sexta-feira, 27 de junho de 2014

Psicologia Clinica


 
O que é psicologia? Do que e como ela estuda? O que é propriamente um psicólogo clinico e qual é o seu campo de atuação? Essas e outras perguntas que vamos tentar responder a partir de agora, e, isto de uma forma bem breve e objetiva.
Segundo a doutora em psicologia clinica pela PUC/SP, Moraes (2003 p. 61) que buscou responder a primeira pergunta proposta: “o que é a psicologia?”, embasada principalmente em Foucault e Wundt, trouxe duas definições: A primeira derivada de Foucault é de que “(...) os impasses e contradições encontrados pela psicologia para definir-se como ciência devem ser tomados não como equívocos a serem superados, mas como positividades, como aquilo mesmo de que é feita a psicologia” (MORAES, 2003 p. 61), ou seja, não obstante a dificuldade de se definir o que é a psicologia, pois há inúmeras definições, há ainda, a problemática das contradições e erros próprios dos seres humanos, pois o objeto de estudo de que se vai ocupar a psicologia é justamente o homem.
Ser este que é marcado por um universo complexo, contraditório, ambíguo e subjetivo. Daí surgirem tantas teorias e vertentes dentro dessas mesmas teorias para tentar compreender e explicar o homem.
Então o objeto de estudo da psicologia é o homem. O problema básico deste objeto de estudo é sua complexidade e diversidade, e, portanto da impossibilidade de se exaurir todo conhecimento acerca deste objeto, se chegando a uma conclusão final, única e absoluta, como apontam em seus estudos Barros e Holanda (2007).
A segunda definição para “o que é a psicologia?”, ainda segundo Moraes, é encontrada em Wunt que “(....) definiu a psicologia como ciência intermediária, isto é, uma disciplina entre outras disciplinas”. (MORAES, 2003, p. 61) Isto não significa dizer apenas que a psicologia seja mais uma disciplina entre tantas outras disciplinas (embora ela seja), mas que ela é justamente marcada pelas relações com outros saberes científicos, como a biologia e a sociologia, por exemplo.
Sendo assim, a psicologia não pode ser apenas definida e limitada como estudo da mente, ou estudo do comportamento, embora alguns autores tenham definido assim, porque ela é muito abrangente e ilimitada. Sendo reduzida a apenas uma dentre tantas teorias, acaba por se torna empobrecida e apequenada.
Uma maneira de definir a psicologia, segundo Todorov, é como estudo de interações de organismo-ambiente, e neste sentido ele escreve dizendo:
“As interações organismo-ambiente têm, historicamente, caracterizado áreas da Psicologia, dependendo de quais subclasses de interações são consideradas. Ainda que uma divisão do meio ambiente em externo (o mundo-fora-da-pele) e interno (o mundo-dentro-da-pele) seja artificial, pois não tem que haver necessariamente dicotomia, a Psicologia evoluiu até o presente com áreas mais ou menos independentes especializadas em interações principalmente envolvendo o meio ambiente externo (psicofísica, por exemplo) ou com ênfase exclusiva no meio ambiente interno (abordagens psicodinâmicas da personalidade, por exemplo)”. (TODOROV, 2007 p. 58)
 Ou seja, ainda que seja imprescindível a fragmentação do estudo da psicologia para uma melhor compreensão e analise, não podemos negligenciar o entendimento de que as partes compõem um todo, estando elas mesmas interligadas e co-relacionadas, como por exemplo, o comportamento que não pode ser totalmente entendido se isolado o seu contexto físico e social, como também a questão da resposta singular que irá variar de sujeito para sujeito.
Então a psicologia com sua diversidade de teorias, são na maioria das vezes fragmentada, buscando entender aspectos das partes que compõe um todo do ser humano, mas que não podem cair no erro de se limitarem dando ênfase exclusiva a apenas uma destas partes, se esquecendo do todo.
Dentre os vários campos possíveis de atuação do psicólogo, está a clinica que é “(....) o estudo cientifico e de aplicação da psicologia para fins de compreensão, prevenção e alivio psicológico (.....) para promover o bem estar subjetivo e desenvolvimento pessoal”. (REDEPSICOLOGIA.COM, 2008)
Ela se inicia com um estudante de Wundt, chamado Lightner Witmer (1867-1956) quando o mesmo resolveu tratar um rapaz que tinha problemas com a ortografia. Este primeiro caso foi à mola propulsora para ele abrir uma clinica para dar continuidade ao trabalho de ajudar crianças com dificuldade de aprendizado.
Foi nesta época que Witmer criou o termo “psicologia clinica” que ele definia como um trabalho de observação e experimentação empírica com o objetivo de causar mudança.  (REDEPSICOLOGIA.COM, 2008)
Todo psicólogo clinico antes de atuar, precisa sempre avaliar o contexto e a natureza dos problemas, como também a situação a qual está inserido seu paciente, como; idade, tipo de personalidade, ambiente e cultura, inclusive também a motivação e duração da terapia e analise clinico.
Um dos problemas no inicio da carreira do psicólogo clinico é o que a psicóloga Tavora chama de “reconhecimento do eu”, que consiste basicamente na super-atenção dispensada do psicólogo consigo mesmo, ou seja, o psicólogo fica tão preocupado em saber se esta ou não se saindo bem, se sua postura de ouvir e até mesmo de falar estão corretas, que a atenção dada ao seu paciente fica comprometida. (TAVORA, 2002 p.7)
 
REFERENCIAS:
BARROS, F. de; HOLANDA, A. O aconselhamento psicológico e as possibilidades de uma (nova) clínica psicológica. Revista da Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. 13, n. 1, p.1-22, jun. 2007. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2011.
MORAES, M. Revista de Psicologia Unc: o que é a psicologia?, Niterói, v. 1, n. 2, p.59-63, 25 fev. 2003. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2011.
REDEPSICOLOGIA (Org.). Psicologia clinica. Portal Rede Psicologia, São Paulo, n. , p.1-9, 08 jun. 2008. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2011.
TAVORA, M. T. Um modelo de supervisão clinica na formação do estudante de psicologia: A experiência da ufc. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 7, n. 1, p.1-13, jun. 2002. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2011.
TODOROV, J. C. A Psicologia como o Estudo de Interações. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 23, n. , p.57-61, 2007. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2011.