quarta-feira, 29 de junho de 2011

O “nada” da eternidade e a “eternidade” do nada!




Por: Marcio Alves


A eternidade é o nada do vazio, do tédio do arrepio, das vivencias alongadas no tempo e espaço infinito de possibilidades infinitas.

O nada é a eternidade das não possibilidades, do espaço e tempo finitos, encerrados na vida aventureira e com sentido dado pelo morrer da morte.

A eternidade é o medo do desconhecido, do incontrolável destino do além do ir ter que dá conta do que fez e foi.

O nada é vazio mais preenchido pelo significado do viver único, valorizado por cada ato, pensamento e desejo justificados na existência do ser que é, mas não será para sempre.

A eternidade é o assombro da multidão procurando saber para onde vai.

O nada é a magia da solidão cósmica do mortal.

A eternidade é ilusão criada pelo desespero do fim.

O nada é o homem de quatro.

A eternidade é a condenação do nunca mais acabar, de não poder escolher entre ser e o simplesmente deixar de ser.

O nada é a sina do ser que tem muito pouco tempo fazendo da vida uma jóia rara mais valiosa da existência.

A eternidade desvaloriza as coisas insignificantes mais significativas do ser enquanto ser no mundo.

O nada é adrenalina, mola que impulsiona o agir.

A eternidade é vácuo monótono de uma repetição sufocante.

O nada é a possibilidade única e singular de sentir e viver a vida.

A eternidade é a covardia do crente que tem a eternidade a perder.

O nada é a coragem do ateu que tem o nada a perder.


A eternidade do nada é o nada que se torna eterno e o nada da eternidade é a eternidade que se torna nada!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

"LIberdade de Expressão"


Dois mil e onze, mais uma vez retornando, Edson Moura, tentando fazer uso de sua liberdade de expressão, um dos pouquíssimos direitos que ainda temos neste país. Vocês vão adentrar no mundo da informação, auto-conhecimento, denuncia, crítica e até diversão. Este é o "Outro Evangelho"...sejam todos bem vindos.

À Todos aqueles que pensam, e que ousam ultrapassar os limites da boa política de vizinhança, não mantendo oculto aquilo que gostariam de gritar para o mundo inteiro ouvir...”Se o mundo inteiro pudesse me ouvir”. Nosso espaço é reduzido, é resumido, não sei o motivo. Por que será que fazem isso? Muitos de nós nem sabemos que somos tangidos como gado, somos vitimas de um ideal comum, ou ideologia de massa, sei lá.

Minhas palavras só chegam até uma minoria, que covardia, não querem que mostremos a verdade do dia-a-dia. Outros falam que meus escritos são muito agressivos e que muito do que escrevo não deveria ser dito. Mas, se o mundo inteiro pudesse me ouvir, eu gritaria cada vez mais alto para todo mundo refletir. A informação não pode ficar escondida e o conhecimento compartilhado é fonte de vida.

O sentido que dei à minha vida está atrelado ao exercício do meu direito de falar, seja através de um simples texto, ou de uma poesia, ou uma crônica engraçada, qualquer coisa é válida, quando se deseja repartir o que se sabe. Estou exercendo o meu direito de dizer o que penso. Às vezes escrevo uma mensagem de coragem e força pra viver, e viver com intensidade, contemplar o mundo, jogar na terra uma semente de união a cada segundo. Juntar as minhas idéias com as suas e revelar o que existe de belo na “filosofia das ruas”. Saibam que foi nas ruas que aprendi que sempre temos algo a dizer, e você está convidado para fazer parte desta “milícia” enquanto lê. O momento não pode ser outro, o lugar é aqui..então não perca tempo e grite, grite para o mundo inteiro te ouvir.

Grite para nossa presidente amparar essa gente, pois o Brasil ainda passa fome e o nordeste ainda tem sede. Grite para as pessoas serem mais humanas, que deixem o orgulho de lado e ajudem que está precisando. Aos pensadores, não pensem só com a cabeça, mas também com o coração, estendam as suas mãos, ajudem a quem está precisando, pois um homem que se esquece que é um ser humano, precisam de exemplos, pessoas que estão lutando e passam horas e mais horas juntando semelhante com semelhante, aprendendo e ensinando.

