quinta-feira, 30 de maio de 2013

"A re-socialização de um ex-detento a partir de seu delito e a aceitação na sociedade"

Este relato é apenas um pré-adendo, para o tema que pretendo postar em breve. O tema é: "A re-socialização de um ex-detento a partir de seu delito e a aceitação na sociedade". Leiam este artigo com atenção e pensem nas duas hipóteses que proponho.

Em 1992 outro caso ganhou espaço na mídia. Mike Tyson, famoso lutador de box, foi condenado a dez anos de prisão por ter violentado Desiree Washington. À época ela tinha dezoito anos de idade. Muito bonita, ela era miss Rhode Island. Ele teria convidado a moça para que ela fosse a seu quarto em um hotel em Indianápolis. Naquela ocasião realizava-se na cidade um concurso de beleza. Os fatos teriam se passado no quarto do hotel, e segundo apurou-se o ataque fora brutal. Mas os detalhes do acontecimento me intrigam. Por exemplo: Tyson foi visto saindo do evento de mãos dadas com a moça; centenas de pessoas presenciaram os dois se beijando dentro da limusine do astro do box, detalhe, os vidros estavam abaixados; o porteiro do hotel viu quando os dois chegaram e subiram para o quarto às 02:00 da madrugada. Então me vem à mente duas cenas que é mais ou menos a seguinte:

1ª Hipótese: Chegaram ao quarto, se beijaram, ela deu uma pegadinha aqui, ele deu uma pegadinha ali, tiraram parte de suas roupas, mas, na hora "H", ela quis parar, mas o Tyson não.

2ª Hipótese: Chegaram ao quarto do hotel, ela estava bem disposta a "dar" para ele, mas, estava mais interessada em dar um belo de um golpe nele. Falou que gostava de sexo violento, pediu para ele dar umas tapas nela, rasgar um pouquinho de suas roupas, e penetrá-la com violência. O Tyson achou que aquilo era um sonho e mandou ver. Resultado...se fudeu! Dez anos de cadeia.

Não importa se houve um estupro ou se houve um golpe neste caso. O que importa, pelo menos para o ponto em que quero abordar, é que o Tyson era um negro, rico, e com histórico de violência. Será que o mesmo se daria se em vez de o Tyson, fosse ali o Brad Pitt ou o ex-presidente americano Clinton? Suponho que sim, pois houve um caso muito mais evidente de estupro nos jardins da família Kennedy e não deu em nada.

Se de fato houve um estupro, poderíamos dizer que havia ali um atenuante, no caso de a "vítima" ter instigado o agressor a cometer o delito? E supondo que não, que a vítima não teve "participação" no crime, teria tido o Tyson, uma chance de voltar à sociedade, caso não fosse um milionário? Se ele precisasse de uma vaga de emprego em qualquer empresa, teria ele uma oportunidade sendo um "estuprador"? Você daria uma chance para um cara que cometeu um estupro ou um latrocínio, ou um sequestro. Vejam bem, estou falando de alguém que cometeu o fato típico e cumpriu sua pena integralmente.

Pensem.

Filósofo cético, Edson Moura

sábado, 25 de maio de 2013

A força simbólica da ceia cristã (Escrito por mim em 20/12/2009 e só agora publicado)







Por: Marcio Alves

A santa ceia, assim chamada pelos atuais e místicos evangélicos, influenciados pelo paganismo romano - pois a bíblia, não se refere à ceia como santa - subentende-se a sua sacralização como substancialmente a carne e sangue de Jesus. Porém, o mesmo compreendido e celebrado como símbolo do Deus-homem, homem-Deus, com grande festa, chamada de festa ágape pelos primeiros cristãos, sem a sina de pecador.

Festa esta, que foi "satanizada", e se revestiu de um ar de trevas, com medos e punições, re-lembra os pecados não confessados dos cristãos. Um ar fúnebre de tristeza e dor, re-memoriza as dores e sofrimentos do salvador, como punição dos nossos pecados. Impregnando o medo da ira do Deus-vingador, na alma pobre do mortal pecador.

Celebra a justiça e se esquece do amor sagrado do nosso eterno salvador. Que provou seu amor, vivendo nossa vida em meio à mais absurda dor. Sua morte prova a maldade e ruindade do coração pecador, mas sua ressurreição é a resposta a essa violência e dor.

Santa ceia, ceia santa, está no mais profundo abismo do ser, lá no intimo, está sua essência e vigor. Pães e vinhos são apenas pães e vinhos. O sagrado esta no profundo sentimento de admiração da vida do salvador. Portanto, toda refeição é santa e sagrada se celebrada em memória do nosso amado Senhor.

