quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Apenas um sorriso

Por Edson Moura

Um piloto de caça, durante o período da Segunda Guerra Mundial, foi capturado pelo inimigo após seu avião ser abatido e milagrosamente sair sem um aranhão. Foi lançado numa cela de prisão. Todos os carcereiros o olhavam com desdém e era tratado de forma rude pelos mesmos. Sua execução estava marcada para o dia seguinte à sua captura e pretendo contar á vocês leitores o incrível desfecho desta tragédia.

Ele tinha certeza que seria morto. Ficou terrivelmente perturbado e nervoso. Remexeu nos bolsos em busca de um cigarro que, “Deus quisera”, tivesse escapado à revista. Encontrou apenas um, mas como as mãos estavam trêmulas de medo, mal podia levá-lo aos lábios. O pânico se abateu quando ele percebeu que não tinha fósforos, estes foram levados na revista.

Olhou através das grades para o carcereiro. Ele não correspondeu ao olhar do rapaz condenado, afinal, não se estabelece contato com uma “coisa”, um cadáver. Ele então gritou para o homem: “Tem fogo, por favor?!”. O carcereiro olhou para ele, deu de ombros e caminhou até a direção do rapaz. Ao se aproximar e sacar uma caixinha de fósforos, os olhares dos dois inadvertidamente se cruzaram. Naquele momento o rapaz sorriu.

Nem ele mesmo sabe por que fez aquilo. Talvez por nervosismo, talvez porque, quando se está realmente perto de alguém, é muito difícil não sorrir. Em todo caso, ele sorriu. Naquele instante, foi como se uma faísca saltasse no espaço entre os corações dos dois homens, entre suas almas. Não foi proposital, mas o sorriso do rapaz “saltou” por entre as grades e gerou um sorriso nos lábios do carcereiro também. Ele acendeu o cigarro do rapaz, mas permaneceu por perto, olhando-o diretamente nos olhos e continuando a sorrir.

O Jovem rapaz continuou a sorrir, agora consciente da pessoa e não apenas do carcereiro que o mantinha preso. O olhar do carcereiro parecia também ter uma nova dimensão. Você tem filhos? Perguntou o carcereiro.

Sim, aqui, aqui! Disse o rapaz tirando a carteira e procurando nervosamente a fotografia de seus filhos e sua esposa. O Homem também puxou a fotos de seus garotos e começou a falar sobre seus planos para eles. Os olhos do rapaz encheram-se de lágrimas. Confidenciou ao carcereiro que temia nunca mais vê-los novamente, nunca ter a chance de vê-los crescer. Algo parecido com Lágrimas também aflorou nos olhos do carcereiro.

De repente, sem qualquer palavra, o homem destrancou a cela do rapaz e silenciosamente o conduziu para fora. Passou por corredores escuros e deu de cara com um pátio. O Jovem pensou: Minha vida foi salva por um sorriso, apenas um sorriso. Seu coração batia acelerado ao passo em que caminhava em direção à sua liberdade.

Deu mais alguns passos e olhou para trás, o carcereiro havia parado. Podia ouvir os passos dos soldados marchando em sua direção. Uma venda lhe foi oferecida, e, ao colocá-la, ouviu a voz do carcereiro:

Perdeu playboy, sua execução foi antecipada!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Mudar pra quê?


Por Edson Moura

Medrios estava deitado de lado, super cansado, a uma pequena distancia do moinho. Apenas o som abafado de sua respiração ofegante quebrava o silêncio da manhã. Vagamente Medrios conseguia recordar da onda de adrenalina que há tanto tempo acompanhara seus primeiros passos enérgicos em direção à linha de chegada, que imaginava ele, estava logo à sua frente. Ele não conseguia mais se lembrar de quando de fato começara a correr, e nem o porquê estivera correndo. Fora tão excitante no começo, mas de repente, ao longo do trajeto, a euforia tinha sido substituída pela exaustão, e uma sensação de amortecimento acabara com toda a esperança: não existia uma linha de chegada.