Gritar para Deus que gostaria de vê-lo ajudando, mandá-lo descer do céu e ver o povo que está chorando. Dizer que Betinho, e não Jesus, é que foi um grande homem, este último fundou a campanha da cidadania contra a fome. Dizer que nem só da palavra que sai da boca de Deus viverá o homem, e que um pedaço de pão, mesmo que amassado pelo “diabo”, também mata a fome. “Aonde comem um, dois também comem".

Direito de dizer que nunca mais quero ver a guerra, e desejar que as armas é que vão para debaixo da terra. Dizer que seria tão bom se a fome fosse tão gostosa quanto a sensação que se tem depois de comer. Mas infelizmente isso não é verdade, e a desgraça é encontrada em qualquer canto da cidade. Precisamos nos unir, temos que nos ajudar, e gritar cada vez mais alto para que todos possam escutar, e descobrir que só o ser humano consciente do poder de suas palavras pode fazer isto mudar. Filosofia de rua não irá parar por aqui...enquanto o mundo inteiro não puder me ouvir.

Digam que aprendemos a não sermos mais enganados. Digam que somente os covardes é que vêem tudo e permanecem calados. Falem que aprendemos a respeitar e ser respeitados. Gritem que a voz do coração pode fazer o mundo inteiro te ouvir, e que temos muito pra contar...repassar o que já vivi. Gritem que há muito tempo a Bíblia deixou de ser o melhor livro do mundo, e que agora já podemos e devemos duvidar de seu conteúdo. Digam que o que importa é a qualidade e não a quantidade de nossas ações, de nossas intenções e de nossa bondade. Espero que seus sonhos sejam iguais aos meus e que a realidade da vida nos afaste mais e mais de Deus, não duvidando nunca de que estamos certos e entendendo que esse Deus bondoso...não está por perto.

Escrevo neste pequeno espaço chamado “Outro Evangelho”, e tenho plena consciência de que posso não obter um bom resultado. Também não sei se estas linhas chegarão aonde eu quero, mas tenho a certeza de que chegarão em algum lugar, então terá surtido algum efeito.

Edson Moura


Texto baseado em "Rap de Filosofia de Rua" chamado "Se o mundo inteiro me pudesse ouvir", rap este que já passa dos 20 anos de sua criação e que permeou minha infância e juventude dando-me diretrizes para o meu desenvolvimento tanto intelectual quanto comportamental.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Porque me tornei ateu (parte 4): Crenças são subjetivas e também racionais!




Por: Marcio Alves

Dizer por que me tornei ateu, sem duvida alguma, é até relativamente fácil, até porque acredito ser o ateísmo muito obvio e simples em sua base, não exigindo muito esforço intelectual (mas outras coisas que nesta serie de postagens estarei deixando claro), diferente do teísmo (que é a crença em “Deus” ou “Deuses”) que se tem que articular fundamentando bem as idéias. (Aqui eu diferencio entre “teísmo do senso-comum” que é aquele em que as pessoas acreditam porque foram condicionadas e porque querem acreditar, porém sem o senso critico, do “teísmo filosófico”, mas propriamente do deismo de muitos filósofos, sendo este ultimo um dos maiores sofismas filosóficos)

Porque o ateísmo nada mais é do que a simples ausência de crença, partindo sempre de nossa limitada e fragmentada realidade física, ao contrario da idéia filosófica de Deus, pois imagine você, meu caro leitor que a origem do universo já constitui em si mesma um problema, agora imagine dizer que o universo foi criado por Deus, isto é tentar responder um enigma por outro enigma maior ainda, criando assim não uma resposta, mas um circulo de infindáveis perguntas sem respostas, pois a partir desta “idéia de Deus”, não mais perguntaríamos somente sobre a origem do universo, mas também, sobre a origem de Deus, levantando assim perguntas tais como: “De onde Deus veio?” “Quem é Deus?” “Seria criado também por outro Ser?” “Qual sua verdadeira essência?” “O que pode e o que não pode?” “Como Deus se relaciona com o homem?” acrescentando a isto, o simples fato de que o estudo do universo é possível porque ele existe e é real, mas e o de Deus?

Por isso que o principal argumento e ao mesmo tempo o mais fraco também dos religiosos (digo não só dos crentes) defendendo a existência fantasiosa de “Deus” é a experiência subjetiva, pois toda pessoa que acredita em “Deus”, diz que ele é invisível, porém que dá para sentir ele, mas assim como não existe uma porção de coisa, mas também dá para sentir; como por exemplo, fantasma. Você acorda no meio da noite e vai até a cozinha tomar um copo de água, se você tiver a sensação de que tem alguma coisa ali que não dá para ver, mas que tá ali, você também vai “sentir” medo, e por conseqüência terá em seu corpo reações, como palpitação, calor, frio na barriga e etc. Ora, sensações não provam nada, pois é uma conseqüência natural da nossa imaginação.