Salvador,  salvador, quero te amar todos os dias, celebrando cada momento a sua demonstração de amor, através das refeições com meus amigos, sem tristeza e dor, celebrando com o mais puro amor, aquela que era no principio a festa da solidariedade e amor, em comunhão fraternal de ajuda e perdão, sem condenação e juízo ao tal pecador.

Escrito por mim em 20/12/2009 e só agora publicado


domingo, 12 de maio de 2013

Outro Evangelho (uma história contada por dois jovens crentes que descobriram as boas novas da liberdade)


Quatro anos desde sua primeira publicação, o Blog "Outro Evangelho" é um exemplo daquilo que Heráclito falou: "O mesmo homem não pode banhar-se duas vezes no mesmo mar". O homem jamais será o mesmo, e o mar também não. Começamos tímidos, apenas com ideias novas acerca da Fé, de como se deveria crer. Dizíamos que "Crer é pensar", depois dissemos que "Se Deus existe, então existe uma maneira correta de servi-lo. Relativizamos a Bíblia, questionamos os métodos divinos, duvidamos dos milagres e por fim... deixamos de acreditar. Isto é mudança, isto é evolução. 

Ficamos algum tempo sem publicar, acreditando que os assuntos já se haviam esgotado. Pensamos já ter dito tudo. Chegamos a conclusão de que talvez tenhamos mudado a vida de muita gente. É certo que hoje o "Outro Evangelho" tem artigos para todos os gostos, para todas as crenças, e desejamos que cada um aproveite o que melhor lhe caber daquilo que publicamos ao logo desses anos. Acredito que nunca tiramos a Fé de ninguém. Concluirmos que, se alguém deixou de crer lendo o que escrevemos, foi opção dele jogar sua fé fora. Nós apenas mostramos o caminho, se apessoa desejar segui-lo, é de sua inteira responsabilidade a sua liberdade.

Obrigado a todos que nos acompanharam, e que nos ajudaram. Abaixo segue um pequeno artigo para reafirmar aquilo em que cremos agora, o que não impede que venhamos a mudar novamente. Filósofo cético, Edson Moura.

A religião nunca vai ser capaz de melhorar a humanidade, até porque religião é uma escravidão, uma gaiola, uma caverna, onde, quem está dentro, apenas consegue ter uma leve ideia do que é o mundo de liberdade. Pássaros em gaiolas, animais "encavernados", fiéis cegos, todos têm receio de bater asas e voar, pois o mundo, fora de sua zona de conforto, os mataria em pouco tempo.

A Religião persegue, tortura e queima quem discorda dela. Não me recordo, pelo muito que já li, de a Ciência e a Filosofia já terem matado alguém, por discordar delas, pelo contrário, apenas buscam descobrir as leis da natureza, e aceitam sugestões, para que novas ideias venham a se agregar às ideias antigas, ou repeli-las de uma vez por todas.

Muitos crentes me procuram, com certa ira ao saber do meu ateísmo, perguntando o que eu tenho a dizer das catástrofes, da violência no lar, das doenças sem cura, alegando ser este o cumprimentos de muitas das profecias bíblicas. Então lhes respondo com tom sarcástico (como sempre). "Se Cristo realmente disse “Eu não vim trazer a paz mas a espada”, esta é a única profecia do Novo Testamento que se cumpriu. Deus disse aos judeus que matassem todos os hereges, todos os que adorassem outro deus. Então ele enviou seu filho ao mundo para pregar uma nova religião. Se os judeus o mataram, eles não fizeram mais do que cumprir seu mandamento e Deus não pode se queixar".

Quanta idiotice e presunção, acreditar que um ser Eterno, Incriado, Todo Poderoso e Criador dos céus e da Terra e dos confins do Universo tenha a necessidade patológica de nosso louvor e adoração. Por que eu deveria permitir que o mesmo Deus que abandonou seu filho ensanguentado, açoitado, humilhado e pregado numa cruz, (Tendo o poder para salvá-lo, ou pelo menos, poupá-lo) me diga como cuidar do meu?

O Mundo felizmente está mudando exponencialmente sua convicções. À medida que as pessoas vão ficando mais inteligentes, mais inteligencia elas procuram, e vão se importando menos em dar ouvidos aos pastores e mais aos professores. Filósofo cético, Edson Moura

sábado, 4 de maio de 2013

Síndrome do pânico e religião: minha vida


Por: Filosofo de rua Marcio Alves

“Todos os dias ia para a igreja. Orava por volta de uma a duas horas por dia. Lia a bíblia sempre por varias horas. Pregava frequentemente. Desde os 7 até os 26 anos tinha o cristianismo como o sentido supremo da minha existência. Meu maior sonho era viver totalmente a “vontade de Deus e sua obra” – o que é a vontade de Deus? O que é sua obra? – a tal ponto de nunca casar, ter filhos e trabalhar, ou seja; minha vida era a religião evangélica e a religião evangélica era minha vida”.

