quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A beleza do ateísmo




Por: Marcio Alves

Hoje mais maduro e experiente do que ontem, não nego a importância do significado e simbolismo da religião apesar de ser ateu, não considero a religião como absolutamente indispensável e negativa para humanidade, porem, considero o ateísmo muito mais belo do que qualquer crença existente em Deus ou Deuses.



A beleza do ateísmo reside justamente no fato de não haver Deus, de não haver um criador, que, por qualquer motivo ou propósito, tenha criado um boneco para um fim determinado ou para sua gloria narcísica, mas que o homem existe e está absurdamente lançado na existência sem qualquer destino traçado, que ele è senhor de sua própria historia, ainda que limitado pelas condições e restrições sociais e culturais.



Fico maravilhado com a ideia do ateísmo não porque seja mais verdadeira ou real do que os pressupostos religiosos ou filosóficos, sejam eles quais forem, mas porque a imagem do homem totalmente perdido, abandonado, desamparado, numa absurda solidão cósmica è sensacional, absurdamente linda, embora seja muito desesperadora.



Claro que seria muito mais fácil, como se tem sido, acreditar na existência de algum ser superior que por alguma razão tenha criado a gente, mas, o ateísmo com sua visão assustadora e vazia de que estamos sòs no universo, dignifica o homem, pois o homem não é um boneco fabricado pelas indústrias celestiais cujo dono é o todo poderoso, mas um ser incriado que sempre existiu e foi evoluído através dos tempos, ou que surgiu através de uma milagrosa existência cega e aleatória, como um acidente da matéria.



Seja qual for a visão ateia, ela confere um sentido ultimo e supremo para o homem, o sentido, de que tudo que somos é o que temos sido, e a vida começa e acaba quando a vida começa e acaba, despertando um valor absurdo para a vida, pois tudo se resume aqui e agora, tendo se um breve momento, uma breve respiração, que se esvai como areia pelos dedos.



Se existe Deus e se a vida fosse para sempre eterna, do que valeria viver esta vida? Porque se importa com cada segundo do nosso tempo que se esvai, se ao morrermos vamos viver para sempre, e, num lugar infinitamente melhor? Porque lutar e insistir tanto em viver, se a morte seria a solução para todo sofrimento humano, nos recompensando com uma vida gloriosa e majestosa do outro lado da vida?



Sinto que toda humanidade, seja ateu ou religioso, esta no mesmo barco á afundar no oceano do vazio, do medo, da solidão, do desamparo cósmico, e, mais, sinto como uma sensação visceral e forte, de que no fundo, no fundo, todos nós sabemos desta solidão, de que o universo é indiferente á nós, de que com a morte vem também nosso fim, só não queremos aceitar, lutando em sempre acreditar muito mais desejando do que realmente sabendo, de que tudo se resume a esta nossa efêmera e insignificante vida, talvez por isso, tudo em nós clama respirando o contrário; de que somos filhos amados de Deus, e, de que ao morrermos, iremos para o paraíso encontrar todas as pessoas que amamos, e que iremos viver felizes para sempre....nada mais absurdo, mas, com toda certeza, desejo legitimo de nós mortais.



Por isso, ninguém é cem por cento ateu e/ou religioso, mas dentro de cada um de nós, existe um ateu e um religioso, e, religioso no sentido de que, se não tem duvida de que Deus não exista, pelos menos, no mínimo desejar inconscientemente que ao fecharmos os olhos, alguém esteja do outro lado nos esperando de braços abertos.



Impressionante a ideia do ateísmo, mas, com toda certeza, mas impressionante ainda somos nós em agonia desesperadora buscar, desejar ou esperar que exista algo ou alguém para alem desta vida....é a vida clamando por vida, negando a não existência, com toda sua força e vigor, queiramos aceitar isto ou não, até porque, como já dizia o mestre Schoppenhauer que a vida é uma vontade cega de sempre querer mais, e mais da vida, pois no final de tudo, somos humanos finitos e amedrontados com o nosso fim, mas desejosos sempre com mais e mais da vida.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Criação? Seleção Natural? Seleção Artificial. (Parte 1)



Por Edson Moura

No princípio tudo era trevas, e sentado em sua poltrona branca um ser absurdamente poderoso imaginava uma maneira de criar um mundo. Um poeta daquelas surrealistas que não se deixava prender por ideias racionais, tudo era possível, desde que se permitissem imaginar o inimaginável. Assim era ele. Só sabia de uma coisa: “Tudo deveria culminar num ser que pensasse sua existência. Mas como?

