Depois
de ouvir falar com seus pacientes de supostas curas pela fé, um médico de
Minnesota chamado William Nolen passou um ano e meio tentando analisar os casos
mais assombrosos. Havia alguma prova médica de que a enfermidade estivesse
realmente presente antes da “cura”? E se existisse, tinha desaparecido realmente depois da cura? Ou era só o
que diziam o milagreiro ou o paciente? Descobriu muitos casos de fraude,
incluindo a primeira revelação de “cirurgia psíquica” da América. Mas não
encontrou nenhum exemplo de cura de nenhuma enfermidade orgânica séria (não
psicogênica). Não havia casos de cura, por exemplo, de cálculos biliares ou
artrite reumatoide, muito menos de câncer ou enfermidades cardiovasculares.
Quando se rompe o baço de um menino, apontava Nolen, a recuperação é completa
se o submetermos a uma simples cirurgia. Mas, se levarmos o menino a um pastor
milagreiro, ele morrerá em um dia. A conclusão do Dr. Nolen é a seguinte:
Quando
os curandeiros tratam enfermidades orgânicas graves são responsáveis por uma
angústia e infelicidade inauditas... Os curandeiros se convertem em assassinos.
Inclusive
em um livro recente que defende a eficácia da oração no tratamento da
enfermidade (Larry Dossey, Palavras que curam) expõe-se a preocupação de
que algumas enfermidades se curam ou aliviam mais facilmente que outras. Se a
oração funcionar, por que não pode curar Deus um câncer ou fazer que cresça uma
extremidade perdida? Por que tanto sofrimento evitável que Deus poderia impedir
tão facilmente? Por que Deus necessita que oremos? Acaso sua onisciência não o
deixa saber quais curas realizar?
Dossey também começa com uma entrevista do doutor Stanley Kripner (descrito como “um dos investigadores mais autorizados da variedade de métodos de cura heterodoxa que se usam em todo mundo”): “...Os dados de investigação sobre curas a distância, apoiadas na oração, são prometedores, mas muito dispersos para permitir tirar uma conclusão firme. Isso depois de muitos trilhões de orações ao longo dos milênios”.
Dossey também começa com uma entrevista do doutor Stanley Kripner (descrito como “um dos investigadores mais autorizados da variedade de métodos de cura heterodoxa que se usam em todo mundo”): “...Os dados de investigação sobre curas a distância, apoiadas na oração, são prometedores, mas muito dispersos para permitir tirar uma conclusão firme. Isso depois de muitos trilhões de orações ao longo dos milênios”.
Como
sabemos, a mente humana pode “causar”
certas enfermidades, inclusive enfermidades fatais. Quando se faz acreditar em
pacientes com os olhos enfaixados que lhes está tocando com uma folha de hera
ou carvalho venenoso, geram uma desagradável dermatite de contato vermelha. A
cura pela fé pode ajudar em enfermidades placebo ou mediadas pela mente: Um
mal-estar em costas e joelhos, dores de cabeça, gagueira, úlceras, estresse,
febre do feno, asma, paralisia histérica e cegueira, e falso embaraço (com
cessação de períodos menstruais e inchaço abdominal). Há enfermidades nas que o
estado mental pode jogar um papel chave. A maioria das curas de finais da alta
Idade Média que se associam com aparições da Virgem Maria eram paralisia
súbitas, de pouco tempo, parciais ou de todo o corpo. Além disso, mantinha-se
em geral que só se podiam curar deste modo os crentes devotos. Não é surpreendente
que a apelação a um estado mental chamado fé possa aliviar sintomas causados,
ao menos em parte, por outro estado mental possivelmente não muito diferente.
Em
um estudo mais controvertido, os psiquiatras da Universidade do Stanford
dividiram em dois grupos a oitenta e seis mulheres com metástase de câncer de
peito: animaram a um grupo a examinar seus temores ante a morte e a intervir em
suas vidas enquanto o outro não recebia nenhum tipo de apoio psiquiátrico
especial. Para surpresa dos investigadores, o grupo receptor de apoio não só
experimentava menos dor, mas também vivia mais: Uma média de dezoito meses
mais.
