segunda-feira, 29 de março de 2010

Deus (im)-potente (não) é (oni)-potente! (?)



Como já tratei em outras postagens anteriores a esta, sobre a onisciência e soberania de Deus, quero dar o último e mais perigoso passo, reconhecendo o sofisma e axioma que enfrentarei, abordando a temática mais delicada de todos os atributos divinos.

Inicio com um dilema proposto pelo filosofo Epicuro (341 a.C a 271 a.C):
“Se Deus existe, ele é todo poderoso e é bom, pois não fosse todo-poderoso, não seria Deus, e não fosse bom, não seria digno de ser Deus. Mas se Deus é todo-poderoso e bom, então como explicar tanto sofrimento no mundo? Caso Deus seja todo-poderoso, então ele pode evitar o sofrimento, e se não o faz, é porque não é bom, e nesse caso, não é digno de ser Deus. Mas caso seja bom e queira evitar o sofrimento, e não o faz porque não consegue, então ele não é todo-poderoso, e nesse caso, também não é Deus”.

Diante do trágico tsunami, Leonardo Boff disse também algo muito parecido: “Se Deus é onipotente, pode tudo. Se pode tudo porque não evitou o maremoto? Se não o evitou, é sinal de que ou não é onipotente ou não é bom”.

Até mesmo o grande Papa não escapou deste dilema universal, em sua visita ao campo de concentração de Treblinka perguntou: "Onde estava Deus quando esse horror aconteceu?"

Depois do atentado terrorista ao World Trade Center o New York Times publicou um artigo com essa mesma pergunta: “Onde estava Deus? Se estava lá, por que deixou acontecer?”.

Longe de mim propor uma solução fácil, e até mesmo uma solução para aquilo que os teólogos chamam na teologia de teodiceia, temática esta que é considerados por todos, o maior de todos os problemas pensantes, que filósofos, teólogos, sociólogos e estudiosos tentaram e tentam decifrar e não conseguiram, e, talvez nunca consigam, não pelo menos de modo satisfatório.

Mas para tentar responder este dilema, não me apoiarem em chavões, em respostas simplistas e decoradas, antes tentarem expor o que intui o meu coração, de um modo bem simples, porém verdadeiro.

Inicio com a base que sustentará meu argumento afirmando: Deus não é onipotente!
Alias, o que é ser onipotente para seres impotentes?

A questão toda é que qualificaram deus, colocaram nele atributos humanos, elevando à máxima potencia de perfeição idealizada, daí terem surgidos adjetivos tais como; onisciência, onipresença, soberania e onipotência.
A teologia clássica, não o bastante terem atribuído a deus, adjetivos humanos, ainda projetaram em deus uma imagem de super-homem, advinda da filosofia grega, que concebia os seus deuses como que perfeitos.


Mas tanto no judaísmo, que Deus é visto como passional, que Se envolve com os seres humanos, mostrando sentimentos, até em Cristo que é para mim o grande símbolo de Deus, é visto sendo impotente, pois assim como os homens, Ele sofre e chora pela dor que machucaram o seu coração.

Parto da própria cosmovisão Cristã, para anular a concepção de onipotência tradicional de Deus. Deus não pode tudo, como possibilidade e como poder, pois já no ato da criação, este mesmo Deus se esvazia, se retira, dá espaço para o homem conviver com Ele e sem Ele.

Mas é na crucificação de Cristo que vemos a sua total impotência, quando no momento de grande dor de seu filho, Ele não o livra, não porque não quer, mas porque não pode.

A partir do momento que Deus cria o ser humano, e dá liberdade, Ele impõe sobre Si limites, não sendo mais soberano, pois o mundo esta agora na mão do homem que ele criou.

Não conhece o futuro porque este ainda não existe, podendo fazer tudo que está intrinsecamente ligado ao seu caráter de poder fazer, sendo poderoso, porém limitado.