Deitado ali sobre a palha úmida e com cheiro de urina, Medrios fechou os olhos e esperou que sua respiração lentamente voltasse ao normal. Nesse raro momento de inatividade, sentiu o cheiro da realidade do mundo à sua volta pela primeira vez em muito tempo. Perscrutou tudo aquilo em pensamento, mas apenas por um brevíssimo momento, pois o som que vinha do moinho chamou sua atenção, fazendo-o abrir os olhos. Virou a cabeça na direção do som e ainda pode ver o instante em que a imensa roda do moinho rangia enquanto parava.

Sentou- se vagarosamente e olhou para a máquina que tanto dominara a sua vida. Uma voz interior dizia: “Esse moinho está te matando Medrios”, era uma voz familiar que lhe falava lá do fundo do coração. “Não desperdice nem mais um momento nessa corrida”, insistia a voz enquanto ele bebia um grande gole de água fresca que havia na fonte ao seu lado. Devia haver mais coisas na vida do que a máquina oferecia. A água fresca lhe devolveu as forças e sua respiração já estava normal. Sentiu-se refrescado. Talvez pudesse começar uma vida nova, pensou. Talvez hoje mesmo! Mas como? O que poderia fazer a seguir? Pra onde iria? Que alvos buscaria? Já nem sei há quanto tempo minha vida está assim.

Bem, aquelas decisões poderiam ser tomadas mais tarde. No momento, Medrios sentia-se um pouco assustado com a perspectiva de mudanças. Até que pudesse elaborar os detalhes de sua nova empreitada, ficaria com o que lhe parecia conhecido, verdadeiro e seguro. Assim, ainda sonhando com as coisas que poderiam acontecer, inconscientemente subiu na roda do moinho pela milésima vez em sua efêmera vida. Não demorou muito para ouvir o zumbido hipnotizador do moinho ganhando velocidade e o reflexo da luz passando pelos raios da roda. A dor foi bloqueada. A angústia já não mais incomodava Medrios. A liberdade e a aventura poderiam esperar. Aquela roda não exigia riscos, nem raciocínio, nem pensamento. Poderia viver suas aventuras mais tarde. No momento, só era preciso correr.

Conto a história de Medrios apenas para traçar um paralelo com a vida de muitos homens e mulheres no século XXI. Vivem presos numa roda de monotonia e conformismo. Trancafiados em crenças e religiões de seus avós e dos avós de seus avós. Pessoas assim percebem apenas vislumbres das verdadeiras possibilidades e oportunidades que a vida tem para oferecer. Oportunidades essas que certamente serão perdidas, pois muitos vivem num circulo vicioso.

Manter a roda girando os deixa ocupados demais para planejar uma mudança significativa. Preferem continuar girando a roda que não leva a lugar nenhum. Mudar aquilo que sempre foi de determinado jeito é desafio para os bravos. Além do mais, traçar um novo rumo para um futuro desconhecido é assustador, e a vida rotineira, embora enfadonha, é muito mais segura.

Esqueci de dizer: Medrios é só o hamster de um garotinho que conheci.

Edson Moura

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Insight - Daniel de Carvalho Luz

Resumo do Livro:

Primoroso na seleção dos pensamentos e na abordagem de cada um, o autor buscou reunir temas que motivem as pessoas a ter atitudes positivas em todos os campos de sua vida.
Este livro contém 63 reflexões sobre sucesso, fracasso, família, qualidade de vida, ética, superação de desafios e muitos outros assuntos de aplicação prática no dia-a-dia. O autor trata cada assunto com seriedade e profundidade, motivando sempre o leitor a criar um estado de auto-reflexão, para encontrar em cada situação uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional, sempre com atitudes criativas e vitoriosas.



