No início da década de 1970, um pequeno e divertido livrinho publicado no Chile, de inspiração marxista, caiu como uma bomba no mundo dos quadrinhos infantis. “Para ler o Pato Donald”, de Ariel Dorfman e Armando Matterlat, foi escrito num período que o Governo de Salvador Allende se debatia para sobreviver às pressões do imperialismo norte-americano.
As idéias desses dois autores eram justamente denunciar a ideologia imperialista que dominava as aparentemente inocentes histórias infantis da Disney. Para os autores, as histórias em quadrinhos de “tio Patinhas” e companhia, preparavam as crianças do terceiro mundo para serem subservientes aos países de primeiro mundo, em especial aos EUA.
A primeira descoberta dos autores foi com relação à vida familiar. Não há nenhum vínculo familiar direto nas histórias de “Pato Donald” e amigos. Todos são tios e sobrinhos de alguém. Para os autores, isso era uma estratégia da Disney para imortalizar os personagens... transformando-os em símbolos, numa sociedade que refletia a dominação capitalista.
Além de não ter laços familiares diretos, os personagens são movidos apenas pela ambição do dinheiro. Não há relações de amizade desinteressadas, apenas relações comerciais: “Ninguém ama ninguém... jamais há um ato de carinho ou lealdade ao próximo. O homem está só em cada sofrimento... não há uma mão solidária ou gesto desinteressado”.
O amor de “Margarida”, por exemplo... é retratado em várias histórias que são reproduzidas no livro, onde fica demonstrado nas histórias da Disney, que as relações são sempre de interesse...e quase sempre interesse financeiro.
Nesse mundo de interesses, os que estão em baixo aprendem a ser obedientes...submissos...disciplinados e a aceitar com respeito e humildade as ordens superiores. Por outro lado, os que estão em cima exercem sempre a coerção física e moral, além do domínio econômico. No mundo da Disney, ser mais velho...mais rico ou mais belo, dá imediatamente o direito de mandar nos outros. Os menos afortunados por sua vez, passam o dia a queixar-se, mas são incapazes de quebrar esse círculo de opressão.
Não quero me perder, assim como Josué Irion, procurando subliminaridades em tudo que vem da Disney ( até por que cresci lendo gibis de todos os tipos...e particularmente os da Disney), apenas achei muito interessante a abordagem feita pelos dois autores no que diz respeito à ideologia imperialista.
O livro é pequeno e vale à pena ser lido. Sugiro ler juntamente com o livro “Filosofia da miséria” de Proudhon...e “Miséria da filosofia” de Karl Marx...este segundo sendo uma resposta ao primeiro.
Abraços a todos que se dispusera a ler este artigo.
Edson Moura
Os anti-americanos sempre viram propaganda subliminar pró-americana em tudo que vinha de lá.
ResponderExcluirNão quero negar a óbvia propaganda do modo americano de viver feita principalmente pelo cinema. Mas até aí, nada demais. Qualquer filme de qualquer país irá de uma forma ou de outra, mostrar o jeito de ser da onde ele foi produzido guardando as devidas proporções de os EUA serem a maior potência do planeta desde o fim da Segunda Guerra.
E sem negar também o fato de que os americanos acreditam no seu Destino Manifesto: de ser o grande arauto da liberdade e de ser o guia confiável do planeta.
Até aí de novo, nada de novo. Assim foi com Roma. Assim foi nas utopias messiânicas do antigo Israel.
Eu também, Edson, cresci lendo Pato Donald, Tio Patinhas, e tantos outros. E qual de nós à época, tínhamos consciência de que ali nos nossos gibis havia mensagens subliminares?
Qual de nós de uma forma ou de outra, fomos influênciados posteriormente por tais mensagens?
Não nego as mensagens subliminares, elas são comuns hoje dia em na propaganda. Mas tenho lá minhas dúvidas do poder dessas mensagens em pessoas esclarecidas e críticas como nós.
Talvez influenciem os mais jovens? Talvez....
"imperialismo americano". A esquerda sempre adorou essa frase como se eles mesmos, os antigos esquerdistas comunistas não fossem eles também, imperialistas.
ResponderExcluirQualquer potência que se estabeleça como tal, fatidicamente será imperialista de uma forma ou de outra. O imperialismo americano era até a década de 60, 70, idealista: Eles tinham que cumprir o seu Destino Manifesto. Hoje as coisas mudaram um pouco e nem sei mais se as elites americanas ainda acreditam no tal Manifesto.