Assim resolvo para minha fé o grande paradoxo, pois somente assim deus não seria culpado pelo sofrimento no mundo, sendo porque o homem é livre e deus não intervém, sendo na natureza que é imprevisível visto Ele não conhecer o futuro, seja pela dor do sofrimento e miséria no mundo, não podendo resolver tudo, interpela o homem na construção para colocar ordem no caos, sendo o homem o grande responsável.

Ou é assim, na fraqueza de deus, ou é no não acreditar em sua existência, ou até mesmo em sua impessoalidade deistica que conforta o meu coração triste e abatido por tantos males no mundo, e pelo silencio e não interferência Dele.

Deus esta com os que sofrem, sofrendo junto, e nunca sendo o carrasco e causador do mal.
Em sua próxima dor e choro, Deus vai estar lá, não como potencia, mas com sua frágil e marcante presença, chorando com seu imenso amor.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.


Marcio Alves

quinta-feira, 25 de março de 2010

A Bíblia realmente quer dizer isso?

Ou será que nós de forma “covarde’, tentamos associar aquilo que fora dito a mais de 3.000 anos, aos nossos dias? É desesperador ver a “ginástica” feita hoje por alguns pregadores para aplicar em nossas vidas, preceitos Mosaicos...e totalmente fora da realidade na qual vivemos...tanto política...moral...como sócio-cultural.

Um tema teológico muito característico no livro de Deuteronômio é o da retribuição: bênçãos para a obediência, punição para o declínio moral e espiritual. A ideologia da retribuição divina pelo pecado é abalada, por incrível que pareça, nos próprios profetas. A interpretação teológica feita pelos profetas da história de Israel, em grande parte baseada no conjunto de ideias do livro de Deuteronômio, utiliza idéia de retribuição divina para explicar o sofrimento de Israel e de Judá.

“No entanto acredito que essa teoria foi criada para se adaptar aos fatos por meio do uso habilidoso da retórica. A retórica profética é criada para fazer as contingências da história humana parecerem necessidades divinas”. O propósito dos profetas não é apenas avisar o povo sobre o desastre eminente...até porque isso poderia ser determinado pela simples observação da situação política, mas eles queriam sim, fornecer uma justificativa teológica para o exílio de Israel. O dom deles era o de contar a história de tal forma que a queda de Israel pareça inevitável, tendo como pressuposto o caráter de Deus e a corrupção espiritual do povo. Não podemos nos deixar levar pela força da retórica dos escritores bíblicos.

O fato de até mesmo , e arrisco dizer...PRINCIPALMENTE leitores modernos da Bíblia estarem inclinados a falar como se isso fosse óbvio, representa um tributo à habilidade retórica dos profetas clássicos.

O que sobra do texto bíblico depois de sua desconstrução? A resposta é simples:

Sua retórica...seu poder de persuadir além dos limites do raciocínio puro...sua capacidade de provocar seus leitores para que desejem seu sucesso até mesmo além de seu merecimento. E desta forma, a geração de crentes “moderna”, está cada vez mais presa àquilo que “está escrito”....mas esquecem-se que estas mesmas profecias antigas, ainda são usadas hoje para manipular os mais indoutos, angariando assim, mais e mais ovelhas, prontas para serem “tosquiadas” (quem lê entenda), bem diferente do caráter nobre com que os antigos profetas também manipulavam as escrituras.

Devemos ler as Escrituras, não para interpretar o mundo de maneira diferente, mas sim para mudá-lo, e até mesmo mudar-nos. O nosso ponto de partida para a interpretação da bíblica deve ser a situação dos pobres e dos oprimidos. Aquilo que a Bíblia significa parece diferente quando lemos no contexto do gueto, e não da universidade. A Bíblia na perspectiva dos pobres, favorece a aplicação...e não da explanação.