Diante de uma panela ele elaborou em escala reduzida, seu projeto. Chamaria aquela maquete de “Caldo Primordial”. Lançaria ali uma semente, e desta única, pequena e frágil semente um dia surgiria sua obra prima. Tudo se daria por meio de uma luta feroz, uma batalha épica onde apenas os mais fortes sobreviveriam, e quanto mais acirrada fosse a luta entre as espécies originadas a partir do caldo primordial, mais rápida seria a evolução de novas espécies. E nesse contexto sobreviveriam apenas os que melhor se adaptassem. Todos os outros pereceriam. Mas ainda assim demoraria... e como demoraria.

Estava resolvido! Diante da panela onde já continha o caldo o ser poderoso colocou todos os tipos de sais de amônia e de fósforo, luz, calor, eletricidade etc.. Dentro desta panela ocorreria uma reação química  que daria origem a uma proteína que, por sua vez, seria capaz de sofre alterações mais complexas. Ou seja: Uma matéria inorgânica, passaria a ser orgânica, se aplicasse ali o fator tempo. E tempo, acreditem, era o que o ser mais tinha. Eu já disse que o ser em questão era eterno? Agora só faltava lançar o “líquido” no planetinha que ainda não era azul...mas ficaria, dentro de dois ou três bilhões de anos.

Todos os seres deste pequeno planeta, pensava ele, seriam compostos das mesmas substâncias. Seriam a partir de determinado momento, seres com vida, e vida para mim nada mais é do que uma “coisa” que consegue se alimentar do meio em que está (chamarei de metabolismo), e também precisa ter a capacidade de se reproduzir de forma autônoma, ou seja, sem a minha interferência.

Então vejamos: Já tenho o caldo, e os ácidos necessários, só falta o toque final, o sistema solar. O Planetinha de que falei ainda a pouco, por enquanto está muito quente, não passa de uma massa em formato quase esférico e incandescente, vou esperar que ele esfrie e forme uma crosta, e pelos meus cálculos vai demorar aproximadamente três bilhões de anos, tudo bem, estou sem um pingo de pressa. Mas um detalhe importante eu não posso esquecer: Não pode ter oxigênio no planeta. O oxigênio livre só poderá aparecer depois que alguns dos seres saiam do caldo e comecem a realizar um processo que, por enquanto darei o nome de “fotossíntese”. Segundo consta em minhas anotações, o oxigênio é muito reativo, e se quero dar origem a uma primeira molécula menos complexa, preciso esperar que ela se torne mais complexa para que não seja destruída antes de formar.

Outro detalhe importante: Se não pode haver oxigênio, também não existirá aquela camada protetora, deixe-me ver... chamarei de camada de ozônio,  e justamente a radiação que chegará até o planetinha, vinda daquela estrela que deixei próxima dele (Sol), é que acionará o gatilho para o surgimento da primeira molécula, fácil assim. Deixe-me anotar para não esquecer: “Tópico  5 do manual da criação. Radiação cósmica será a única energia capaz de fazer as diferentes substâncias químicas da Terra se combinarem para formar uma “macromolécula”.

Então vou recapitular: Dentro do Caldo Primordial que eu criei, e mantive aquecido, em determinado momento uma macromolécula extremamente complexa, que terá a “estranha” capacidade de se reproduzir sozinha, dará início à “Longa Evolução” (chamarei assim). Este será o primeiro material genético, a primeira molécula de DNA, a primeira célula viva. Ela vai se subdividir, mas desde o começo ocorrerão mutações. Muito tempo depois os organismos monocelulares se combinarão para formar organismos pluricelulares. Logo depois ocorrerá a fotossíntese nas plantas, (Não liguem, já estou dando nome às coisas mesmo. Depois, de alguma forma, e totalmente por acaso, os seres que eu dei origem, darão esses mesmos nomes às coisas) e em seguida o planetinha ganhará uma atmosfera que conterá, agora sim, o oxigênio, pois o oxigênio será o responsável pelo surgimento dos animais que respirarão o ar, (gostei disso...respirarão o ar. Soa tão místico, não é? rsss) e também esta atmosfera terá sua função, que será proteger o planeta dos raios radioativos do Sol, que nesse contexto,não serão benéficos.