Como é impossível provar objetivamente a existência de Deus, pois “Deus” não existe, sempre a “prova” de que “Deus” existe levantado por seus defensores, esta ou no campo da experiência particular do individuo, ou no campo filosófico dos argumentos, nunca no chão da existência.
Daí a crença e a fé, ao contrario do que muitos ateus imaginam, ser também racional, pois toda crença tem a sua lógica interna de explicação do que acredita e do porque acredita. (Vide os volumes infindáveis de livros religiosos, como as teologias sistemáticas, pois até um tempo atrás, verdade seja dita, a filosofia era “escrava” da teologia, e isto durante muito tempo!)

Portanto os que acreditam em Deus tentam provar por meio da subjetividade ou no campo da argumentação sua existência. (veja você meu caro leitor que para “Deus” existir precisa-se acreditar nele, ou seja, a crença é, como disse acima, o ponto forte como também o ponto fraco da religião, pois quanto mais necessidade se tem de acreditar em “Deus”, mas sua real existência é enfraquecida, pois, por exemplo, não precisamos crer que você existe, nem muito menos ficarmos de domingo a domingo indo para um templo nos reunindo, pegando nas mãos uns dos outros e dizendo que você existe e que é real, pelo simples fato de você existir mesmo! Já o ponto forte, porque não importa quais argumentos, lógicas e coerências no campo da razão você levante, o religioso que quer acreditar em Deus, sempre continuará a crer porque quer crer e isto lhe será mais do que suficiente)

Assim meu caro leitor, tenho até aqui em meus textos, deixado às vezes de forma subliminar, outras, porém, de modo explicito, meu caminhar, passo a passo pela trilha da descrença. (E ai, quem é o corajoso ou a corajosa que se aventura a vir comigo? Rsrsrs)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

“Quem somos Eu?”


Todas as mentes humanas já nascem com uma incrível capacidade de dominar a “magia” e o encanto das palavras e também com a capacidade de autoenganar-se, re-significando os traços da psique humana. Muitas vezes, tentando esconder a verdade de nós mesmos, buscamos encontrar a verdade sobre nós mesmos, e acabamos por precisarmos desenvolver uma mente multifacetária, e por que não dizer... “inconsciente”.

Se formos tomar como base as teorias de Jung e Freud para fazermos referências a cada anseio, ideal, método, desejo, pulsão, fraude, impulso, conflito, arquétipo e medo, cairemos sempre no inconsciente. Quando não conseguimos dar conta do que é real, usando a razão, ou seja, o que está no nível consciente, revelamos uma personalidade múltipla e dispersa em uma total falta de significado, um vazio que clama por ser preenchido, mesmo que seja por algo não palpável, irreal, insubstancioso, não importa, qualquer coisa é melhor do que se sentir como um barco à deriva em um oceano de incertezas.

Atualmente, a hipocrisia, maldade, mentira, perversidade e a violência permeiam a sociedade, vemos aqui e ali embates e debates de “especialistas” que tentam desvendar este fenômeno sócio-cultural que é muitas vezes feito em salas confortáveis e climatizadas, sentados em suas cadeiras de couro de respaudar. Os temas são os mais variados:

“Como resolver o problema da agressividade?”

“Como controlar os altos índices de criminalidade?”

“Como podemos extirpar de vez a crueldade de nosso meio?”

Não acredito que seja possível! O homem é vítima de seu próprio desenvolvimento e as circunstâncias o obrigaram a ser agressivo, talvez no intuito de se aniquilar ou se autodestruir. Como conseqüência, ele agride, dilacera e mutila o outro, que acreditem, causa uma multiplicidade de prazeres que o levam a cometer mais e mais agressões.

Numa era tão competitiva como esta em que nos encontramos, é muito comum vermos homens e mulheres se digladiando por uma vaga de emprego, um romance, um lugar ao sol. Ele busca ser notado, almeja ser o centro das atenções, e para isso, ela segue à risca a sugestão de Maquiavel, “os fins justificam os meios”. Não precisamos sair de casa para ver que esta é uma verdade, basta observar como tratamos às vezes nossos filhos. “Porque você não faz como seu irmão que é super aplicado na escola? Ela vai ganhar uma bicicleta nova e você não, portanto, supere ele.”

