segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O Reino dos Excluídos




Por: Marcio Alves


Durante muito tempo, interpretei o sermão da montanha, mais precisamente, as bem-aventuranças como virtudes para se alcançar nesta vida.

Lia com as lentes que me eram dadas, pelos doutores da teologia.

Encarava as beatitudes – assim também chamadas – como regras, preceitos, normas e comportamentos descritos para qualquer cristão que quisesse, entrar no Reino dos céus.

Como por exemplo, o celebre John stott que disse:
“As bem-aventuranças descrevem o caráter equilibrado e diversificado do povo cristão...”
“....As bem-aventuranças são especificações dadas pelo próprio Cristo quanto ao que cada cristão deveria ser.”

Martyn Lloyd Jones interpretando “os pobres de espírito” das bem-aventuranças diz:
“Necessariamente, essa (pobre de espírito) é a primeira das bem-aventuranças devido à excelente razão que ninguém pode entrar no reino de Deus a menos que seja possuidor desta qualidade.”

Enfim, centenas de outras interpretações do cristianismo histórico, seguem a mesma linha de coerência.
Ou seja, não há duvidas sobre as bem-aventuranças, é algo homogêneo e unânime na cristandade.

Só tem um problema, é que eu decidi não mais ler as escrituras com as lentes que me são dadas.

Mas sim, pensar livremente.

Hoje, já não mais concordo com essas interpretações históricas – digo isto, com muito respeito aos grandes vultos do cristianismo, que prestaram o grande favor ao Reino de Deus.

Eis algumas razões:

1- Contexto gramatical.
Quem disse que o sermão da montanha começa no capítulo cinco de Mateus?
A bíblia originalmente, não possui divisões de capítulos e versículos.
Foi o Prof. Stephen Langton que, no ano de 1227 dC a dividiu em capítulos, para facilitar a sua leitura e localização.
Já os versículos, foram organizados, no ano de 1551 dc, pelo Sr. Robert Stephanus

Fazendo uma acurada e minuciosa investigação, o texto do sermão da montanha, não começa no capítulo cinco, mas provavelmente no capitulo quatro e versículo vinte e três, que diz:

“E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.

E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava.

E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão.” (Mt 4 v 23 – 25)


2- Contexto Histórico.
Dizem os historiadores que, na época de Jesus, o povo pobre era massacrado e oprimido pelo império Romano.
As pessoas as quais, Jesus se dirige, são indefesos, injustiçados e perseguidos.

Portanto, ouso re-interpretar o sermão da montanha, dizendo:

Pobres de espírito:
Não são – como gostaríamos que fossem – nós, humildes espirituais.
Mas sim, pessoas desprovidas de inteligência, pobres materiais que vivem mendigando para sobreviver.

Os que choram:
Não são aqueles sensíveis espirituais, dependentes de Deus, mas antes, os oprimidos que choram pelas injustiças e dramas humanos.

Os mansos:
Não são os que têm o temperamento controlado pelo Espírito Santo, mas antes, os dominados pelos sistemas de poder, que são esmagados. Que não conseguem reagir, não tem forças para lutar e reverter a situação.

Os que têm fome e sede de Justiça:
Não somos nós, pessoas boas que sofrem – ou pelo menos tenta sofrer – a dor do outro, mas antes, os que sofreram injustiças nesta vida. Por exemplo, a mãe que perdeu seu filho, o desgraçado na África, que não tem o que comer em um mundo de Bilionários, os doentes terminais que mal são atendidos nos hospitais.

Misericordiosos:
São pessoas que ajudam as outras naquilo que ela mesma perdeu (sofreu).
São pessoas miseráveis que tem um coração (daí a expressão, “miseri” + “cordia”) generoso para com os desgraçados.

Limpos de coração:
Não são pessoas santas, seguindo um padrão de perfeição moral que é ditado em formas de regras pela igreja.
Mas antes, as pessoas ingênuas, bobas e simples que, muitas vezes são facilmente enganadas e passadas para trás.

Pacificadores:
São os que desejam a paz, odeia as brigas e guerras.

Os que sofrem perseguições:
Enfim, o sofrer perseguição, resume bem as bem aventuranças.

Pensem comigo.........Quem são os pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, misericordiosos, limpos de coração, pacificadores, os que sofrem perseguições, descritos por Jesus?