O relato breve acima dá para ter uma ideia bem aproximada da realidade que vivi até dois anos atrás. Fui o típico religioso fanático, onde todo meu pensamento, todo meu ser, toda minha existência estava voltada para a religião evangélica. Toda essa estrutura dava sustentação, amparo e um tremendo sentido para minha frágil existência até o dia em que ler só a bíblia não era suficiente e comecei a ler livros até então voltados para a religião, conhecidos como “livros teológicos”. Depois, comecei a ler todo tipo de livro e autor que abordava ainda o pensamento teológico, mas não mais me prendia e limitava a ler somente teólogos da linha protestante conservador, e o pastor protestante que mais me influenciou nesse sentido foram os pastores Ricardo Gondin e Ed. Rene kivitz, depois de conhecê-los, e ler quase tudo que encontrava dos dois, tanto nos sites particulares, como em livros e artigos espalhados pela internet, começaram a fazer parte da minha leitura e do meu mundo, teólogos de outras vertentes, como os “hereges” teólogos liberais, padres e até rabis. Depois passei a ler os filósofos, ai meu mundinho até então vivido dentro da gaiola, da caixinha e do quintal evangélico foi completamente virado literalmente de “cabeça para baixo”. Foi nesse momento que percebi que já não era mais o mesmo, que o cristianismo como eu conheci já não fazia mais sentido algum para mim. A casa literalmente caiu pra mim e caiu bem em cima da minha cabeça! O que era certeza absoluta, como a crença em Deus, na bíblia, na doutrina pétrea da igreja, nos valores cristãos, no céu eterno que me aguardava depois da morte, perderam a força, o sentido, a certeza, e pouco a pouco foi entrando em mim a duvida que me corroia como câncer até virar uma certeza que eu chamei de “Meu crer na descrença e minha descrença no crer” – um dos temas de um texto meu escrito bem nessa fase da minha vida.

Talvez por isso – foi isso – que me levou a fazer faculdade de psicologia na anhanguera-uniban campus do campo limpo, não só para continuar estudando o fantástico e complexo universo do comportamento e mente humana, só que agora com olhar psicológico e muito mais abrangente do que o limitado “mundo espiritual” da teologia evangélica, mas também para substituir uma estrutura (religião) que sustentava e dava sentido, segurança e conforto, por outra; a psicológica.

Nessa experiência vivida, eu pude ver o tamanho da força e do sentido que a religião e todo seu sistema dão para o individuo. Entrei em colapso. Em profundo desespero. Numa falta de sentido absurda da existência. Desenvolvi a síndrome do pânico e outras psicopatologias que vieram no pacote tais como a TAG (transtorno de ansiedade generalizado) como a depressão em seu nível mais profundo – o “profundo” que me refiro aqui, não é somente uma tristeza profunda, mas sim a falta de sentido da existência, coisas que me davam mais prazer antes, não tinha mais sentido algum, alias, nada fazia mais sentido para mim, inclusive viver, esse é o terceiro e último nível dessa devastadora doença.

Não conseguia mais dormir, nem trabalhar, nem fazer qualquer outra coisa porque a angustia e o medo eram tão avassaladores. Comecei á ir todo dia para o pronto socorro e tomar na veia diazepam. Foi ai que a psicologia de certa forma “salvou” a minha vida. Desde o começo já sabia o que eu tinha. Já sabia inclusive as ferramentas para lidar com o transtorno (ou, os transtornos). Mas sabe qual a verdade? A teoria nesse momento profundo de desespero “quase” não me ajudou, ou me ajudou muito pouco. Precisei tomar remédios psiquiátricos controlados para só ai de fato a psicologia fazer algum efeito, ou seja, nesses casos de profundos e gravíssimos transtornos, só a terapia ou o conhecimento psicológico não dão conta: é preciso, paralelamente, o uso da medicação para dar uma “baixada” e alivio nos sintomas para a pessoa poder desenvolver um tratamento terapêutico.

Buscando na literatura de cunho cientifico e fazendo um link com a minha própria experiência de vida, encontrei que a doença da síndrome do pânico, como outros diversos transtornos, estão ligadas, em nosso século, conhecido como a “pós-modernidade”, justamente com a perda de referencial, de ideais, de valores, de sentido. Como esse meu texto não pretende ser um artigo cientifico, mas antes um simples e objetivo texto de blog, para os meus leitores que já nos acompanha a mais de 4 anos, que sabe que a filosofia aqui é de “rua” mesmo, ou seja; pautada somente no chão ou asfalto da existência, vou apenas citar uma única referencia para dar um pouco de sustentação para o texto, muito embora possa ser encontrado outras diversas referencias sobre o tema.