Só o tempo nos mostrará se o homem superará esta fase, e se o fizer, como será o homem do futuro. Mas uma coisa é certa: Ninguém é de fato o que quer ser. Como disse lá encima, criamos outras personalidades que vez ou outra consegue suplantar o verdadeiro eu. O homem deveria parar de se perguntar “quem somos?” e preocupar-se mais com o “o que eu quero ser agora?”, procurar uma personalidade em sua “caixa de máscaras” e usá-la até que ele mesmo acredite que aquela faceta é sua verdadeira personalidade.

Ouso dizer que a personalidade do homem é marcada pela multiplicidade de personalidades que ele consegue desenvolver ao longo de sua vida. Qualquer um pode ser o que quiser. É só encontrar algo que se encaixe no meio em que está “convivendo”. Acredito que, desde que a pessoa tenha consciência de que ela “está alguém” e não “é alguém”, ela poderá trafegar por qualquer caminho que desejar, e quem sabe terá uma boa estadia no meio dos viventes, sem agredir ao próximo com suas excentricidades, suas maldades ocultas, seus desejos pervertidos, ou seja, ser “perfeitamente normal”, tendo consciência também de que “em terra de loucos, o único normal será considerado o doente da cidade”.

Edson Moura

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Porque me tornei ateu (parte 3): Meus sentimentos e conflitos!!

Eu, há 5 anos, ajoelhado de camisa preta e gravata branca, recebendo oração dos pastores!


Parafraseando Jesus que disse “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” com um nó na garganta e muita dor no coração, eu certa vez já disse em “voz alta” com meus pensamentos: “Oh Deus! Oh Deus! Por que nunca exististe?”.

O ser humano é totalmente condicionado, pois como bem disse Nietzsche que ao nascer todo ser humano é como camelo, onde as bagagens – valores, crenças, morais, leis, costumes (cultura) – é colocado em suas costas. Diante disso, alguns estudiosos chegaram até afirmar que o ser humano não tem nenhuma natureza pronta de antemão, pré- determinada, (a famosa frase “Sartreana” que a existência precede a essência) mas que o que faz o humano ser humano é a cultura, (o ser humano fez a cultura, e a cultura fez o ser humano) sendo esta totalmente apreendida. (embora eu não concorde totalmente com este pensamento, reconheço em grande parte sua legitimidade e valor)

Sendo assim, como é difícil questionar repensando nossos próprios valores, crenças e sentimentos, o que dirá ainda desfazer.
Confesso meu “pecado de ateu”: Senti muita tristeza e um vazio muito grande no processo de minha descrença, pois ao contrario do que muitos religiosos pensam, tentando desmerecer a minha antiga fé afirmando que nunca fui um crente verdadeiro, diminuindo assim minha autoridade, conhecimento e até experiência religiosa. (Vejo esta tática como uma maneira desesperada dos lideres religiosos defenderem as suas “ovelhas” e/ou a si mesmos dos meus argumentos, pois para enfraquecerem os meus conceitos, atacam a imagem – e assim autoridade – do autor – neste caso eu – e não propriamente meus argumentos)

Não! Não sou ateu por uma simples escolha de luxo, (pois hoje é chique você ser ateu...tá na moda. rsrs) como se simplesmente acordasse em um dia, e dissesse para mim mesmo: “Não vou mais acreditar em Deus, serei a partir de agora ateu”, mas antes foi gerado em mim, como em um parto angustiante de um “filho”, num processo incomensurável de luta, suor, dor e muitas lágrimas.

Lembro-me dos conflitos que as muitas dúvidas geraram em mim, de como me senti no dia em que não mais acreditei que Jesus morreu por meus pecados, que me amava, que tinha um plano de salvação, que em breve viria me arrebatar (se ainda cresse, estava até agora esperando rsrsrs) para estar para sempre com ele, (só agora vejo como era fantasiosa a fé cristã!), mas que tudo isso não passava de mera construção humana teológica, e do desespero e medo do ser humano da finitude desta vida.

Reconheço que chorei como uma criança, sentindo-me desamparado e abandonado, sozinho e perdido no universo, quando dei conta da minha total descrença em um ser superior.
Posso comparar esta experiência minha dramática com de um filho que a vida inteira viveu com seu pai acreditando que ele era realmente seu pai, mas que passados muito tempo depois, venho à tona a verdade; de que seu verdadeiro pai biológico o abandonou e o outro que ele chamava de pai, o acolheu como filho.