Quem no mundo que vivemos, sofre mais o drama humano?

A grande boa nova deste texto é que:

Essas descrições da bem aventurança, não são de virtudes que devemos almejar ou alcançar, mas de pessoas que foram esmagadas pela vida.

Essas pessoas não são do Reino de Deus por serem assim, mas apesar de serem assim.
Ninguém precisa desejar sofrer, como se houvesse virtude no sofrimento, mas apesar de sofrerem são amadas por Deus e bem vindas no seu Reino
.”

Por isso é que Jesus disse:
“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça” (Mt 6 v 33)

Buscar o Reino, não é programações da igreja:

Evangelizar (leia-se, fazer proselitismo), dar dízimos e ofertas, participar de campanhas, trabalhar na “obra”, ter cargos ministeriais – ou seja, ativismo religioso, não é a essência do Reino.

Mas pasmem – os evangélicos mais conservadores – o Reino de Deus é feito por, de e para as pessoas.

Buscar o Reino é ajudar o oprimido e necessitado.
Que tem que ser acompanhado por justiça.
Pois não há paz, sem justiça.

Justiça!
Essa é a prioridade do Reino de Deus.

Aliás, não somente o Reino de Deus é um reino de pessoas, mas o próprio Rei deste Reino é visto nas pessoas pobres e oprimidas.

“E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mt 25 v 40)

Pois a religião de Jesus, não é confessional – como bem expressou o Gresder: “Não são palavras mágicas na hora de morrer, não são senhas bíblicas e evangélicas que a pessoa fala com a boca.” – mas de praticidade:

Religião dos evangélicos (confessional):
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus” (Mt 7 v 21)


Religião de Jesus (prática):
“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica” (Mt 7 v 24)

“Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.” (Mt 7 v 12)


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

19 comentários:

  1. Nossa que texto...muito bom, olhar os evangelhos sem as lentes dos outros, olhar pura e simplesmente com as lentes que o proprio Deus nos dá.

    Parabéns!

    Ps - vou replicar em meu blog, com os devidos créditos.

    Abraços

    Olavo

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  2. Amigo Márcio, como andam as coisas? Tudo beleza?

    Obrigado por enriquecer o poeminha que eu tentei escrever lá na sala do pensamento.

    Rapaz, seu artigo é i-r-r-e-t-o-c-á-v-e-l. Sem rasgação de seda. Eu sempre li as bem aventuranças no contexto do Reino que Jesus anunciava que estava chegando e que ele mesmo dera início com os seus atos e palavras.

    Ali não tem nenhum mandamento, somente contatações existenciais pervessas que na ótica de Jesus estavam com os dias contados.

    Quando eu terminei o seminário, eu tinha planos logo de fazer um mestrado, o que ainda não pôde ser concretizado por razões pessoais(casamento, contrução de casa, compra de móveis, dívidas com pedreiros, com banco...rsss).

    Mas na época, eu iria escrever sobre essa paixão que Jesus tinha de inaugurar o Reino de Deus entre nós.

    Jesus não veio pregar a si mesmo (nunca convidou ninquém para "aceitá-lo", somente para seguí-lo; sempre dizia que o que pregava não era dele, era do Pai); e com certeza, a situação histórica de opressão do seu povo pelos romanos era o ambiente em que nascia essa esperança de um Reino de paz e de justiça.

    Agora, qual seria a ideia de Reino de Jesus é um assunto onde não há consenso.

    Para Albert Schweitzer e outros, ele deu sua vida para ver o Reino de Deus implantado já ali, nos seus dias. Mas o Reino não veio..."Pai, por que me desamparaste...?"

    Para Kummel e outros, ele inaugurou o Reino, mas não o implantou definitivamente, então, espera-se que a concretização total esteja num futuro escatológico com a parusia.

    É um assunto que teologicamente, me fascina. Mas como escrevi no comentário do texto do Edson, não sei mais nada, espiritualmente, que eu não possa experimentar; ainda que subjetivamente.

    E o que eu experimento, é essa vida abundante que Jesus prometia dar a quem o seguisse. E essa vida abundante, me leva sempre a buscar a concretização do Reino. Não num futuro escatológico, mas aqui e agora, com as minhas atitudes para com os oprimidos e injustiçados, sejam qual forem a opressão e a injustiça: espiritual, religisa ou social.

