"Quando um cientista, ou um químico cria algo e este algo acaba
gerando efeitos colaterais causando algum mal, esta pessoa é punida pela
comunidade científica e mais ainda pela sociedade. Vê seu nome
arrastado pela lama e dificilmente conseguirá acabar com o preconceito
ali estabelecido. Pois bem, partindo desta lógica, esta aplicação
deveria ser regra de vida para todos, ou seja, quem erra assume seus
erros e a punição não deveria passar da pessoa do condenado.
Mas
aí é que começa a discussão filosófica. E vocês entenderão depois de eu
apresentar os fatos. Partindo do pressuposto religioso de que deus criou
todos os homens e concomitantemente todas as coisas que existem fica
impossível não fazer uma analogia.
Está mais do que provado que o
homem é um ser falível seja biologicamente ou moralmente. E quando
paramos para pensar que um ser perfeito como deus deu origem a um ser
imperfeito como o homem, como poderíamos jogar a culpa nos ombros da
criatura? Ora, é sabido que se um sujeito cria um Pit Bull desde filhote
e este se torna um cão agressivo e em determinado momento ataca alguém,
esta pessoa responderá pelos crimes de lesão corporal cometidos pelo
animal.
Então é correto afirmar que chegamos à conclusão de que
as falhas do homem não são culpa sua e sim daquele que o criou cheio de
defeitos. Este é o primeiro golpe que a divindade leva nesta luta no
campo das conjecturas. Ele falhou!
Mas há quem diga que ele se
redimiu, enviando um salvador para a humanidade. Um ser que, este sim,
seria perfeito, sem máculas, sem pecados, totalmente ético e moral, e
este inocente será punido por todos os males que a humanidade causou.
Novamente, nada mais repulsivo do que tentar consertar um erro com outro
erro. Punir um inocente pelo erro de outrem. Isto sim nos afeta
moralmente, ora, por sabermos que alguém já foi punido por um erro que
cometemos e pelos erros que possivelmente cometeremos, creio eu, geraria
uma deformação no caráter de qualquer pessoa minimamente inteligente.
E se este raciocínio dialético é de certa forma uma capacidade dada por
este ser criador, novamente a criatura não poderia ser punida por
pensar de forma tão distorcida, neste contexto fático, a culpa regressa a
Deus, num ciclo vicioso interminável.
Então surge a pergunta:
"Será mesmo que ter Fé, e atribuir nossos erros a outro, nos guarnecendo
de uma graça advinda dos céus não seria uma fuga da responsabilidade de
nosso atos?"
E outra pergunta tão importante quanto esta outra
é: "Por que seria o ateu considerado uma escória na sociedade? Quando
geralmente a única atitude que ele toma é assumir seus erros e arcar com
a responsabilidade de suas ações, sem atribuir as vitórias a Deus e as
derrotas ao diabo?"
Ser ateu, antes de mais nada, não tem nada a
ver com a negação do Deus dos outros. Via de regra o ateu pouco se
preocupa com o quê ou em quê os demais creem, ele simplesmente aceita
que no processo evolutivo foi desprovido de algo que o permitiria
encaixar-se no mundo ideal dos que acreditam. assumindo assim um fardo
que terá que carregar até o fim de seus dias. é possível que neste
processo ele sofra uma metamorfose e que passe a entender que mudar é
preciso, e que por mais que não haja alguém o vigiando todo o tempo,
alguns atos não devem ser praticados, pois feririam os outros, e ele
teria que aceitar na hora que a punição viesse.
Ser ateu é ser
responsável! Não só por si mesmo, mas também pelo outro, pelo mundo.
Este mundo que segundo dizem os que creem, pertence ao maligno, o que na
minha opinião já é por si só um contrassenso, uma vez que todos negam a
este esperando por um outro melhor, descido dos céus, mas eu pergunto:
"Alguém quer deixá-lo?" Óbvio que não. Todos querem ser curados de seus
cânceres, inclusive pedindo a cura a Deus, para viver no mundo que
pertence ao Diabo, rejeitando assim o convite natural de viver com o Pai
que os criou.
Difícil entender, quando nos dispomos a refletir sobre o tema,
Edson Moura
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