O
diretor do estudo do Stanford, David Spiegel, especula que a causa pode ser o
cortisol e outros “hormônios do estresse” que prejudicam o sistema
imuno-protetor do corpo. As pessoas gravemente deprimidas, os estudantes
durante períodos de exame e os que perderam algum ente querido têm um número
reduzido de glóbulos brancos. Um bom apoio emocional possivelmente não tenha
muito efeito em formas de câncer avançadas, mas pode servir para reduzir as
possibilidades de infecções secundárias em uma pessoa já muito debilitada pela
enfermidade ou seu tratamento.
Em
um livro quase esquecido de 1903, Ciência cristã, Mark Twain escreveu: “O poder
que tem a imaginação de um homem sobre seu corpo para curá-lo ou adoecê-lo é
uma força da que não carece nenhum de nós ao nascer. Tinha-a o primeiro homem e
a possuirá o último”.
Em
algumas ocasiões, os pastores evangélicos, milagreiros, curandeiros e xamãs
podem aliviar parte da dor e a ansiedade, ou outros sintomas de enfermidades
mais graves, embora sem deter o progresso da doença. Mas este benefício não é
pouco. A fé e a oração podem conseguir aliviar alguns sintomas da enfermidade e
seu tratamento, mitigar o sofrimento dos afligidos e inclusive prolongar um
pouco suas vidas. Ao avaliar a religião chamada Ciência Cristã, Mark Twain (seu
crítico mais severo da época) aceitava entretanto que os corpos e vidas que
tinha “sanado” pelo poder da sugestão compensavam de maneira mais que
suficiente os que tinha matado por eliminar o tratamento médico em favor da
oração.
Preguiça de pensar, isso é o que é!
John Sttot disse certa vez que “Crer é pensar”. Errado! Eu digo: “Crer é não
pensar, não fazer uso daquilo que nos diferencia dos demais animais, a
capacidade de raciocínio, Muitos líderes religiosos convencem seus fiéis a não
questionar, Dizem: “Não peçamos explicações de tudo”“. “Os céticos, em
particular, estão sempre pedindo descrições prolixas de por que isto é assim ou
por que aquilo é assado”. A maioria do que se pergunta é óbvio, e geralmente os
argumentos de um cético são irrefutáveis. Mas o povo é burro mesmo! Por que
ocupar-se em examinar essas matérias?... “A fé faz que tudo se converta na
verdade.”
.
Posso
estar enganado, mas lá no fundo eu acredito que pastores e apóstolos como Edir
Macedo, Valdemiro Santiago, Sérgio Lopes e tantos outros, um dia começaram suas
empreitadas, não com a intenção sacana de enriquecer, mas para sua
surpresa, vendo os “resultados” de seus fiéis sendo “curados” aparentemente de
verdade, encontraram ali uma maneira de projetar seus nomes no mundo, de
convencer-se de que são realmente usados por Deus, sei lá! . Suas emoções
“podem” ser genuínas, sua gratidão “pode” ser sincera. Quando se critica um
pastor milagreiro, os outros saem em sua defesa.
Esses
“sucessos” de campanhas de milagres em igrejas podem ser suficientes para
convencer a muitos enganadores de que realmente têm poderes divinos.
Possivelmente não têm êxito todas as vezes. Os poderes vêm e vão, dizem-se a si
mesmos. Têm que dissimular os momentos baixos. Se for necessário enganar um
pouco em algum momento, dizem a si mesmos que servem a um propósito maior, que
são vasos usados por Deus, e Ele os usa como bem entender. Isto funciona.
A
maioria desses pastores só está mesmo atrás do dinheiro do povo incauto, e
acredite, esta é a parte boa. Mas o que me preocupa é que apareça um novo Guru
com assuntos mais importantes em jogo... Um homem atrativo, dominante,
patriótico e transbordando liderança. Mais um Adolf Hitler. Todos desejamos um
líder competente, incorrupto e carismático. Não perderemos a oportunidade de o
apoiar, de acreditar nele, de nos sentirmos bem. A maioria dos meios de
informação, editores e produtores (arrastados pelo resto de nós) fugirão do
exame cético real. Ele não nos venderá orações, lugar no céu, frasquinho com
óleo ungido em Jerusalém, nem nos mandará passar pela Fogueira Santa, caminhar
no vale do sal. Nós não veremos suas falsas lágrimas correndo por suas caras
feias. Possivelmente um líder assim, nos colocará na cabeça a iminência de uma
guerra, um bode expiatório para justificar nossos atos, ou seja um ramalhete de
crenças mais globais que as que temos hoje. Seja lá o que for, pode esperar,
virá acompanhado de advertências sobre os perigos do ceticismo.