    Cada seguidor de Jesus tem como missão, continuar a construção do Reino aqui e agora. Não nos omitamos, pensando confortavelmente, que em breve, Jesus volta, leva os "salvos" para o céu, e os que ficarem por aqui que se danem.

    É um prazer poder dialogar com pessoas tão interessantes, inteligentes e iluminadas como vocês.

    Abraços

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  3. Prezado Olavo (Pensador compulsivo) imagine você recebendo uma linda carta de amor de sua namorada.
    Agora pense, você tentando ler-la através de outras pessoas. As pessoas vão tentar lhe explicar, mas o coração por trás do texto só você pode perceber.

    Da mesma forma é a bíblia, uma carta de amor do nosso amante, dirigida a nós. Não podemos ler-la, somente com a mente, temos que ler-la com o coração.

    Já faz um tempão, que leio a bíblia sem a interpretação dos outros, sem mesmo com o estudo que geralmente vem no rodapé das bíblias.

    Leio sem medo do que possa perceber e vir a interpretar.
    Leio livremente. Sem intermediações. Somente com meu coração e mente.

    Ps: Pode colocar a postagem supracitada no seu blog.
    Será uma honra para mim, ter minha postagem publicada no seu excelente blog.

    Fique a vontade para colocar outras também.

    Abraços.

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  4. Finalmente resolveu aparecer por aqui, para novamente de uma forma brilhante enriquecer o nosso blog, meu querido Eduardo.

    Confesso que, Já estava sentido saudades de você.

    Poeminha? Foi um grande, belo e relevante poema-teológico.

    Eu sei Eduardo que você não esta fazendo uma média com o que eu escrevi. Sei da honestidade e transparência de seus comentários.

    Cara, você foi no âmago da postagem: “Ali não tem nenhum mandamento, somente constatações existenciais perversas que na ótica de Jesus estavam com os dias contados.”

    Realmente você é um cara endividado. Deve ser o devorador, mas também, quem manda não pagar o dizimo. Rsrsrsrsrs

    Você tem razão, Jesus.....” nunca convidou ninguém para "aceitá-lo", somente para segui-lo”, foram nós – os evangélicos – que inventamos códigos e palavras mágicas, numa espécie de abra-cadabra-que-não-abre-nada!

    Pois é amigo Eduardo, é com pesar que reconheço que durante muito tempo na minha trajetória cristã como professor e pregador, preguei o céu para as pessoas.

    Tenho vergonha só de pensar que já ensinei as dispensações de Scofield.
    Gastei horas para estudar e outras tantas para explicar e fazer o mapa escatológico.
    Ficava debatendo sobre pré, mide e pós tribulacionismo.

    Hoje, estas coisas não fazem o menor sentido para mim.
    Aliás, nem penso no céu. Não vivo mais preocupado com o arrebatamento. Se vou para o céu ou queimar nos infernos.

    Estou preocupado com o inferno aqui. Desejando mudar o aqui e agora.
    Vivo hoje esta vida e não quero morrer, pois é esta vida que Deus deu-me para viver, a outra vida será outra vida, que temos que esperar para saber como será.

    Portanto vivemos esta vida.

    O que desejo agora, é conscientizar as pessoas – mais precisamente os crentes – que não podemos desperdiçar o aqui e agora, pensando no lá e depois.

    A pregação do céu – infelizmente tenho que admitir – anestesia as pessoas, impedindo-as de lutar por um mundo melhor.

    Daí a magnífica expressão de Karl Marx: “A religião é o ópio do povo”.

    Se eu pudesse diria aos crentes que a maior parte dos ensinamentos de Jesus, não são para o céu, para a outra vida, mas para esta.

    Diria para se viver com uma consciência da brevidade da vida. Não há tempo para se perder.

    Diria para se viver sem medos, sem culpas, sem neuroses e sem paranóias.
    Sem infernos e também sem céus.

    Uma vida com coragem existencial.

    Diria que a frase de Jesus: “O que adianta ganhar o mundo todo se perder sua alma”, se reduzida e aplicada somente aos ímpios que só pensão em prazeres (leia-se pecados) desta vida, perderá a suas almas no inferno, é muito pobre e vazia de conteúdo.