Se a Bíblia representa de fato a ideologia divina, ela não precisa ser considerada opressiva ou contrária à ética. Essa confusão não é inocente, pois é o meio pelo qual os poderosos (Clero) trafegam para impor seus sistemas de valores sobre os outros. A ideologia legitima o controle da classe dominante fazendo com que suas ideias e valores pareçam naturais, justos e universais. Assim, uma maneira de desfazer a Bíblia é expor suas ideias como historicamente condicionadas pelas lutas sociopolíticas do passado. Na pratica, a distinção entre USAR e INTERPRETAR a Bíblia é com freqüência difícil de ser traçada. Ainda assim a distinção parece fundamental. Por isso nos libertamos das amarras e optamos por pensar fora da gaiola...e acreditem...estou mais feliz agora que não vejo mais as Escrituras com os olhos da emoção e sim com os olhos da razão.

Edson Moura

domingo, 21 de março de 2010

Deus assassinou o seu filho?



Por: Marcio Alves


Durante milênios foi propagandeado e bastante difundido, sendo o alicerce estrutural que compõe todo o Cristianismo, a medula óssea do evangelho, o pilar de toda teologia que é embasada no Cristocentrismo da crucificação de Jesus como um ato de Deus para abrandar a sua ira divina, redimindo assim toda raça humana.

Durante muito tempo propus a pensar sobre isto, cheguei até uma vez perguntar ao meu pastor, dizendo a ele que não fazia sentido algum a morte expiatória de Cristo, ao que ele me respondeu: “Se você disser isto para a igreja, é bem capaz de chamarem a policia para te prenderem”.

Mas este alerta me serviu de mola propulsora que instigou-me a continuar na peregrinação do repensar os dogmas pétreos considerados inquestionáveis pela homogeneização da Cristandade.

Inclusive acredito que o que leva os crentes a não pensarem em determinados assuntos, preferindo a comodidade ilusória enfadonha da repetição, ao invés de questionarem refletindo, e ficarem profundamente ofendidos por outros pensarem nestas questões – digamos – “proibidas”, é o medo de sua mais intima crença não ser verdadeira como se acreditou, contemplando as mesmas ruindo diante de uma simples pergunta.

Pois permita a você mesmo, ao menos uma vez, duvidar questionando a veracidade da crença na crucificação, como ato de justiça divina, pois se a cruz é algo extremamente cruel e mal, como Deus-Pai sendo um Deus de Amor, partindo da premissa da revelação em e por Jesus, mataria seu único filho por causa de sua ira, em pró de uma Justiça divina?

Deus usa o mal para o bem, é isto? Deus é um sadista, que gosta de promover sua glória com o sofrimento dos outros? Desta forma, Cristo teria morrido para aplacar mesmo a ira de Deus?

Deus para ficar de “bem” com a humanidade precisava derramar o sangue de um inocente, e mais ainda, do seu próprio filho?
O Deus-pai de Jesus Cristo é um Deus-vampiro que se alimenta e se acalma com sangue inocente de vitimas?

Pois, por mais que tentamos suavizar tal impacto, a cruz foi um crime hediondo, como pode Deus-pai de Jesus, compactuar com tamanha maldade?

Deus é um deus ao estilo dos deuses pagãos, que precisa fazer sacrifícios de animais, derramando sangue, pois o sangue dos mesmos aplaca a sua ira? No caso de Jesus, derramou sangue do seu inocente filho, para aplacar a sua própria ira contra a humanidade?

E mais ainda, se Deus tinha outros meios para salvar a humanidade, por que escolheu justamente matar o seu único e amado filho?

Se realmente foi Deus quem matou o seu filho, podia e tinha outros meios, preferiu logo esse horror, concluímos, ou Deus é um grande assassino sádico, ou é um ser desprovido de inteligência, porque podia se utilizar de outros recursos.

Ou então, Deus não tinha alternativa mesmo, e, portanto teve que matar o seu filho, mas isto, também tem a sua implicação, pois se Ele não podia salvar a humanidade, a não ser através do sacrifício de seu filho, segue-se que Ele não tem todo o poder?

Todo este dilema problemático termina, quando observamos, que tal doutrina da expiação nunca se encontrou na boca de Jesus tal propósito escuso do Pai, embora ele já de antemão previsse tal acontecimento, nunca disse que se tratava de uma conspiração divina envolvendo sua crucificação.