Mas este exemplo nem de longe se compara com o drama vivido por mim, pois no exemplo que dei, o filho sabe que o pai biológico existe, e que o abandonou, sendo acolhido como filho por outro homem.
No meu caso, eu nem cheguei a ser abandonado, eu simplesmente soube que o meu pai nunca existira de fato, que tudo aquilo que experimentei e acreditei não passou de uma ilusão, uma das maiores que tive na vida.

(Imagine você meu caro leitor, que a ilusão é tamanha que provoca nas pessoas uma sensação tão verdadeira, que para mim, o prazer de adorar a “Deus” naquela época que eu acreditava (ou me auto-enganava) era tão profundo que chegava a ser maior do que o prazer de gozar!)

Mas enfim, embora tenha assumido abertamente meu ateísmo, os conflitos não acabaram (o ser humano é um animal para angustia, não importa o que faça e em que acredite, ou o que não faça e em que não acredite!) e um dos meus conflitos é......

Continua na próxima postagem (risos) assim como também todo meu processo de descrença, porque você não acha meu caro leitor, que todo este processo de aproximadamente 23 anos – entre a crença e a descrença – seria escrito em apenas uma ou duas postagens?

Por: Marcio Alves

domingo, 5 de junho de 2011

“Se Deus existe realmente, então tudo é permitido”


Desde muito tempo acredita-se que o homem necessita de algo que delimite suas pulsões perversas, talvez seja por isso que algum sábio do passado resolveu criar um Deus que punisse o mal praticado. Já escreveram que se Deus não existe, e a alma é mortal, logo, tudo nos é permitido, mas eu discordo desta afirmação e explico-me:

No passado Deus era vingativo, intolerante com a impiedade, egocêntrico, todo poderoso e protetor dos seus filhos. Mas como tudo evolui, não poderia ser diferente com Ele. Atualmente Deus veste uma nova roupagem. Hoje está muito mais fácil ser Deus, afinal, se algo de muito bom acontece, logo agradecemos a Deus, mas, se uma tragédia ocorre, culparemos ao Diabo ou, na melhor das hipóteses, ao próprio homem.

Deus teria um bom motivo para permitir o mal? Há um propósito para que uma criança seja morta por um estuprador, ou até mesmo seja atropelada por um carro, por mero descuido do adulto que não segurou a mãozinha dela? Será que Ele permite que um louco lance ácido sulfúrico no rosto de uma mulher linda porque ela não quis casar-se com ele? Ou, será que Ele irá condená-la se a justiça dos homens autorizá-la a fazer o mesmo com o indivíduo? Ora, é claro que Deus está vendo tudo isso.

O homem é totalmente responsável pelos seus atos, é o que todos dizem, mas quando este homem “livre” opta por não acreditar em Deus, receberá um castigo maior do que o merecido. Será mandado para o inferno onde sua alma viverá para sempre em sofrimento, sem chance de arrependimento. Então chego a uma conclusão trágica:

Realmente Deus existe (estou sendo irônico), e permite (por total incapacidade de impedir o homem livre de fazer o mal) que a humanidade se destrua. Ele fica lá no céu, de bermudão e havaianas, com um coco gelado numa das mãos e o controle remoto da sua tevê por assinatura de seis bilhões de canais na outra, zapeando de um para outro, assistindo apático cada um de seus filhos arquitetarem os mais hediondos crimes contra seus irmãos. Vez ou outra ele se detêm em um canal em particular, onde um pastor filho da puta está enchendo sua bola.

Fica então a pergunta:

Para que eu preciso de um Deus assim? Como pode uma pessoa acreditar que este Deus seja bom, quando sua vida está uma desgraça só? Como pode um irresponsável dizer para uma mãe enlutada, que Deus levou sua criança para morar no céu, e que o fato de ela ter sido estuprada antes de morrer foi permissão de Divina? Quem em sã consciência pode dizer que existe um Deus, ao mesmo tempo em que um louco resolve fazer uma limpeza étnica e tira a vida de seis milhões de seres humanos? Seria Deus o maior de todos os “voyeures”?