    O ganhar o mundo inclusive, se aplica principalmente aos crentes que, ávidos pelo céu, esquecem de lutar e ajudar aos pobres pecadores, perdendo suas almas – se transformando em insensíveis, sem coração e alma.

    Diria aos crentes, que ativismo religioso não é sinônimo de espiritualidade.
    De que faltar ao culto para ficar ou sair com a família, e mais nobre e agrada a Deus muito mais.

    Diria que ao invés de dar muito dinheiro á igreja, que doassem para os orfanatos, hospitais do câncer e instituições de caridade.

    Pois é meu caro Eduardo, como você mesmo disse que o Reino de Deus é uma discussão interminável teológica, prefiro pensar e trabalhar apartir da perspectiva do Reino aqui, pois é isto que eu tenho em mãos.


    Deixemos o Reino do AINDA NÃO para Deus e trabalhemos pelo Reino do AGORA JÁ.


    Um grande abraço.

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  5. Uma coisa é certa, o cristianismo sempre foi incapaz de alcançar todas as pessoas deste mundo, tanto com a a Palavra quanto com o pão, que acompanha aqueles que ouvem a Palavra.

    Agora Deus jamais deixaria perecer sem entrar no seu Reino, aqueles que não usufruíram ainda nem do pão que acompanha o evangelho.

    É duro isso paro o ouvido de que se “sacrifica” para ganhar o Reino dos céus.

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  6. Prezado Marcio


    Essa sua frase resume a essência do belo e profundo e significativo sermão da montanha: “As pessoas as quais, Jesus se dirige, são indefesos, injustiçados e perseguidos”.

    Nota dez para esse seu ensaio! Com todas as letras, esse é também o meu pensamento.

    Interessante, meu caro Márcio, estamos vivendo tempos de tanta pregação de fé, de vitória, de milagres e outras “maravilhas”, que a releitura das bem aventuranças passa ao largo desse cristianismo interesseiro e imediatista.

    Estava ontem viajando e ouvindo um CD, que se referia a “vitória” em todas as faixas, foi quando veio a mente o que está escrito lá em (Mateus 7 e 22): “ Senhor, não profetizamos em Teu nome? Em Teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muito milagres?”. E aí vem o complemento de tudo isso, lá em Mateus 25 e 35: “Pois tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; estive enfermo e me visitastes; preso e fostes me ver”.

    Evangelho, amor, reino dos céus ─, é ver Cristo no outro, no excluído. Para mim, o sermão da montanha foi o maior exercício a respeito da alteridade, demonstrado por Jesus. É precisamente a alteridade do pobre que possibilita experimentar o sentido da própria vida como algo que flui do outro. Quando vivenciamos no outro (nele, com ele e por ele), quando nos indignamos com todo tipo de opressão, com a fome e a sede no sentido mais amplo sofrido pelo nosso semelhante, estamos, sim, imbuídos do mesmo propósito que estava no coração de Cristo naquele memorável sermão.

    O grito que sai da garganta de quem sofre é o grito de Cristo. Corremos perigo quando não divisamos Cristo naquele que está coberto de feridas, naquele que vencido grita incessantemente, naquele que mordendo os lábios se entrega fatigado ante as asperezas íngremes dos precipícios da vida, naquele que por estar tão desfalecido, só pode gritar com os olhos.

    Quero encerrar, por enquanto, as minhas divagações, com uma frase do poeta Pablo Neruda: “Minha vida é uma vida feita de todas as vidas”.

    Abçs,
    Levi B. Santos

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  7. Caramba Márcio, você escreveu outro artigo comentando o meu comentário...tem que virar postagem também!!

    Também passou pela fase do Scofield, né? rssss

    Creio mesmo que o Reino que Jesus inaugurou, e aí não vou entrar na questão se ele fracassou em implantá-lo definitivamente ou se ele deixou a plena realização para o eschaton, mas o Reino é para o aqui e agora. É aqui no cenário terrestre que o drama se desenrola. Cabe a nós todos sermos agentes desse Reino.

    Mas a coisa é difícil. Antigamente, eu criança ainda, ouvia que o crente só tem o céu como herança, logo, não deveríamos nos preocupar com o mundo. Hoje, vejo que os crentes querem comer e beber o melhor da terra mas com uma disposição totalmente individualista e materialista.