Título: Livro - Insight


Páginas: 270


Edição: 3


Tipo de capa :BROCHURA


Ano: 1999

Assunto: Crenças-Auto-Ajuda

Idioma: Português

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A primeira mentira sempre nos deixa a um passo da segunda

Por Edson Moura

Ser alguém, alguém importante, é o desejo de todo homem. Uma tarefa deveras difícil devo dizer, pois o mundo em que vivemos é tão competitivo que precisamos muitas vezes apelar para nossas imaginações, criando assim, uma personalidade que possivelmente nos baterá na face cedo ou tarde. É como um pai, desejando chamar a atenção de seu filho, inventa estórias para atraí-lo. Atitudes assim parecem ser tão inocentes, tão isentas de maldade, que não nos damos conta quando o abismo chamado mentira precipita a confiança que tínhamos de nossos filhos.

Transparência é a mais bela cor que nossos filhos devem ver em nossas performances. Me apavora pensar que meus filhos, por minha culpa, mintam para seus amigos dizendo que o pai dele é um dos maiores sommelieres de São Paulo, que atende celebridades em seu restaurante, e que as pessoas fazem fila para serem atendidas por ele. O choque para uma criança, que vê a verdade emergir em plena sala de aula, quando seus amiguinhos o desmascaram é massacrante.

A frustração se apossará de sua pequena alma. A decepção com a figura paterna demorará anos para passar, e talvez nunca passe. Imagino os filhos de muitos políticos que aparecem na mídia, com suas fotos estampadas na primeira página de jornais, escândalos de corrupção, crimes contra a sociedade, sociedade esta da qual fazem parte os pais dos colegas de escola. Quem poderá calcular o tamanho da vergonha que sentirão? Qual psicólogo vai conseguir devolver a esta criança a confiança em seu pai? Contará ele também mentiras? Possivelmente.

Um jogos de espelhos sem igual, isso é o que é. Às vezes somos enganados também, é sem querer passamos adiante algo que não é verdade. E como uma bola de neve que não para de crescer à medida em que desce a montanha, a estória viaja pelo mundo, pelo nosso pequeno mundinho. Já disseram que uma mentira dá a volta ao mundo mesmo antes de a verdade vestir os sapatos, e isto é uma verdade. Invariavelmente um dia a verdade aparecerá, e se isso não acontecer é porque o seu criador viveu intensamente tentando proteger daqui e dali seu conto. Uma vida de preocupação, um eterno caminhar em ovos, esquivando-se constantemente de situações que possam comprometê-lo.

Uma luta sem contra a famosíssima “Lei de Murph” . Este adágio popular da cultura ocidental que afirma que se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará, ou, se há mais de uma maneira de se executar uma tarefa ou trabalho, e se uma dessas maneiras resultar em catástrofe ou em conseqüências indesejáveis, certamente essa será a maneira escolhida por alguém para executá-la. Ela é comumente citada (ou abreviada) por "Se algo pode dar errado, dará" ou ainda "Se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior estrago possível". Assim, inutilmente, tentamos burlar os acontecimentos.

Portanto, o melhor a fazer é evitar os exageros. Não colocar glamour demais em “causos” que contamos, para que não caiamos na ingênua crença de que crimes perfeitos existam. Falem a verdade para seus filhos e amigos, mesmo que a verdade às vezes o coloque bem lá embaixo, e a admiração por você não seja a principal característica de seus companheiros. Fazendo isso, é bem possível que seja admirado um dia, principalmente quando seus filhos crescerem e entenderem que seu pai nunca foi bonito, rico, e importante, mas foi honesto consigo mesmo, sendo esta a única obrigação de um ser humano.

Um ótimo exemplo disso que vos escrevo está bem explicitado no filme “O resgate de um campeão”, estrelado por Josh hartnett e Samuel L. Jackson, baseado numa história real. Quem puder assistir, eu recomendo, é lindo o filme.