A mesma centelha que um dia foi tão importante para o surgimento da primeira célula, também será nociva ara todas as formas de vida. Muuuuito legal esta parte! Tudo ocorrerá como o planejado por mim. Mas em momento algum eu interferirei nesse processo. Creio eu que, de tão absurdamente bem bolado este meu invento, eles demorarão quatro bilhões de anos para terem uma pequena noção das dimensões de meu poder. Alguns atribuirão a mim, logo de cara, tudo o que existe. Não estarão errados, mas estarão milhões de anos longe de estarem completamente certos. Não deixarei vestígios, não deixarei pistas. Permitirei que eles adquiram uma mente fantasticamente sagaz, estupidamente inteligente, mas mesmo o “homem” mais inteligente, não difere do cupim mais inteligente, se comparado a mim, eu serei o mistério que os rondará por centenas de milhares de anos. Eu serei a criatura criadora de tudo e de todos, mas não do jeito que eles imaginam.

Muitos se levantarão (Serão chamados ateus) contra o nome que invariavelmente me darão (Deus), mas de qualquer forma, quando o mais sábio de todos perceber que a vida humana, que a origem das espécies se deu por meio de uma batalha pela sobrevivência, e que o mais forte permaneceu, terá que ser honesto o suficiente para reconhecer que alguém precisaria ter dado inicio a tudo. Alguns refletirão a chegarão a seguinte conclusão:

"De que vale o eterno criar, se a criação em nada terminar? Se perderão num imenso nada e, mesmo depois de ficarem famosos por suas teorias, cairão num mar de esquecimento, pois entenderão que não passam de “produtos de suas épocas”, saberão que não são eternos como eu."

Ass. Deus

Uma analogia á teoria darwiniana sobre a origem das espécies.

Leia a segunda parte em: Criação? Seleção Natural? Seleção Artificial  (Parte 2)

sábado, 13 de outubro de 2012

O dia em que os deuses se tornaram humanos!




Escrito por Marcio Alves

Há milhares de anos atrás, muito depois da criação humana, os deuses poderosos e imortais, fardos de suas eternidades, de suas previsíveis vidas, de seu gozo eterno, intocáveis, debruçados nas janelas do céu, viam os humanos viverem suas vidas finitas, imprevisíveis, frágeis e tão belas de trágicas, que alguns deuses começaram a se questionar quem realmente tinha uma vida preciosa; eles que nunca se surpreendiam, que não passavam por dificuldade, que nunca morriam, ou, os humanos que viviam cada dia como se fosse o ultimo, pois a qualquer momento podiam morrer.

Estes pensamentos em comparar suas vidas eternas com as vidas dos mortais, começou a causar inveja em muitos dos deuses, que já estavam cansados de serem deuses, de serem imortais, de todo dia ser o mesmo dia e isto infinitamente, sem poderem nunca vir deixar de existir.

A vida humana então passou a ser desejada pela maioria dos deuses, embora ainda não houvesse ninguém que tivesse a coragem de abrir mão de sua posição onipotente e onisciente para se tornar humano, pois todos eles sabiam que este era um caminho sem volta; uma vez humano, humano até morrer, pois esta era a sentença dos deuses para os humanos ‘’do pó viestes e ao pó retornarás’’, portanto, uma vez que algum deus resolvesse abrir mão de sua condição imortal, não podiam nunca mais voltar a ser deus, e, estaria condenado depois da morte a não existência pra sempre.

Até que um dia que sempre era igual para os deuses, um deles, tomou a decisão que todos queriam, mas não tinham coragem, se colocou de pé no limbo e disse em alto e bom som: ‘’Serei o primeiro a abrir mão da eternidade, pois não suporto mais ser eterno, esta vida sem fim, sem emoção, sem desafio, não tem a menor graça e valor, eles, os humanos, e que vivem de verdade, pois suas vidas são efêmeras, e por serem efêmeras são preciosas cada minuto de sua frágeis existências” e completou “serei um deles a partir de agora”.

A partir daquele momento ouve silencio no limbo e caiu uma profunda admiração nos deuses por aquele deus que agora passara a ser um humano, e, ele foi chamado na terra de Moises líder do povo judeu, homem extraordinário.
E assim, deus após deus, foi, um a um abrindo mão de sua posição para se tornar um humano, fantástico, mas ainda sim, apenas humano, demasiado humano.