Dostoyevsky deveria ter escrito o seguinte: “ Deus existindo ou não, tanto faz, o homem pode fazer o que quiser de sua vida e da vida do outro”. Portanto, pouco me importa se existe a possibilidade de existir um criador. Vivo minha vida sem ele, encaro a morte como um processo orgânico e culpo apenas o homem pelo mal que nos assola. Este é o meu jeito de absolver Deus de todas as acusações feitas por ateus decepcionados com a religião e conseqüentemente com Deus.

Noreda Somu Tossan

Gravidade - Tess Gerritsen

Sinopse: A pesquisadora Emma Watson está prestes a realizar a missão mais importante de sua vida: estudar o comportamento da vida terrestre no espaço. Escolhida pela Nasa para conduzir uma série de experimentos sobre o comportamento de organismos unicelulares, a Dra. Watson logo descobre a natureza aterrorizante desses organismos e precisa correr contra o tempo para conter uma doença mortal que pode ameaçar a Terra.

Tess Gerritsen se aventura no campo do desconhecido, e o resultado é este suspense que mistura, de forma brilhante, ficção científica e medicina.

Fatos: Tess Gerritsen é uma autora norte-americana de sucesso com seus thrillers médicos. Aclamada por seus fãs como uma versão feminina de Robin Cook, seus romances chegaram às principais listas de mais vendidos nos EUA. De ascendência chinesa, Tess Gerritsen cresceu nos EUA tendo talvez herdado do avô, um conhecido poeta, o talento para a escrita. Como sempre a fascinou a história e a ciência, os seus livros partem de uma cuidada pesquisa e rigor científico.

Mentiras e Verdades


Perdi a conta de quantas vezes disse que amava, quando na verdade, o vazio “preenchia” meu ser tal qual um buraco negro. Também já não me lembro de todas as vezes que os tratei com cordialidade e polidez, ao tempo em que a vontade de mandá-los às favas corroia minhas entranhas, latejando como uma ferida infeccionada. Enfim, podemos dizer que: Se nunca formos descobertos numa mentira, seria o mesmo que dizer a verdade. O que devemos evitar sempre que possível é tentar mascarar um erro com uma mentira, pois fazendo isso, sempre acabaremos por precisar de uma segunda...e uma terceira.

Minhas mentiras nunca tiveram a intenção de fazer mal a ninguém, pelo contrário, elas me ajudaram a conviver com pessoas indesejáveis. “Conviver”, esta é a palavra correta a ser usada. Santas mentiras se assim me permitem chamá-las. Desde muito jovem fui condicionado a praticar a “política da boa vizinhança”. Li em algum lugar, não sei onde, que algumas verdades são tão preciosas que devem ser protegidas com as maiores mentiras, e com passar do tempo constatei que esta é uma verdade. Sabemos que uma verdade, quando é dita com má intenção, facilmente derrota todas as mentiras que possamos inventar para defender, proteger ou agradar alguém.

Mentindo poupei algumas pessoas de sofrer, omitindo fatos evitei celeumas em diversos lugares por onde estive. Sou franco, mas não muito, até porque excesso de franqueza nos torna mal educados. Jamais diria à esposa de um amigo que sua comida é ruim, mesmo que muitas vezes seja intragável. Nunca diria a uma mulher que ela está gorda, ainda que suas curvas parecessem mais com a circunferência da Terra. Necessitamos da mentira, ela nos massageia. Estamos tão acostumados a beber de um só gole uma mentira que nos lisonjeia, enquanto tomamos gota por gota da verdade que nos amarga a alma.

Verdades já me colocaram em muitas enrascadas. Não quero que pensem que sou desonesto, pois não tem nada a ver uma coisa com a outra. Honesto sou, mas minto para salvar, se não ao outro, a mim mesmo. Houve uma época em que optei por dizer apenas a verdade. Que furada! Angariei alguns desafetos, chamaram-me de insensível, deixei de estender as mãos há muita gente. Sofri quando resolvi falar a verdade. Seria realmente cômico, se não fosse trágico. Quem diria que a verdade teria um peso inferior ao da mentira, em pleno século XXI?! Nos é muito difícil acreditar que algo que nos é contado por alguém seja verdade, quando bem sabemos que mentiríamos se estivéssemos no lugar da pessoa que nos fala.