    Cadê o Reino na agenda da cristandade atual?

    abraços, amigo

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  8. Graça e paz! Amado irmão em Cristo. O texto é bom. Quero enfatizar dois pontos:O texto que voce comentou é de difícil contextualização e intepretação;além disso a história da teologia
    mostra que as várias interpretaçõe chegam a ser
    díspares.

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  9. Gresder, concordo com você agora, como já o antes tinha feito.

    A igreja não é a única agência do Reino de Deus na terra.

    Aliás, não gosto desse termo, prefiro “sinal do Reino de Deus na terra.”

    Mas igualmente, existem outros “sinais”.
    E isto, a bíblia chama de “a multiforme sabedoria e graça de Deus”.

    Agora em relação a “sacrificar para ganhar o Reino dos céus”, já faz algum tempo que desisti dessa idéia.

    Dizem que Madre Teresa de Calcutá ajudava os miseráveis, pois Jesus podia estar disfarçado de um deles.

    Não concordo em ajudar as pessoas pensando e esperando receber galardões.

    Acredito na virtude intrínseca.
    Devemos fazer o bem pelo próprio bem.
    Ajudar as pessoas como um fim em si mesmo.

    A minha humilde proposta é muito difícil de ser aceita – principalmente no meio evangélico.

    Praticamos o bem ao próximo, sem interesse e egoísmo pelo céu, e também sem medo de ir para o inferno.

    Ajudemos a todos que pudermos, pois essa é a regra de ouro do Cristianismo: “O que vocês querem que vos façam os homens, fazeis vós também”.

    Essa proposta é divina de tão humana, pois só Deus poderia ter a inteligência de elaborar um principio tão nobre.

    Reparem que Ele não disse: “O que os homens FIZEREM a vocês, isto fazei também a eles”.

    Mas antes: “O que vocês QUEREM que vos façam os homens....”

    O Reino de Deus, não é um reino retribuitivo, de causa e efeito, mas antes, um Reino de graça e perdão.

    Um grande abraço.

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  10. Mestre Levi, obrigado pelo seu importante comentário.

    Essa era – e ainda o é – uma das minhas maiores angustias, de ver que o evangelho de Jesus – de amor, solidariedade, amizade, companheirismo, princípios e valores – tenha sido transformados pelos evangélicos em; “vitórias, milagres, triunfos, bênçãos materiais e poder”.

    O evangelho não é entendido e pior ainda vivido como causa.

    A religião dos evangélicos se resume egoisticamente em ir ao culto para ser abençoado.

    Mas que tragédia!

    Precisamos resgatar o sentido perdido do que é fazer parte do Reino de Deus.

    O Reino de Deus é uma causa, ideal que precisamos abraçar, não em benefícios próprio, mas antes, das pessoas indefesas, injustiçadas e oprimidas.

    O Reino de Deus é uma verdadeira revolução de dentro para fora e de fora para dentro.

    Parafraseando Pablo Neruda: “O Reino de Deus é feito de todas as vidas”.

    Essa é a graça cheia de graça inclusiva e não exclusiva!


    Um grande abraço.

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  11. Sabe que pensei nisso também, meu caro Eduardo.

    A única diferença é que eu não vou por exatamente esse comentário.
    Apenas vou desenvolver esta temática tendo como ponto de partida esses argumentos.

    Aguarde, dentre alguns dias, uma nova postagem, você é um dos primeiros convidados intimados a comenta - lá.

    Pois é, com o advento da falaciosa e perniciosa teologia da prosperidade, não é que os crentes conseguiram esquecer um pouco do céu, isto porque eles querem o céu na terra.

    Acredito que pior que a pregação do céu, é a tal da prosperidade.
    Pois o céu – não como literalmente ruas de ouro e etc. – existe, mas já a tal das promessas de bênçãos, é alucinação.

    Mas como disse, isto fica para depois, em outra postagem.

    Um grande abraço.

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  12. Prezado Pedro Fernandes (Voltaire Theologos), obrigado pelo seu comentário.

    Breve, porém bem pragmático.

    Espero ter outros comentários seus.

    Pois é, o texto não é fácil de ser interpretado, principalmente porque, quando vamos ler, sempre vem em nossa mente pré-conceitos anteriormente formados pelas interpretações dos outros.

    Portanto, para podermos pensar livremente, é preciso dês-pensar, para depois, é só assim, pensar.