Alguns se tornaram lideres bons como Gandhi, outros ainda, se tornaram lideres maléficos, que conseguiram arrastar uma multidão de seguidores para o mal como Hitler, mas, todos, sem exceção entraram para a historia da humanidade, para a seleta galeria de heróis, lideres, esportistas, humanistas e gênios da espécie humana, galeria esta da qual o mundo nunca se esquecerá, e, de que, tiveram seus nomes escritos em tabuas de mármores, os quais o vento e o tempo nunca conseguirá apagar, mesmo que suas vidas tenham chegado ao fim.

Até hoje, dizem, que vez por outra, um deus deixa de ser deus para estar entre nós como apenas humano, e, estes são facilmente reconhecidos, pois são extraordinários entre nós....desconfio que Nietzsche, Jesus, Ainstein, Freud, Nilton, até mesmo Pelé, Ayrton Sena e outros grandes da historia da humanidade eram deuses que se tornaram humanos, mas que só não sabe ou não souberam disto, porque o pacto que eles, deuses, fizeram, foi que ao se tornar humanos, eles não se lembrassem que um dia foram deuses.

Agora, resta saber se ainda há deuses, ou se todos já se tornaram humanos, ou se ainda há algum, qual será o próximo extraordinário ser humano que ele se transformara e surgirá na humanidade para entrar na galeria dos grandes que fizeram historia e mudaram os rumos da humanidade.

A divina revelação do Inferno (Mary K. Baxter)

Resumo do Livro:

 I - Introdução

Uma caudalosa enxurrada de testemunhos de pessoas que supostamente estiveram no céu ou no inferno tem proliferado no meio dos cristãos evangélicos. São relatos surpreendentes, porém extremamente sensacionalistas e repletos de aberrações teológicas. Revelam ser, na verdade,  produto de uma mente brilhante, capaz de produzir filmes como Guerra nas Estrelas, E.T. e tantos outros, arrancando até mesmo aplausos do gênio da ficção científica hollywoodiana, Steven Spielberg.

A Divina Revelação do Inferno foi publicada originalmente em inglês com o título: A Divine Revelation of Hell, em 1993, nos Estados Unidos. A autora, Mary Baxter, é ministra da Igreja Nacional de Deus, em Washington, EUA. Nasceu em Chattanooga, Tennessee, EUA. Segundo relata, começou a ter "visões" de Deus na década de 60, em Michigan; mas foi em 1976, que Jesus teria aparecido para ela, na forma humana, em sonhos, visões e revelações, durante quarenta noites, e mandou-a transmitir as profundezas, degradações e tormentos das almas perdidas no inferno (pp. 183, 184). 

II - Recomendações

Entre as pessoas citadas, que indicam o referido livro, encontra-se a Sra. Marilyn Hickey, que num de seus livros ensina ter Noé, sob o efeito da embriaguez,  praticado atos homossexuais com seu neto Canaã, além de dizer que o homem possui a natureza de Deus, tornando-se participante de “todos os seus atributos” [i] . Percebe-se, pois, que a insensatez acompanha não apenas a obra indicada, mas também quem a indicou.

Outro nome de peso é o de David (Paul) Yonggi Cho, que declarou [ii]: "Eu li este livro, tremendo no meu coração. Eu realmente creio que Rev. Baxter teve um verdadeiro encontro com a realidade do inferno na sua experiência da revelação de Jesus Cristo nosso Senhor" (quarta capa). Apesar de ser notável no meio evangélico, o Sr. Cho pode cometer erros (ele não é infalível!); aliás, não seria a primeira vez que ele ensina algo inconsistente (teologicamente falando). Em uma de suas obras, Cho diz que pediu a Deus três coisas: uma escrivaninha, uma cadeira e uma bicicleta; contudo, Deus disse que não poderia atendê-lo pela seguinte razão: Cho não especificou o que queria. Deus lhe teria dito: "Será que você não sabe que há dezenas de tipos de escrivaninhas, cadeiras e bicicletas? Mas você simplesmente pediu-me uma escrivaninha, uma cadeira e uma bicicleta. Não pediu uma escrivaninha específica, nem uma cadeira nem uma bicicleta específicas". [iii] Sem perceber, o Sr. Cho atentou contra a onisciência de Deus que, segundo o próprio Jesus, sabe de tudo  que necessitamos, antes mesmo de pedir (Mateus 6:25-32).

