior do que o amor de uma pessoa que não a conhece, e que apenas se sensibilizou.

Portanto, o amor da mãe que é muito profundo a levará a sofrer uma proporcional dor profunda.

E o amor de Deus por nós?

É infinitamente maior que o nosso, O levará a sentir igualmente dores infinitamente profundas.

Portanto esse Deus é o nosso companheiro que nunca nos deixará e nos abandonará, porque simplesmente esse Deus, é o Deus que em Cristo nos revela o seu grande, poderoso e contraditoriamente frágil e sensível amor!

Que Deus é esse?

Esse é o Deus esvaziado do poder e encarnado em amor!


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

13 comentários:

  1. Gostei de ver; quero dizer gostei de ler, estais se revelando um grande poeta, tu és um prodigio...rsrsr.

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  2. Amigo Márcio, tudo bem?

    Estou gostando muito desse "projeto" que você e o Edson estão desenvolvendo: O projeto radical da humanização e fragilização voluntária de Deus.

    Mas como exercício dialético, vou incorporar um conservador literalista e dogmático.

    Vou chamá-lo de Armínio Calvinus...

    O Armínio quer saber:

    "Muito legal e bonito essa humanização radical toda, mas vocês estão esquecendo da sua posterior "glorificação". O estado "real" do Deus humanizado não é a identificação absoluta com o "ser amor" e do ser "fragilizado". O estado final do Nazareno-Amor é ser o justo-juiz: Se um dia ele amou, um dia ele deixará de lado o amor e usará toda a sua ira de juiz ao condenar todos os que rejeitaram o seu amor.

    Isso porque, o Justo-Juiz, sofre profundamente de rejeição quando os que ele ama, dispensam o seu amor. Então ele os ama e os suporta. por enquanto. Mas no dia do Julgamento, aí ele mostrará a sua "definitiva face" que é de Juiz que já estabeleceu o veredito contra os acusados que agora, já não mais tem direito a um advogado amoroso.

    No tribunal do Nazareno-Glorificado-Juiz não há advogados, somente a sentença: culpados por não abraçarem o seu amor.

    Então, corja de pecadores, aproveitem a oportunidade de hoje, enquanto tens advogado, de se arrependerem, pois naquele Dia, o juiz não terá ninguém por inocente.

    O crime da corja: não querer o amor oferecido e viverem no pecado.

    Eles poderiam ser salvos se mesmo pecando aqui e ali, tivessem aceitado o seu amor, mas agora....

    FOGO!!!"

    Armínio Calvinus espera uma resposta.

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  3. Irmão,desde quando você está me escondendo esse talento pra poesia?

    Belíssimo texto que pra seu azar, acabou me inspirando a escrever também.

    Sei que não deveria postar agora, mas não deu pra segurar o impulso, espero que me perdoe.

    Abraços meu amigo "Jônatas"

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  4. Márcio deixa eu responder também para esse Armínio Calvinus.
    Armínio Calvinus só podia ser um ser contraditorio mesmo rsrs. Tú tá brincando né nego?

    "Porque todo aquele que vive e se alimenta conscientemente do mal e das trevas e odeia a luz a verdade e a bondade, naturalmente não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem anseia pela verdade, justiça e misericordia vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus."

    Ora aqueles que não aceitam o amor se auto excluem a si mesmos, de forma que o seu propio ser não reconhece a luz a bondade e a fidelidade.Quanto ao amor do Juiz, este deve ser um amor livre pois amar é aceitar não ser amado.

    Já a condenação éla não vem pela simples recusa mas pelo estado absoluto do ser de não permitir ser produzido nele a condição de espírito que correspodente ao espírito de amor e graça que permeiam o ambiente e a relaçao dos entes que serão ou são salvos.

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  5. Eduardo, que história é essa de "projeto radical" rss

    Radical era um cara que eu ouví dizer que se tivesse 100 ovelhas e uma se perdesse, ele deixaria as 99 e sairia atráz dessa uma, colocando em risco a vida das 99

    Radical era esse mesmo jovem que ao ouvir um leproso pedindo pra ser limpo, não só o limpou, como também o abraçou

    Radical era esse "inconsequente" chamado Jesus que deixava uma mulher de má reputação, lavantar suas vestes e massagear suas pernas com óleo e depois de tudo ainda permitir que ela as secasse com os cabelos

    Radical era o rabino que permitia que seus discipulos invadissem uma plantação de cereal em pleno sábado, para saciar a fome

    Ser radical é perdoar a quem o está matando

    ser radical é ter poder de aniquilar e mesmo assim não fazê-lo

    É acho que você tem razão Eduardo, um humano não faz essas coisas, ou melhor, um humano não entende essas radicalidades pois ele está muito ocupado tentando ser divíno.

    Armínio Calvinius...

    Um humano não dá a vida pelas ovelhas!

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  6. Prezado Márcio

    Belíssimo ensaio!

    O que você escreveu não deixou Jesus tão pequeno, como poderão pensar alguns. Pelo contrário, seu artigo deixou Jesus grande e bem perto de nós.

    Quem é esse filho de Maria e de José (descendente de Davi), que se fez Filho de Deus pelo espírito de santificação?

    - É o nosso irmão de dores, Jesus, que veio sentir a fraqueza da condição humana para concluir que, só poderemos chegar Lá pela misericórdia.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Jair
    Eu? Um grande poeta? Prodígio? rsrsrsrsrs
    Quem dera se tivesse metade da vossa capacidade e belezura de escrever poesias.