Foi Paulo quem mais elaborou esta concepção ao interpretar a posteriori o sacrifício de Cristo fazendo uma ponte com os rituais de sacrifícios de animais no velho testamento, como uma forma de aplacar a ira de Deus.

O maior problema hoje, é que os cristãos deram e dão mais créditos a Paulo do que a Jesus, interpretando este último pelo primeiro, ao invés de ser ao contrario, inclusive, interpretam também os evangelhos a luz do apocalipse, o que torna a bíblia um livro sanguinolento.

A morte de Cristo foi um escândalo, o maior dos crimes hediondos da Historia humana já cometida com tamanha perversidade, mas não foi e nem é compactuada por Deus-Pai.

Não foi Deus quem assassinou o seu filho!
Mas antes, a perversão e maldade humana, que praticou tal ato diabólico.

Pois como afirma Leonardo Boff: “O homem pode destruir a terra por diversas vezes, mas ainda assim a maior maldade não seria esta, pois sua maior maldade ele cometeu matando o Criador na cruz”.

Aprova do amor de Deus encontra sua gênese na encarnação de Cristo, a sua morte é a prova da maldade humana, mas a sua ressurreição é a prova incontestável da resposta de Deus para a maldade humana.

Ou seja, Deus não responde o mal com mais mal, mas com a vida, pois Deus é vida e a favor da vida, não da morte.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

terça-feira, 16 de março de 2010

"Arrebatados"

Por: Edson Moura

Ensinaram-me que um dia, todos os “crentes fieis” seriam arrebatados desta Terra, para enfim, habitar nos céus com Deus. Não sei bem ao certo, quando foi que deixei de crer nesta fábula (se é que um dia acreditei de verdade). Mas hoje muitos esperam ansiosos por este grande evento....mas que mentira!


Qualquer cristão honesto, sabe que na verdade, não quer ser “arrebatado”...pelo menos não antes de viver um grande amor, de desfrutar dos lucros de seu trabalho, de andar pelo menos 10.000 km com seu carro novo...entre outras maravilhas que só se encontra aqui na Terra (vida).

“Eu não quero ser arrebatado nunca!” Pois Jesus, o filho de Deus, entregou-se para que vivêssemos aqui, uma vida com abundância. Abundância de sentimentos, intensidade nos relacionamentos, prazeres inerentes ao homem que arrisco dizer: “Não se comparam com as coisas mais surpreendentes que nos fora reservado na “vida eterna”.

Tribulação? Sempre teremos. Os apóstolos passaram pela tribulação e não foram arrebatados dela, pelo contrário, tiveram mortes horríveis.

No século XXI, era da informática, revolução científica e tecnológica, fica mais difícil ainda acreditar que haverá de fato essa tal “tribulação”. É claro, os pastores sempre irão bater nesta tecla, pois é necessário que os fieis tenham medo, vivam apreensivos, aguardando um suposto arrebatamento ou segunda vinda de Cristo.

Pânico incutido na mente dos mais tímidos...este é o meu pensamento a respeito do que se “prega” hoje sobre escatologia.

Não tenho medo do “inferno”, assim como não vivo almejando o céu. Talvez..e eu disse TALVEZ, eu seja surpreendido, mas não acho que fará muita diferença, pois creio em Deus, e o amo pelo que Ele é, ou seja, criador. Creio em Jesus pelo que ele foi...a saber...filho de Deus, totalmente esvaziado, habitando entre os homens...como HOMEM, ensinando preceitos que transcendem os milênios.

Não vejo implicações no que diz respeito a se crer assim, afinal de contas, fujo das barganhas com Deus...nego-me a ser o “escolhido do Senhor” num mundo Caótico e escasso de utopias. Não oro pedindo bênçãos, nem o sirvo para receber galardão. Deus é amor, e quando me dei conta deste amor, percebi que era livre. Me considero um escravo alforriado que ouve seu senhor dizendo: Vá! Você é livre agora!

Então eu digo: Não! Quero continuar servindo (crendo), pois sou grato pelo que me fez!