Assim, devemos analisar as declarações da Sra. Baxter à luz da Bíblia, e não nos fiarmos em declarações de pessoas que, assim como nós, estão propensas a análises errôneas, não importa quão afamada seja tal pessoa no círculo cristão (Atos 17:10, 11).

III - Contradições
  
O caráter contraditório de algumas declarações desqualificam a "revelação" da Sra. Baxter. Por exemplo: na p. 16 encontramos a suposta declaração de Jesus para ela: “Minha filha, levarei você até o inferno (...). Quero que escreva um livro e conte todas as coisas que vou revelar a você” (grifo acrescentado). Desobedecendo à ordem de Jesus, porém, ela comenta na p. 20: “Algumas coisas, por serem horríveis demais, não consegui passar para o papel” (grifo acrescentado). Ora, por mais que a mensagem a ser transmitida fosse dura, os profetas de Deus declaravam o que ele ordenava, independentemente do que sentiam a esse respeito; tal foi o caso de Jonas, Jeremias, Oséias e outros. A Sra. Baxter revela não possuir características próprias de um profeta de Deus. Para terminar o festival de contradições, diz: "Como obreira de Deus, submeti-me ao comando de Nosso Senhor Jesus Cristo e registrei fervorosamente as coisas que me foram mostradas e reveladas por Ele" (p. 181) — grifo acrescentado.

IV - O Inferno

A Sra. Baxter relata sua "visita" ao inferno nos seguintes termos: "Jesus veio a mim em 1976 (...). Jesus levou-me ao inferno por um período de 40 dias [iv] . (...) No mesmo momento, minha alma foi retirada do meu corpo. Saí com Jesus do meu quarto em direção ao céu. (...) Meu corpo permanecia na cama, enquanto o meu espírito ia com Jesus através do telhado da casa. (...) Depois, começamos a subir cada vez mais e eu já podia ver a Terra embaixo. Saindo dela, de vários pontos, haviam tubos girando em direção a um ponto central, indo e vindo. Eles se moviam como gigantes, continuamente e envolviam a Terra toda. (...) "São os portões do inferno" (pp. 11, 16-18).
A imaginação da Sra. Baxter é fertilíssima. Ela retrata o inferno como se fora um corpo humano. O livro tem alguns capítulos interessantes, como, por exemplo: A perna esquerda do inferno (02), A perna direita do inferno (03), O ventre do inferno (07), O coração do inferno (10), O braço direito do inferno (13), O braço esquerdo do inferno (14), As mandíbulas do inferno (19) etc. Relata a Sra. Baxter (aparentemente citando as palavras de Jesus): "O inferno tem a forma de um corpo (semelhante à forma humana) deitado no centro da Terra. Ele tem a forma de um corpo humano - grande e com muitos compartimentos cheios de tormentos (...). O corpo está deitado de costas, com os braços e as pernas estendidas para fora" (pp. 31, 32, 52, 53). Nada há na Escrituras (nem mesmo na literatura apócrifa) que apóie essa versão da Sra. Baxter.

V - Curiosidades Infernais

O inferno da Sra. Baxter é sui generis. Nada há igual. Numa realidade totalmente espiritual, a Sra. Baxter usa e abusa de seu profuso talento artístico. Veja o que ela "viu" no inferno:
·      Ratos e serpentes (p. 53). Como foram parar ali?

·      Uma alma — com coração e sangue — dentro de um caixão (p. 57). De que era feito esse caixão, só a Sra. Baxter sabe.

·      Uma mulher presa numa cela, cujas paredes eram de "barro" e a porta de "um metal escuro com barras e uma fechadura", e sentada numa "cadeira de balanço, balançando e chorando copiosamente" (p. 70). Pelo que parece, o inferno anda contratando pedreiro, ferreiro e carpinteiro.

·      Há uma cena curiosa: Satanás está despachando com um grupo de mulheres, instruindo-as para enganar a muitas pessoas. De repente, "uma estante alta foi trazida para perto de Satanás e lá havia muitos papéis. Ele pegou alguns e começou a ler para as mulheres" (p. 63). De que eram feitos aqueles papéis que não queimavam nas profundezas ardentes do inferno da Sra. Baxter?