Obama acaba de tirar da sua política externa o termo "guerra ao terror" ou a guerra contra o "eixo do mal" cunhado pelo Bush, dando sinais que a postura da potência ferida, mas ainda potência, procurará mais o diálogo.
Veja só com relação ao fato da vida familiar do Pato não ser a normal: Não é interessante que a crítica venha de um marxista? Desde quando marxista acreditam que a família é sagrada?
Alias, esse é outro mito estabelecido pelo cristianismo: a sacralidade da família.
No AT, a família jamais teve esse caráter de sagrada. A família era uma instituição social e pronto. Filhos eram bençãos de deus, sim, mas para que houvesse mais gente para trabalhar para o clã.
E Jesus? Jesus nunca sacralizou a família. Disse que quem não amasse mais a ele do que pai ou mãe não era digno dele. Quando disseram que sua mãe foi bem-aventurada por amamentá-lo, ele relativizou e disse que mais bem-aventurado era quem ouvia suas palavras. Disse abertamente que não vinha trazer paz para as famílias. Antes, colocaria pai contra filho e irmão contra irmão.
Numa época em que a família era um lugar intocado, onde tradições milenares nem sempre libertárias podia continuar existindo sem constestação, como o patriarcado, Jesus descontrói tudo e relativiza o que era absoluto...
Quanto as demais acussações ao Pato, creio que são exageradas. Eu não o vejo tão feio como o autor o pinta.
ResponderExcluirEdson, parabéns pelo texto, creio mesmo que ele é um marco no que o blog de vocês podem ser no futuro. Talvez uma "casa do pensamento"? rssssss
Amorzinho,
ResponderExcluirParabéns pelo reflexivo texto...
Duzinho, concordo com você onde diz:
"Não nego as mensagens subliminares, elas são comuns hoje dia em na propaganda. Mas tenho lá minhas dúvidas do poder dessas mensagens em pessoas esclarecidas e críticas como nós".
Creio que o público-alvo mais atingido, é o pessoal que não têm "conhecimento" (alfabetização-visão-crítica)...e adolescentes/jovens/crianças....mal informatizadas...
Se analisarmos, até mesmo o gibi da turma da mônica traz umas mensagens "subliminares"...por exemplo, a Mônica ensina (de forma indireta) o ato agressivo....pois quantas e quantas vezes ela não dá uma "coelhada" na cabeça do pobre coitado do cebolinha?! kkkk...
Crianças acabam aprendendo que pode bater, pois a mônica bate até falar chega e não acontece nada demais!
É sempre assim o raciocínio da "mídia"...o raciocínio dos artigos....e o "raciocínio" de igrejas, utilizar-se de "mensagens ocultas" para tentar transmitir para o povo a sua "verdadeira mensagem"..
Beijos meu lindo.
Edson, meu prezado
ResponderExcluirDemorei pra comentar para não correr o risco de ser indelicado contigo (pois conheces ao menos um pouco as minhas inclinações políticas). Outrossim, também não gostaria de ignorar o teu texto. Assim sendo...
Pode ser verdade tudo o que está escrito no seu texto. Porém, há de se observar que há mensagem subliminar em tudo. Hoje mesmo eu abri o Youtube e lá na página inicial tinha um vídeo de um desenho do Pernalonga, onde supostamente aparece o pênis do coelho... Ora, isso é caçar bruxas; é procurar chifre em cabeça de cavalo (que não seja unicórnio, é claro)....
Na cultura socialista não existe a família, seja ela celular, pai-filhos, mãe-filhos ou qualquer outra. Simplesmente não existe o conceito de família, aquilo que faz com que as pessoas se unam numa mesma casa, cultivem sentimentos mútuos, sejam solidáras umas com as outras etc.
Também não existe religião no comunismo. Mas, aí há um gravíssimo problema: ela não existe, não porque as pessoas chegaram a um grau de maturidade espiritual/humana que fez com que ela fosse desnecessária, e sim por imposição do Estado. É uma classe de pessoas dirigentes do Partido que tir as liberdades individuais dos cidadãos e os faz renegarem as suas crenças mais sagradas (no bom sentido) e queridas.
Diante do exposto, eu te pergunto: o que é mais maléfico: propaganda subliminar ou arma na cabeça?
Um abraço fraterno.
Paulinha, mas a mônica bate no cebolinha porque ele é muito chato...kkkkkkkk e ainda fala "elado"...hahahaha
ResponderExcluirSabe de uma coisa? não acredito que nenhuma criança bem educada vá sair por aí batendo nos amiguinhos com um coelho...