Edson Moura





sábado, 10 de setembro de 2011

Ficções - Jorge Luis Borges

Resumo do Livro:

Ficções reúne os contos publicados por Borges em 1941 sob o título de O jardim de veredas que se bifurcam (com exceção de "A aproximação a Almotásim", incorporado a outra obra) e outras dez narrativas com o subtítulo de Artifícios. Nesses textos, o leitor se defronta com um narrador inquisitivo que expõe, com elegância e economia de meios, de forma paradoxal e lapidar, suas conjecturas e perplexidades sobre o universo, retomando motivos recorrentes em seus poemas e ensaios desde o início de sua carreira: o tempo, a eternidade, o infinito.

Os enredos são como múltiplos labirintos e se desdobram num jogo infindável de espelhos, especulações e hipóteses, às vezes com a perícia de intrigas policiais e o gosto da aventura, para quase sempre desembocar na perplexidade metafísica. Chamam a atenção a frase enxuta, o poder de síntese e o rigor da construção, que tem algo da poesia e outro tanto da prosa filosófica, sem nunca perder o humor desconcertante.

Em Ficções estão alguns de seus textos mais famosos, como "Funes, o Memorioso", cujo protagonista tinha "mais lembranças do que terão tido todos os homens desde que o mundo é mundo"; "A biblioteca de Babel", em que o universo é equiparado a uma biblioteca eterna, infinita secreta e inútil; "Pierre Menard, autor do Quixote", cuja "admirável ambição era produzir páginas que coincidissem palavra por palavra e linha por linha com as de Miguel de Cervantes"; e "As ruínas circulares", em que o protagonista quer sonhar um homem "com integridade minuciosa e impô-lo à realidade e no final compreende que ele também era uma aparência, que outro o estava sonhando".

Sobre o Autor:
Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo (Buenos Aires, 24 de agosto de 1899 — Genebra, 14 de junho de 1986) foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino. Em 1914 sua família se mudou para Suíça, onde ele estudou e viajou para a Espanha. Em seu retorno à Argentina em 1921, Borges começou a publicar seus poemas e ensaios em revistas literárias surrealistas. Também trabalhou como bibliotecário e professor universitário público. Em 1955 foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional da República Argentina e professor de literatura na Universidade de Buenos Aires. Em 1961, destacou-se no cenário internacional quando recebeu o primeiro prêmio internacional de editores, o Prêmio Formentor.
Seu trabalho foi traduzido e publicado extensamente no Estados Unidos e Europa. Borges era fluente em várias línguas.
Sua obra abrange o "caos que governa o mundo e o caráter de irrealidade em toda a literatura". Seus livros mais famosos, Ficciones (1944) e O Aleph (1949), são coletâneas de histórias curtas interligadas por temas comuns: sonhos, labirintos, bibliotecas, escritores fictícios e livros fictícios, religião, Deus. Seus trabalhos têm contribuído significativamente para o gênero da literatura fantástica. Estudiosos notaram que a progressiva cegueira de Borges ajudou-o a criar novos símbolos literários através da imaginação, já que "os poetas, como os cegos, podem ver no escuro". Os poemas de seu último período dialogam com vultos culturais como Spinoza, Luís de Camões e Virgílio.
Sua fama internacional foi consolidada na década de 1960, ajudado pelo "boom latino-americano" e o sucesso de Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez. Para homenagear Borges, em O Nome da Rosa, um romance de Umberto Eco, há o personagem Jorge de Burgos, que além da semelhança no nome é cego assim como Borges, foi ficando ao longo da vida. Além da personagem, a biblioteca que serve como plano de fundo do livro é inspirada no conto de Borges A Biblioteca de Babel (Uma biblioteca universal e infinita que abrange todos os livros do mundo).










Título: Ficções

ISBN: 9788535911237

Páginas: 176

Edição: 7ª

Tipo de capa: BROCHURA

Editora: Companhia das Letras


Ano: 2007

Assunto: Literatura Estrangeira-Contos E Cronicas

Idioma: Português


Onde comprei: Red Star

domingo, 4 de setembro de 2011

A importância do outro (humano) e a “des-importância” do Outro (Deus)

Por: Marcio Alves


Deus não existe! Qual o sentido de viver a vida, se Deus não existe? Vale apena continuar vivo então? Porque os ateus não se matam de uma vez, se não existe vida após a morte?