VI - Aberrações doutrinárias

Doutrinariamente, Baxter se revela herege ao ensinar um conceito errôneo sobre a Trindade. Ela afirma ouvir de Deus, o Pai, o seguinte: "O Pai, o Filho e o Espírito Santo são uma única pessoa" (p. 158) - grifo acrescentado. Essa heresia, que não faz distinção entre as "pessoas" da Trindade, chama-se patripassionismo (ou modalismo, também conhecida como sabelianismo). Para os patripassianos, foi o próprio Pai que assumiu a natureza humana, sofreu, morreu e ressuscitou. Diziam que a expressão "Filho" refere-se à carne de Jesus (= natureza humana), e que "Pai" é o elemento divino unido à carne (= Deus) [v] . Hoje, muitas seitas ensinam tal heresia, como por exemplo o Tabernáculo da Fé, Igreja Pentecostal Unida do Brasil, Igreja Voz da Verdade, Testemunhas de Ierrochua etc. 

No inferno da Sra. Baxter, Satanás jamais sofre; ao contrário, ele conta com um "Centro de Divertimento" (p. 80), onde ele e seus demônios deleitam-se com a desgraça alheia (p. 82). O apóstolo João, porém, diz que Satanás, ao invés de ter um "centro de divertimento", será atormentado pelos séculos dos séculos (Apocalipse 20:10).

VII - Torturada no Inferno

Ao visitar o "coração" do inferno (capítulo 10), juntamente com Jesus, ele a abandonou, entregando-a aos demônios. Ela conta que sofreu tormentos, foi aprisionada, ajoelhou-se diante de Satã. Diz Baxter: "espíritos na forma de morcegos me mordiam por toda parte" (p. 90). Ao indagar de Jesus a razão desse incidente, a resposta foi: "Minha filha, o inferno é real. Mas você jamais poderia ter certeza até que experimentasse por si mesma. Agora você sabe da verdade e o que é estar perdido para sempre lá. Você poderá relatar para os outros a sua experiência, sem sentir nenhuma dúvida" (p. 92). O "Jesus" que conduziu a Sra. Baxter ao inferno não era o Jesus da Bíblia (II Coríntios 11: 4). O que a Sra. Baxter conheceu não se deu por satisfeito e, após essa experiência traumática, enviou-a mais uma vez para os tormentos infernais, desta vez às mandíbulas do inferno (capítulo 20). Depois de entrar em colapso, ela declarou que queria "estar bem longe – longe de Jesus, da minha família e de qualquer pessoa" (p. 92). Certamente que o Jesus dos Evangelhos não submeteria nenhum de seus "irmãos" a horrendas atrocidades, como se ele fosse um carrasco nazista.

VIII - Sábios conselhos

Não há muito que aproveitar d' A divina revelação do inferno. A Sra. Baxter deveria levar a sério o que seu "Jesus" lhe disse: "Mantenham-se afastados dos falsos profetas que falam em Meu nome e espalham doutrinas falsas. Despertem! Despertem!" (p. 114). Para concluir, o "Jesus" da Sra. Baxter revelou medíocre conhecimento sobre o inferno, mas, em contrapartida, estava certo quando disse: "Minha filha, algumas pessoas ao lerem o livro que você vai escrever, acharão que tudo isso é uma obra de ficção" (p. 129). Dito e feito!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Carta aos Romanos (Karl Barth)


Resenha do Livro:

Um clássico da teologia do século 20, este comentário de Barth da Carta aos Romanos é leitura indispensável para quem quer entender os rumos da teologia contemporânea. 

Muito Mais que um comentário da epístola paulina, de enorme importância para estudiosos do Novo Testamento, trata-se de um tratado teológico que ficou conhecido como responsável pelo golpe fatal contra o liberalismo neokantiano do Século19. 

Karl Barth tem sido avaliado por muito como o maior teólogo do século 20. Considerando-se um pensador cristão reformado e ortodoxo (daí o epíteto neo-ortodoxo que Barth não apreciava), Barth combateu as diferentes formas de liberalismo teológico, de Schleiermacher a Bultmann. 

Mesmo assim é considerado por muitos críticos conservadores como criptoliberal e um pensador heterodoxo. O exame das fontes primárias por cada estudioso parece ser o melhor caminho para entender melhor este controvertido autor. E nada melhor que começar pelo primeiro livro de destaque de Barth: Carta aos Romanos. 