O parágrafo a seguir é da doutora em psicológica clinica pela PUC Jacqueline de Oliveira Moreira que diz: “Acreditamos que o processo do transtorno do pânico individual inicia-se com a perda de um ideal que funciona como referencial organizador do sujeito. Frente ao colapso dessa organização, o sujeito é tomado por um excesso pulsional, que se apresenta como angústia automática referente ao desnudamento da situação de desamparo. Como o sujeito apresenta uma precariedade diante dos perigos do mundo interno, ele projeta os perigos no mundo externo, como forma de defesa e tentativa de reorganização” (2006)

Como a religião antes era e assim foi por toda minha vida meu chão, meu norte, minha bussola, minha boia no meio do oceano da angustia, desamparo e insegurança da vida, vi-me só, totalmente perdido, sem rumo, jogado no vazio absurdo da existência, no silencio e escuro do universo quando me tornei ateu. A pior coisa que aconteceu na minha vida foi ter me tornado ateu. Repito: a pior coisa que aconteceu na minha vida foi ter me tornado ateu. É como acordar de um sonho lindo, maravilhoso e perceber que tudo aquilo não passou justamente de um sonho! Doeu muito, mas muito mesmo, quando me dei conta que já não mais conseguia acreditar em Deus. Que tudo de mais sagrado e de maior sentido e significado na minha vida já não tinha sentido e valor algum. Chorei demais quando deixei de acreditar que Jesus morreu para me salvar e que um dia me buscaria para morar com ele. Isso tudo pra mim hoje, tudo que vivi, tudo que acreditei, não passa de algo tão inocente, tão infantil, tão puro, como foi minha infância, e, por isso tão belo e inesquecível. Hoje, um pouco mais maduro, mais estruturado psicológica e emocionalmente, consigo, de verdade não jogar a “água suja junto com o Bebê”. Passou a fase da militância ateia, quando escrevia ferozmente contra a religião, quando combatia com todas minhas forças a crença da qual um dia fiz parte. Abandonei o delírio messiânico ateu de querer dêsconverter todos os crentes – ou querer converter o mundo inteiro para o ateísmo. Caiu a “ficha” de que isso era uma forma inconsciente e infantil de substituir o evangelho e suas pregações por uma forma ateia de religião com seus dogmas e também “pregações”. De aliviar o ressentimento me vingando ao desconverter os crentes, pois me via – e ainda me vejo – em cada crente que eu encontro. Na verdade, inconscientemente, eu queria transformar o outro (crente) em ateu, porque o outro era um espelho que refletia o que já fui e ainda o que está vivo dentro de mim, e isto, de certa forma, me trazia angustia por ter deixado de ser crente e não mais conseguir voltar a acreditar.

Hoje, ainda me erguendo, me levantando e (re)construindo minha (nova) existência, meu novo (re)caminhar, ainda muito frágil e recente, tento sintetizar e resignificar toda minha historia fazendo uma ponte entre o que fui e o que sou, pois meu presente e futuro estão sustentados nela. Cansei de ser inimigo e lutar contra mim mesmo, pois o passado não se apaga, mas se reconstrói ao resignificar ele. Tudo que vivi e tudo que vivo estão misturados iguais a dois copos de água jogados e misturados numa mesma vasilha: impossível dicotomizar, separar as duas coisas, pois o começo de um e a continuação do outro.

Não adianta também inútil e infantilmente querer (re)viver o passado da mesma forma que passou, pois nem o passado e nem eu somos o mesmo. Não dá para desacreditar e desconhecer o que acredito (ou não acredito) e conheço agora. Preciso integrar passado e presente, religião e ateísmo, falta de sentido da existência e sentido particular construído dia após dia, convergindo e dialogando forças contrarias dentro de mim.

No mais, o ser humano precisa sim de referencias, ideais, valores que norteei a sua vida, se não a religião, outros sistemas, como a própria filosofia e psicologia, ou então trabalho, planos, famílias, pois assim evitará de cair no nilismo da existência, ou, ainda que caia, como eu, conseguir de dentro do precipício continuar vivendo e encontrando razões ou criando razões e sentidos para continuar vivendo, porque viver é muito mais do que simplesmente respirar: é preciso encontrar sentido mesmo que seja arrancado na força e na garra do buraco existencial absurdo da falta de sentido. É pra isso, o outro é fundamental. Deve ser por isso que 90 % das minhas frases que posto no facebook é sobre o amor, pois nesse caminhar por sentido e significado o outro é fundamental. O que seria de nós e de nosso eu se não existe um outro? O que consola de estar em um navio no meio do mar da existência tendo que se lutar contra a tempestade das intempéries é que se olharmos para o lado veremos justamente o outro conosco: toda humanidade está com a gente nesse navio, nesse sentido o que fica é que compartilhamos do mesmo destino e da mesma fragilidade e brevidade da existência.