A primeira idéia que nos vem à cabeça, diante de tal pergunta é que a vida não tem mais sentido e graça para quem não acredita mais em Deus...será?

Deus não existe, mas a menina que o jovem esta de olho há um bom tempo existe...o filho do ex-religioso continua a existir mesmo sem Deus....os amigos do tempo das baladas, dos botecos da vida, dos jogos de futebol, das aventuras, e todas essas coisas aparentemente sem importância também existem, sem contar nos escritores de livros que nos levam a viver aventuras fantásticas, pelo mundo da imaginação. E os atores, atrizes e diretores de filmes e novelas prediletos nossos? Os cantores, bandas e compositores que fazem nossa alegria e nos dão prazer com suas canções?
Todos eles sem exceção existiram ou existem e fazem a diferença em nossa vida.

Por isso que Deus mesmo não existindo, nossa vida não deixa de existir, ela continua e o tempo não para, nem as coisas de que mais gostamos de fazer perdem o seu significado, mas justamente ao contrário!
A vida passa a ter mais sabor, sentido e valor, pois passamos a enxerga-lá como única e muito breve – e realmente é!

Por isso que a resposta a pergunta: “Porque os ateus não se matam de uma vez, se não existe vida após a morte?” traz em si mesmo a resposta: justamente por não ter vida após a morte, a vida tem maior valor para nós, pois ela é única e tem prazo de validade!

Agora que tal revertermos a pergunta, e direcionarmos para o crente da seguinte forma: Porque você crente, vive esta vida aqui tão apegado a ela, se existe a eternidade pela frente?

Mas não para por ai, porque o outro passa a ter mais importância e referencia em nossa vida quando não mais cremos em Deus.
Pois imagine a mulher crente tendo que deixar o seu marido ateu em casa ou no bar com os seus amigos e “amigas” para ir á igreja se santificar e buscar a Deus.

Agora pense nesta mesma mulher deixando de acreditar em Deus, e vivendo sua vida para si mesmo e seu esposo...ela irá passar mais tempo com ele, indo inclusive para o bar ou festas com ele, e o esposo incrédulo não precisará mais ter a atenção de sua mulher divida com o todo-poderoso – que se diga de passagem é uma competição injusta dado o “peso” de Deus para quem acredita e vive para ele!

Talvez você meu caro leitor religioso, não parou para pensar na fundamental importância do outro em sua vida, porque se seu amigão é Deus, o dono do universo, que te ama com um amor desumano (“que nem um ser humano é capaz de amar com tal intensidade”) e te protege e ajuda, para que então você iria ficar tão dependente de seus amiguinhos humanos?

É por isso que a primeira coisa que o crente faz quando se converte para “Deus” é abandonar os seus velhos amigos “mundanos”, “filhos da ira e do diabo”, os “perdidos e incrédulos”, “ímpios e perversos”, pois afinal, luz não combina com as trevas, e nem inferno com o céu, não é verdade, meu amigo crente e servo do altíssimo? (que no fundo enxerga todos os não cristãos – e ai não importa se o cara é ateu ou de outra religião – como inimigo a ser ganho do reino das trevas para o reino dos céus)

Mas repare também, que a primeira coisa que o crente faz quando desvia do caminho do senhor, é procurar os velhos amigos e reviver com eles tudo que a religião o privou....não é irônico que os “filhos das trevas” voltam a ser importante para os crentes desviados?

É que indiscutivelmente precisamos da relação eu-tu e tu-eu, pois neste sentido ninguém é uma ilha, tanto é verdade isto, que ninguém ama a si mesmo a tal ponto de ser auto-suficiente de não precisar do outro, pois todas as nossas fantasias e desejos têm sempre o outro como participante, ou você meu caro crente “fiel” e temente a Deus, vai dizer que quando se masturba, se masturba pensando só em si mesmo ou na placa de um carro? (ah na verdade você vai me dizer que não se masturba, pois masturbação é pecado, e como você orou e jejuou muito a Deus, ele tirou de você o desejo humanamente humano de transar, não é verdade?)