Esta edição do texto completo da obra traduzido diretamente do original alemão com comentários pelo tradutor Lindolfo K.Anders, um dos maiores estudiosos do pensamento de Karl Barth no Brasil.

Cinquenta tons de cinza (Erika Leonard James)



Sinopse: Quando Anastasia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente de Ana, Grey admite que também a deseja – mas em seu próprios termos

Resumo do Livro:
 
Cinquenta tons de cinza não se assemelha ao livro da rameira que relatou orgias sexuais usando palavrões de porta de banheiro. Em O doce veneno do escorpião, a autora simplesmente narra suas ousadas peripécias no universo da prostituição. No caso da britânica, apesar da forte carga erótica, existe um enredo que vai além das quatro paredes.

Na história, o casal protagonista vive um tórrido romance e as cenas dos encontros na horizontal são descritas com riqueza de detalhes. Mas o jogo que move os dois é, no mínimo, perturbador: existe um contrato entre eles, o qual determina que Anastasia seja submissa na cama a Christian Grey, um jovem milionário. O sadomasoquismo é explorado pela autora e vem daí o motivo para tanta curiosidade entre os leitores – principalmente entre leitoras.

Muitos homens estão torcendo o nariz para o livro justamente porque ele incita a fantasia entre a classe feminina. É como se tudo aquilo que desejam fazer com mulheres fora do convívio doméstico não pudesse ser cogitado por suas esposas e/ou namoradas. Infelizmente, ainda hoje existem os que reproduzem o comportamento dos personagens da novela Gabriela: são os homens que têm um desempenho morno dentro de casa, apenas cumprindo um ritual, mas buscam em outros braços – e pernas – a realização das suas fantasias.

Excluindo os casos de encontros carnais esporádicos, desses que acontecem depois de uma noite embalada a álcool, os relacionamentos estáveis entre um homem e uma mulher, mesmo depois de muitos anos de convivência, podem ter uma vida sexual interessante. A cama não chega a ser um octógono, onde exista uma espécie de “vale tudo”, mas novas experiências, desde com consentimento mútuo, são bem-vindas.

Isso não quer dizer necessariamente que, a exemplo do livro, chicotes e algemas sejam acessórios indispensáveis. Entretanto, buscar novidades é uma atitude saudável para o casal e não deve ser motivo de escândalo. O mais importante é que haja não apenas uma química entre os corpos, mas uma sintonia entre as almas.

No livro, a submissão sexual feminina é discutida e esse é um ponto interessante. Uma mulher pode ser chamada de independente não apenas quando tiver uma vida profissional satisfatória e um bom salário. Uma mulher será independente quando não se submeter às vontades do seu companheiro na cama apenas por medo de perdê-lo. Uma mulher será independente quando não se sentir constrangida em dizer para o marido ou para o namorado que tem suas fantasias e que deseja realizá-las com ele.
Cinquenta tons de cinza mexe com o imaginário feminino. Atire a primeira lingerie a mulher que ler um trecho e não se imaginar vivendo aquilo tudo.

Mas isso não é motivo para queixos caídos, tampouco para frases como “o mundo está perdido”. Sexo, se tratado como consequência de uma história, é algo maravilhoso. O problema é quando se torna a causa de uma relação, quando é banalizado e vulgarizado. Deprimente é ver que há quem venda o corpo para ganhar o pão.

Muitas mulheres da minha geração leram romances eróticos na adolescência e ninguém se escandalizava com isso. Sabrina, Bianca e Júlia eram coleções de banca de revista que faziam a festa da nossa imaginação. A diferença é que, naquela época, não podíamos concretizar nossas fantasias.
Se a ficção contribuir para tornar a vida a dois mais interessante, em tons de cinza ou em qualquer outra cor, melhor para todos nós.

Título Nacional: Cinquenta Tons de Cinza
Autora: Erika Leonard James
Ano de Lançamento: 2012
Número de Páginas: 480 páginas
Editora: Intrínseca
Tradutor: Adalgisa Campos da Silva

Título Original: Fifty Shades of Grey
Ano de Lançamento: 2011
Número de Páginas: 356 páginas
Editora: The Writer’s Coffee Shop Publishing House