Também não vão pensar que tudo que falo é mentira, pois isto não é verdade. Invariavelmente eu “tenho” que contar algumas verdadezinhas, e, mesmo correndo o risco de ser mal interpretado, ponho-as para fora, como lâminas afiadíssimas que cortarão as frágeis linhas de minhas amizades. Fazer o que não é? É a vida. Afinal de contas, uma mentira muito bem contada pode dar a volta ao mundo mesmo antes de a verdade ter a chance de calçar os sapatos, já dizia Winston Churchill

Por que estou abrindo meu coração neste pequeno texto, eu não sei. Talvez seja um medo “inconsciente” de morrer e não deixar claro para todos os meus amigos e parentes quem realmente é o Edson Moura. É bem possível que meu cérebro esteja me traindo e, de certa forma me obrigando a confessar meus “pecados” antes que seja muito tarde para fazê-lo. Gostaria muito que meus filhos lessem estas linhas antes da minha partida, mas também quero que eles saibam que o herói que sempre me esforcei para ser, não passa de um manipulador de situações (um manipulador do bem).

Mas falando a verdade agora...não sei se estas linhas são a mais pura expressão das verdades que vivi, ou mais uma vez, minto para fazê-los um pouco mais felizes, fazendo-os acreditar que o que escrevo seja verdade, quando verdadeiramente, conto mais algumas mentiras. Mas que droga! Chego à conclusão de que “Minto tão bem, que nem eu mesmo sei quando estou falando a verdade”.

Edson Moura e Noreda Somu Tossan

quarta-feira, 1 de junho de 2011

“Filosofia é árvore e não fruto”


Até os dias de hoje, muitos estudiosos se perguntam: Quem surgiu primeiro, a filosofia ou a educação? Acredito, que desde que o homem olhou para um lado e para o outro e se perguntou: “O que é a vida?”, ou, “Para onde vamos quando morremos?”, neste momento a filosofia surgiu em nosso meio.

Conforme o tempo foi passando e o homem foi vendo a necessidade de se agrupar em tribos e cidades, tudo isso graças à sistematização do conhecimento, sem o qual não teriam nenhuma possibilidade de abandonar a vida nômade, surgiu então a educação. Nos primórdios da sociedade a educação era apenas oral, ou seja, passava de pai para filho dentro de sua família. Educação era práxis. Aprendia-se a usar uma rede de pesca usando-a, aprendia-se a usar uma lança, simplesmente usando-a. O aprendizado de um indivíduo era voltado apenas para a resolução dos problemas que apareciam no seu cotidiano. E por não existirem escolas, a educação não era burocrática.

Mas foi na Grécia que surgiu a filosofia enquanto ciência digna de altos estudos e também a escola. Os filósofos produziam conhecimento, mas o ensinavam na escola. Então, indagar sobre a natureza das coisas era praticar a filosofia como atividade de busca de respostas, ou seja, “sistematização”, aos fenômenos do mundo, e educação era ensinar saberes, Já nessa época engessados.

Um exemplo da influência da filosofia sobre a educação é a crença geocêntrica de Aristóteles, que só foi refutada em 1609 por Galileu. Isso nos mostra que por mais de 1900 anos o mundo conhecido acreditou que a Terra era o centro do sistema solar. Inclusive isso era ensinado em todas as escolas que existiam no planeta.

Quanto à filosofia, podemos afirmar que Homero (autor de Ilíada e Odisséia) atribuiu ao Ocidente um modelo de homem, uma ética, e um berço, a saber a Grécia, e Hesíodo contribuiu com a “Teogonia”, modelos que foram ensinados geração após geração na educação ocidental. Tales de Mileto, conhecido como o primeiro filósofo a questionar a origem das coisas, de todas as coisa para ser exato, , mudou para sempre a história da educação.

Pitágoras também fundou uma escola de filosofia que tinha um “plano de fundo” místico e religioso (acreditava na reencarnação das almas) e na “perfeição” dos números (posteriormente refutado com a descoberta do número irracional). Mas foi Platão, fundador da “Academia” um dos mais influentes pensadores do mundo ocidental, pois, em sua escola surgiu alguns dos princípios da universidade.

Portanto, ao analisarmos a história da filosofia, podemos chegar à conclusão de que educação é um “rebento” da filosofia e não o contrário como acreditam muitas das pessoas com quem converso. O lado mal dessa história é que até mesmo a filosofia, hoje em dia está sendo praticada como atividade apenas curricular, ou seja, sabe-se muito sobre a história da filosofia, mas não se sabe mais filosofar. A tragédia é o fato de quase todos considerarem a filosofia um fruto da educação.

Edson Moura