domingo, 17 de junho de 2012

Filosofia suja e empoeirada na existência



 Por: Marcio Alves

Começo este meu texto com uma pergunta que será decisiva para compreensão e sustentação do mesmo, responda com sinceridade meu caro leitor, qual a pergunta mais importante para você: a) “Deus existe?” ou b) “Como tratar da doença do meu filho (por exemplo)?”

O que quero demonstra com isto é que na verdade a filosofia, principalmente a teologia, como filosofia abstrata da metafísica há muito perdeu sua relevância na vida diária das pessoas tidas como “comuns”, porque elas estão muito mais preocupadas com problemas “reais” e situações vivenciadas do que dilemas abstratos e/ou divagações filosóficas do tipo “o que é a verdade?” “existe liberdade?” “o que é real e/ou ilusão?” “o que é a vida?” “o que é o ser humano?” e etc.

Qual o peso de sabermos sobre questões como Deus, paraíso, vida após a morte, anjos e demônios e o sentido da vida? Estas questões irão ajudar você meu caro leitor a resolver seus problemas cotidianos? E o mais importante: por ventura você conseguirá responder a essas questões há centenas de anos debatidas pelos filósofos que não chegaram a um consenso?
Pois, mais importante do que sabermos o sentido da vida é sabermos qual o sentido que nós estamos dando para as nossas vidas!

Por isto é que a filosofia só não perderá sua relevância e importância se for aplicada aos dilemas circunstanciais da vida.
Neste sentido temos que fazer uma inversão milenar na filosofia, indo na contramão da própria filosofia, pois os assuntos tidos como mais importantes, valorizados, estudados e discutidos até então para a filosofia histórica, deixaria de ser o alvo principal para se tornar secundário, e passaríamos a valorizar muito mais dando total importância e atenção para os assuntos tidos até então como ordinários e corriqueiros, pois a vida é feita muito mais destes últimos.

É por isso que a filosofia cada vez mais tem que ser “filosofia de rua” e cada vez menos “filosofia de gabinete”, pois às vezes debatemos assuntos tão irrelevantes como: “Deus, céu, sentido da vida, vida após morte”, e esquecemo-nos do que realmente tem relevância para as pessoas mortais: “dinheiro, relacionamento, trabalho, a rotina do dia a dia”.

Sabe por que meu caro leitor? (aqui vai uma alfinetada no cristianismo histórico, pois como sempre não poderia faltar) porque há muito tempo as religiões vem enganando os seus seguidores, como sendo enganados por eles mesmos, pois no fundo por pior que seja a situação, e por mais “fé” (eu chamo de condicionamento) que o sujeito possa ter em um paraíso, em outro mundo eterno, perfeito e feliz, ninguém em sã consciência quer morrer e deixar essa existência, e sabe por quê? Por que no fundo no fundo elas mesmas não acreditam, só não se deram conta disto ainda.

É por isso que o cristianismo hoje tem sido mais do que nunca contextualizado no “chão desta terra”, sendo muito mais existencial do que espiritual, e, isto para não perder a relevância.
Já não faz mais sentido – e, muitos líderes religiosos tais como Ricardo Gondim, Caio Fabio, Ed. Rene Kivitz entre outros sabem disto – pregar mais sobre anjos, demônios, céu, inferno, apocalipse entre outras coisas que eram – e ainda são para algumas vertentes do cristianismo ortodoxo que ainda insiste em ficar paradas no tempo – tidas como mensagens principais no cultos.

Hoje, os pastores que procuram contextualizar os seus sermões, parecem mais psicólogos falando sobre relacionamentos.
É a nova roupagem da reformulação religiosa, que deixam de ser filosofia de gabinete para virarem literalmente filosofias de rua, pois é na e pela existência que é feito a vida.

Seria então o fim para sempre das religiões? Claro que não. Com esta urgente e necessária reformulação e roupagem existencial, “naturalizando” ao invés de “espiritualizar” o homem, mundo e vida, a religião dá um passo importante e decisivo para contribuição do amadurecimento e responsabilidade humana, ganhando apoio e simpatia inclusive de ateus – sendo eu, um deles.

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