    Confesso a você que, em muitos raciocínios meus, é uma construção da dês-construção.


    Um grande abraço.

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  13. Há algum tempo atráz quase fiquei maluco, pois támbém pensava em buscar á Deus por causa do céu, mais cheguei a conclusão que mais importante que o céu é estar com Deus. Apesar de saber que este céu existe sei que só sera maravilhoso morar lá se Deus lá estiver.

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  14. De uma coisa tenho certeza; os famintos e necessitados tem lugar garantido no céu de Deus.

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  15. Meu querido Jair, todos nós, algum dia, servimos a Deus por causa do céu.

    Hoje, se temos uma visão diferente, se deve pelo fato, de estarmos amadurecendo.


    Um grande abraço.

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  16. Marcio li o seu artigo e é incrível!
    Não tenho comentários, porque realmente você tem razão as nossas idéias são idênticas!

    È a mesma concepção, aliás, essa visão eu tive quando comecei a fazer o mestrado em 2004, para você ter uma idéia o meu pensamento teológico começou a revolucionar quando me indicaram um livro do René Padilha com o tema: “Missão integral um ensaio sobre o reino”, foi um divisor de águas no inicio da minha revolução teológica. Rsss.

    Depois conheci o Leonardo Boff ai então não precisa falar mais nada... você conhece, e junto com ele veio José Comblin, Andrés Torres Queiruga, Hans Kung, ,Abraham J. Reschel, Harold Kushner, Rubem Alves, Eduardo Gianneti, André comte Sponville, e assim vai... Ou seja, não deu mais para ficar em cima do muro! Hahahahahhahah.

    Abraço.

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  17. Caracas J. Lima!!!!

    A fonte onde você bebeu ou bebe agua é a mesma que a minha!!!!!!

    Eu não iria revelar, mas como você teve coragem de assumir. Rsrsrsrsr

    É por isso que o padre Antonio Vieira disse o que disse, pois o que ele disse, o disse dizendo tudo!!!!

    “A originalidade esta em esconder as fontes”.


    E mais ainda, a frase: “você o que você lê” é verdadeira.

    Depois que eu conheci a ler o que esses caras escrevem, não consegui nunca mais ler os fundamentalistas, principalmente os americanos.


    Não dá para competir, em matéria de teologia, os liberais são os melhores, e dão um show!!!!


    Já os mestre rabis judeus: Abraham J. Reschel e Harold Kushner são sem palavras!!!


    Mais um dos principais é o Rubem Alves!!!!!


    Alias, fica dificil dizer que é o melhor, pois cada um tem a sua “força” – qualidade – especial.

    Abraços

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  18. Marcio.
    Gostei dessa frase que você postou do padre Antonio Vieira:

    “A originalidade esta em esconder as fontes”.

    Alíais me sinto em falta em só ter lido dois sermões dele: "A sexagésima e São Pedro de Nolasco".

    O primeiro que li, foi são pedro de nolasco e fiquei boquiaberto com o estilo de literatura, depois que li ele percebi a influência de nos escritos por ex de Leonardo Boff, e Caio Fabio, que certamente se saciaram nessa fonte...Dúvida? hahahahahahaha!

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  19. J. LIma

    É por isso que as palavras do sabio Salomão ecoam até hoje: "Não há nada novo debaixo do sol".

    Tudo que é dito hoje, já foi dito ontem e sempre será dito no futuro, só mudam o jeito de dizer, o dito pelo dito!

    Do pandre Antonio Veieira já tive a honra de ler algumas perolas, mas não me recordo dos titulos dos sermões.

    (Pois tento ler diversificadas visões de diversificados autores, ai o que sai disto você já viu né, uma mistura sem fim. Rsrsrsrsrs)

    Lembro-me da comparação que ele faz em um dos seus sermões, sobre perdas menos perdidas e perdas mais perdidas.

    Perdas menos perdidas são aquelas que você perde, mas consegue recuperar.

    Perdas mais perdidas são aquelas que você perde, mas não consegue recuperar.

    Ai ele pergunta de maneira magistral: Perde-se Deus e perde-se o tempo, qual perda é a maior?

    Não vou dar a resposta do Antonio Vieira, deixaria para que você possa imaginar e descubrir sozinho. Rsrsrsrsrs

    Então pra você qual é a maior perda?

    Abraços

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