As atitudes "violentas" da Mônica, são comuns a todos nós como raça. Será que se de repente as novelas, os filmes, os gibis só mostrassem estórias sem violência faria com que as pessoas fossem menos violentas?
Aliás, sem um bom vilão, não há uma boa estória. Imagina Sansão sem Dalila, Isaac sem Jacó, Abrãao sem Ló, Moisés sem o Faraó, Elias sem os profetas de baal...
KKKKKKKKKKKKKK...DUZINHO,
ResponderExcluirMas coitadinho do Cebolinha, ainda se fosse o Cascão dava um desconto, pois aquele sim precisa apanhar para aprender a tomar banho...heheh....
Eu compreendo sua colocação, mas você viu o caso daquele jovem do EUA que saiu atirando no cinema e matou uma variedade de pessoas?!...
Pois então, uma análise comprovada, mostrou que aquela atitude dele, foi a mesma atitude do personagem de um jogo de ação que ele jogava muito...
Vejamos, ele quis fazer a cena do jogo, no mundo real?
Isto chama-se INFLUENCIAR ou não??
Eu creio, que se uma pessoa não tem uma base suficientemente forte, para neutralizar e manter os seus pensamentos, pode dar um minuto de psicose...ou automaticamente, ser influenciada....o que vocês acham?!
Paulinha
ResponderExcluirTá bebeno, mina? Sai dessa vida, gizuis te ama
Parabéns Eduardo, pelo comentário super consciente que fizeste. Mas uma pergunta não quer calar: Você já percebeu com que convicção você fala dos EUA como a grande potência mundial? Não seria issi um reflexo daquilo que lemos em nossas infâncias?
ResponderExcluirEdu, você deixou a entender que somente os jovens “talvez”, venham a ser influenciados pelas mensagens subliminares contidas em muita coisa que a mídia nos oferece não é?
Pois bem Edu...em quem você acha que estava pensando enquanto escrevia este artigo? Respondo-lhe:
Meus filhos e filhas ainda jovens.
E mais, Karl Marx era um pai amoroso e dedicado que costumava dizer que “Os filhos deveriam educar os pais”. É claro, Karl Marx e a esposa Jenny tiveram uma mvida cheia de privações e dificuldades financeiras. As condições em que eles viviam acabaram influenciando na morte de três de seus filhos durante a infância.
Abraços mano!
Isaías muito bem colocada a sua crítica ao pensamento “comunista”, mas você realmente conhece o comunismo defendido por Marx, ou está comparando-o ao comunismo de Cuba...Coréia do Sul...China e outros tantos?
ResponderExcluirExiste uma enorme diferença entre as duas formas de comunismo. É claro, para compreendê-lo você terá que ler “O Capital” de Karl Marx...então entenderá que a foice e o martelo estampados na bandeira comunista...querem dizer mais do que realmente conseguem.
Sua pergunta é um tanto quanto radical não acha? “Mensagem subliminar ou arma na cabeça?” É o mesmo que você me perguntar: “Quer morrer frito ou cozido?” rsss
Abraços Isaías.
Edson, meu caro... Os ideólogos do comunismo tiveram grandes oportunidades de demonstrar que ele é benéfico ao ser humano (bastam os exemplos que tu mesmo citaste). Se não conseguiram fazer ele ficar "lindo" igual ao comunismo de Marx, então é porque esse "comunismo lindo" simplesmente não pode existir na prática, só na teoria.
ResponderExcluirFica com a tua teoria, se tu achas ela mais importante que a prática, e com a tua doce ilusão de um "comunismo humano" se és tão descontente assim com a relidade da vida (capitalista). A vida é capitalista...
Abçs.
Isaaaaaaaa,
ResponderExcluirNão era pra revelar este segredo assim, no mundo virtual.....
Mas já que tocou no assunto, logo sairei desta vida, pois já estou até fazendo tratamento no Grupo de alcoólicos anônimos...
Mas confesso, não é nada fácil ter que expor estes problemas perante as pessoas....infelizmente, o mundo é muito pré-conceituoso...
kkkkkkkkkkk....
Fuiii...agora vou passar-me em um psiquiatra, pois acho que a bebida consumiu todos os meus neurônios, e os meus pensamentos e devaneios não estão fazendo sentido...
Estou indo ...
Mas antes eu quero que me respondem alguma coisa quanto ao que disse, não é possível que vocês vão fazer esta desfeita...depois se eu inventar a Maria Clara, a Karla Vasconcellos e outras fictícias, vocês não reclamam....
Ops...acho que falei demais...hahaha...
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