No
famoso filme “o Mágico de Oz”, Dorothy, o espantalho, o homem de lata e o leão
covarde se veem intimidados (na verdade atemorizados) pela figura oracular do
Grande Oz. Mas o pequeno cão do Dorothy, Totó, abre uma cortina que o oculta e
revela que o Grande Oz é na realidade uma máquina controlada por um homem
baixo, gordo e assustado, tão exilado como eles naquela terra estranha.
Não
sei se presto um desserviço , tentando descortinar os enganadores, assim como
Totó o fez. Prefiro que as coisas aconteçam devagar, assim como aconteceram
comigo. Um processo lento e doloroso, mas que depois nos dá um paz jamais
alcançada na religião. Creio eu que, se não queremos que nos enganem, devemos
nos ocupar disso nós mesmos. “Enquanto houver pessoas dispostas a serem
enganadas, haverá os enganadores de plantão” Marcio Alves
Uma das lições mais tristes da história
é esta: “Se estamos submetidos a um engano muito tempo, temos a inclinação a
recusar qualquer prova de que aquilo é um engano. Encontrar a verdade deixa de
nos interessar. O engano nos engoliu. Simplesmente, é muito doloroso
reconhecer, inclusive para nós mesmos, que temos sido enganados por tanto
tempo. Assim que se damos poder a um enganador sobre nós, quase nunca se pode
recuperar. Assim, os antigos enganos tendem a persistir quando surgem os
novos”.
Continua...
Continua...
Eu concordo de forma geral com os dados que você cita, mas gostaria de fazer algumas observações.
ResponderExcluir"Mas não encontrou nenhum exemplo de cura de nenhuma enfermidade orgânica séria (não psicogênica)"
Atualmente, como você deve saber, vários neurologistas que pesquisam os efeitos da fé na saúde, têm feito experiências com diversos pacientes. Os dados observáveis em todos eles é que a fé tem um papel muito importante na cura ou recuperação de doentes graves. Mas também não vejo isso como algo "sobrenatural"; creio ser natural da mente consciente influenciar a matéria do corpo para o bem ou para o mal. Não é a toa que pessoas depressivas adoecem e se suicidam. O que vejo acontecer nesses ministérios voltados para a cura com o do Waldemiro e do RR Soares é exatamente isso: potencializa-se a fé do crente em Deus e isso resulta muitas vezes(mas não em todas as vezes, diga-se) em curas "milagrosas". Mas se isso é algo natural da mente consciente, por que todos não se curam? taí uma pergunta que merece ser bem respondida.
Não acredito que a mente consciente seja apenas um sub-produto do cérebro, pois isso traz questões sem respostas, por exemplo, como um sub-produto do cérebro é capaz de analisar, estudar e observar aquilo que o produziu e este não ser capaz de fazer isso?
Então essa questão da mente-cérebro ainda é cercada de bons mistérios. Por hora, prefiro aceitar que mente consciente e cérebro físico agem conjuntamente, mas o mais importante é a mente consciente(não material) que é capaz de "observar" o cérebro material e influenciar a matéria.
Creio que todos os grandes sábios místicos do passado sabiam disso, inclusive aquele de Nazaré.
“Crer é não pensar, não fazer uso daquilo que nos diferencia dos demais animais, a capacidade de raciocínio, Muitos líderes religiosos convencem seus fiéis a não questionar, Dizem: “Não peçamos explicações de tudo".
Mas Noreda, também não é pela fé que os cientistas dizem que o universo veio do nada? que toda a matéria do universo hoje estava condensada num certo momento onde ainda não havia tempo e espaço? E o que havia antes do tempo e do espaço como causa criadora do tempo e do espaço? ora, as tentativas de respostas científicas a essa pergunta não passam de fé(ainda que não fé religiosa)
"Mas o povo é burro mesmo! Por que ocupar-se em examinar essas matérias?... “A fé faz que tudo se converta na verdade.”
Aqui vocês cometem o velho erro de nomear de "burro" a pessoa que tem fé. Não preciso citar novamente(pois vocês sabem mas não consideram) toda a gama de cientistas, filósfos e pensadores que foram religiosos.
Mas talvez vocês estejam dizendo outra coisa(e então, devo concordar) que as pessoas são ingênuas (e não burras) ao acreditarem em certos "homens de Deus" que só estão preocupados em construir seus próprios reinos.