    Não sou poeta, mas sou teimoso, por isso vou tentando “arranhar” uns poemas-teológicos – que tal, se chamar teopoesias? Rsrsrsr

    Ô Armínio Calvinus, depois do que o Gresder e o Edson escreveram, tu ainda queres que te respondas? Rsrsrsrs

    Gresder e Edson, é uma covardia argumentar após vós, mas vamos apenas, digamos, complementar vossos argumentos para o ultra-conservador-ortodoxo-fundamentalista Armínio Calvinus:

    Tudo que foi escrito, pensado e dito antes e depois – A.C e D.C – de Cristo, tem que ser interpretado por e através dEle.

    Jesus é a grande chave de compreensão de quem é Deus!

    Não importando a discussão entorno do literalismo ou simbolismo da pessoa de Jesus.

    Em Cristo, Deus é!


    Mestre Levi

    Mais uma vez foste preciso, indo no cerne da postagem supracitada.

    A humanização de Jesus, o deixa mais divino, e sua divindade o deixa mais humano.

    Pois como disse Leonardo Boff: “É que Jesus era tão humano que só poderia mesmo ser Deus"


    Um abraço para todos!

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  9. olá. obrigado pela visite. fique à vontade para comentar, critiar ou opinar.
    abraços

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  10. Edson, eu disse "projeto radical" no bom sentido: eu assino em baixo.

    Já o Arminio Calvinus está descontente com essa humanização toda e acha que vocês estão "enfraquecendo" demais a Deus. Ele quer chamar a atenção do Jesus-Juiz que aguarda a paciência divina se esgotar para fazer a limpa na humanidade: separação de salvos e perdidos.

    Por que é esse o pensamento da teologia tradicional e eu não sei até que ponto os pensadores que aqui discutem concordam ou não com ela.

    E aí, a paciência do amor divino tem prazo de validade?

    O Nazereno que a ninguém desprezou, um dia vai mudar de posição?

    Logo, o Armínio quer que vocês falem mesmo é do julgamento, do Deus Juiz, do Deus que um dia terá a sua longanimidade exaurida.

    Devo deixar claro que esses temas bíblicos são a base do pensamento tradicional, e que definitivamente, não fazem mais parte do meu (eduardo) pensamento teológico.

    Mas os que pensam tal qual o Armínio deixam aqui o seu protesto.

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  11. Ô Eduardinho (ops! Quer dizer, Arminio Calvinus, rsrsrsrs)

    Não concordamos também com a teologia tradicional, de um Deus “irado” que amaldiçoou a humanidade “caída”, que em breve ira destruir esta mesma humanidade e o mundo irremediavelmente apodrecidos pelo pecado, poupando apenas os “escolhidos” pré-destinados de antemão antes da fundação do mundo, pela presciência divina.

    O grande problema é que, os fundamentalistas interpretaram o evangelho, e o Cristo dos evangelhos, pela ótica do “tenebroso” e “sanguinário” apocalipse, e pior ainda, interpretaram literalmente, ao invés de fazer o contrario – pois, interpretamos como fabula e símbolo.

    Sempre que qualquer texto, passagem e mandamentos entrar em contradição com o que Cristo disse, praticou e viveu, devemos descartar e jogar fora.

    Um clássico exemplo disso é o Pentateuco – não todo ele, mas parte dele.

    Não há compatibilidade entre o Pentateuco e o que Jesus demonstrou.

    Como por exemplo; sobre a graça.


    É por isso que a cada palavra da lei pronunciada por Jesus, vinha acompanhada de uma nova interpretação.

    O Pentateuco é a lógica de causa e efeito; obediência igual a benção, desobediência igual a maldição.

    Jesus vem e quebra essa lógica da lei retributiva, contraria, portanto, a graça unilateral de Deus.

    É por isso que Jesus quando se referia à lei Mosaica, ele não dizia: “Na lei do meu pai” ou “na minha lei”, mas antes, dizia: “Na vossa lei” e “Na lei de Moisés”.

    Pois de Deus, foram dados e escritos os dez mandamentos, porém é sabido que, a torah é constituída de mais ou menos 630 ordenanças com suas respectivas punições.

    Portanto, aquelas historias de Deus mandar Israel destruir os outros povos, exterminando inclusive com as crianças – mesmo os bebês – não vinha de Deus, mas sim, da mente fértil humana, que projeta um “deus” a sua imagem, portanto, um deus tribal guerreiro.

    Mas em relação à vida vindoura da humanidade, não sabemos com certeza precisar o que será, mas podemos dizer o que não será.

    Não cremos no inferno.

    Não cremos em um juízo vindouro da ira de Deus.

    Porém, acreditamos em um Reino de Deus em que o homem tem o direito e a liberdade de escolher viver sem Deus, a começar nesta vida, mas também na vindoura.

    Talvez tenha punição, mas esta punição não será para as pessoas não crentes, que não disseram meia dúzia de palavras e códigos, mas para as pessoas perversas, malignas e não para as pessoas não religiosas.

    Pois pecado, é a atitude costumeira consciente, não arrependida da pratica da agressão contra si e contra os outros.

    Rejeitar e não amar a Deus, não é não ser religioso ou professar uma determinada fé, mas antes, constitui o rejeitar e não amar a Deus, a agressão contra o outro, pois Deus que habita em mim, habita no outro.

    Espero pelo menos ter respondido vossa pergunta, amigo Arminio Calvinus, já que sei que não conseguirei persuadi-lo.

    Um abraço

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  12. "Arminardo Calvinedeiros", é lamentávelde minha parte, mas eu só fui entender o que você estava tentando dizer depois de reler , e reler o comentário.

    Peço desculpas se fui rude irmão.

    Acabei agindo por impulso, e errei.

    Mas o Marcio se encarregou mais uma vez de arrumar tudo por aqui.

    Também, você agora al´´em de tudo sofre de dupla personalidade pô! rssss

    Abração Eduardo Medeiros ou Arminius calvinus, ou seja lá quem você for seu doido!

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