Deus não existe! Mas o mundo existe! A vida existe! O prazer existe! O sentido e o significado existem! E o mais importante: você existe! Pelo menos por enquanto, até quando em você houver respiração.....então faça valer a pena, deixando de ser escravo e mande Deus, crença, religião para o “diabo que os carregue”! (Risos não..gargalhadas hahahaha)


P.S: Este meu texto foi inspirado em algumas frases também de minha autoria no facebook no link: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002460045319




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Invenções


O homem na busca pela comunicação inventou a escrita, entalhou em pedra, utilizou penas e finalmente veio a caneta esferográfica, e fazendo uso das vinte e três letras que também inventou, escreveu lindas histórias, deixou para sua descendência registros importantíssimos e o melhor...belos poemas.

O homem, este ser pensante, não se cansou de buscar soluções para as dificuldades, ele queria a paz, mesmo que esta fosse imposta de formas violentas, pesquisou, estudou e finalmente inventou a bomba atômica. E com aviões também inventados pelo homem, despejou sua carga letal sobre duas cidades, e assim, dizimou inocentes.

O homem ao tentar facilitar seu trabalho inventou a roda, a mãe de todas as invenções. E com essas mesmas rodas inventadas por ele, não hesitou em atropelar todo aquele que se colocou em seu caminho. Passou por cima daqueles que ousaram protestar contra as injustiças cometidas por tiranos.

O homem, apenas com três cores primárias inventou todas as outras, e com todas essas cores ele pintou belíssimos quadros, revelando assim o talento do homem para o belo. Mas com projéteis também criados pelo homem, ele manchou com o vermelho-sangue as páginas de sua história.

O homem acidentalmente descobriu a penicilina, revolucionando assim os tratamentos infecciosos, salvando milhares, aliás, milhões de vidas. O homem descobriu a cura para as doenças mais agressivas que já acometeram o humano. É penoso saber que estas mesmas doenças são mantidas vivas em laboratórios, apenas para, quando necessário ou conveniente, usá-las como armas de destruição em massa.

O espírito desbravador do homem o levou aos lugares mais longínquos. Descobriu continentes perdidos, desbravou terras inóspitas, habitou em lugares gélidos. Este mesmo espírito desbravador o fez destruir povos, massacrar civilizações inteiras, destruir costumes e impor suas crenças.

O homem aprendeu a manipular os elementos, todos os cento e dezesseis. Aprendeu antes disto a manipular o fogo. Usou a força da natureza a seu favor, construindo barragens e produzindo energia limpa. Com esse conhecimento ele inventou o Napalm, usou a pólvora não só para colorir o céu em épocas festivas, desenvolveu o C4 e tantas outras armas, possibilitando assim a destruição de seus iguais.

O homem inteligente inventou deuses. Matou por eles. Acabou também achando útil a criação de demônios. Semeou o terror entre os irmãos. Invenções tão importantes que hoje não consegue livrar-se delas. É considerado burro se apenas tentar destruir aquilo que por milênios fez parte de sua história.

Três cores e todas as demais. Vinte e três letras e todas as poesias do mundo. Dez números e todas as equações possíveis. Cento e dezesseis elementos químicos e todas as construções. O homem não para de descobrir, de inventar, de dar vida a idéias que jamais foram cogitadas. Ainda assim ele nos surpreenderá com uma nova invenção amanhã, algo que ninguém jamais pensou. O terror se apossa de mim ao imaginar o que ele poderá fazer com o que pode descobrir.

Assim é o homem. Um ser totalmente capaz de melhorar o mundo em que vive. Um animal agraciado pela natureza com a capacidade de criar. Mas com uma enorme inclinação para a autodestruição.

Edson Moura