Mas em contra partida, a maioria (vejam que não estou generalizando) pensa assim: Deus diz...venha filho, sirva-me por favor. Terá tudo o que quiser! Sararei sua terra...abençoarei sua prole...nenhum mal chegará a sua tenda...serás arrebatado enquanto os outros serão deixados para sofrer! No que o fiel responde:

Tá bom Senhor...mas olha, vou cobrar tudo que me prometera hein?!

Quero comer o melhor desta terra, quero ser cabeça e não calda, afinal, sou filho do “Senhor dos exércitos” e “tudo posso naquele que me fortalece!” Não aceito nada menos que o melhor!

Lamentável!!!

Criticam a mim e ao Marcio pelo que escrevemos...e pela forma como cremos. Mas na verdade não enxergam que nosso relacionamento como Deus é:
“Sem barganhas”

sexta-feira, 12 de março de 2010

A obra prima de Deus



Por: Marcio Alves

Sentado em um grande e cristalino trono estava Ele, o Numinoso e Assombroso Ser, profundamente absorto em seus inesgotáveis e incomensuráveis pensamentos.
Sendo enaltecido por miríades de miríades de constelações angelicais.
Tendo ao mesmo tempo, de guerreiros poderosos como querubins aos mais formidáveis seres incandescentes serafins.

Um profundo olhar introspectivo, em direção ao vazio se perdia na contemplação inimaginável daquilo que viria a completar a totalização da sua obra criadora.
Na boca uma secura indesejada, o coração a pulsar mais forte e acelerado, observava todo o resplendor e fulgor da gloria celestial, não satisfeito ainda, via a imensidão e magnitude do universo estrelar.

Até que, de repente se levantou do seu grande trono rodeado pelas hostes angelicais, O Temido Assombro, e deu um grito: Eu já sei o que farei para aperfeiçoar a minha obra que dará sentido e plenitude a toda a minha criação.
Os anjos que cantavam, pararam, os guerreiros que treinavam ficaram quietos, os serafins resplandecentes ficaram no ar suspenso pairando em cima do grande trono, e todas as constelações das miríades celestiais fizeram um profundo silencio, contemplando atônitos ao mesmo tempo em que se auto-interrogavam: Mas o que será que o inefável Ser pensa em fazer de tão extraordinário que completará a sua obra já magnífica, que O deixou tão eufórico?

As hostes celestiais tinham razão de ficarem atônitos com a reação abissal do Supremo Ser, pois o que teria de tão formidável em sua mais nova criação, que o levou a ficar daquele jeito, visto que eles tinham contemplado com grande admiração, outras criações, como sol, lua, terra e mar, e todo vasto universo, mas em nenhum momento o admirável Ser tinha esboçado tão profunda e alarmante reação, porque desta vez se mostrava tão realizado?

Então Ele interrompe o silencio celestial, mandando trazer em sua presença, uma carruagem de fogo. Logo que ela chega, Ele adentra, e manda que o ser resplandecente como a luz do sol, O leve em direção a terra.
Então o ser em mais alta velocidade percorre todo o universo na velocidade da luz, para chegar o mais rápido possível no lugar desejado pelo Supremo Ser.

Chegando a terra o carro de fogo para, e o Supremo Ser desse, enquanto todo o céu celestial contemplava imóvel e sem piscar um sequer momento, o que desta vez o grande escultor criaria de tão esplêndido. Fez se então, meia hora de singulares silêncios.
Então Ele para, senta no chão, cruza as pernas, pega um pouco de um barro molhado pelo mar, e começa a trabalhar na sua que será a maior obra de toda a sua criação, aquele que veria a dar sentido a todo existência de suas mãos.

Isto deixava os anjos perplexos, pois até aquele momento, o criador somente falara, dava uma ordem e tudo o que não era, vinha a ser, mas desta vez era escandalosamente diferente, ali estava Ele sentando, sujando as suas potentes mãos em um barro, com suas vestes sagradas encharcadas de lama, sentido a beira mar a brisa leve do vento a soprar em seu rosto.

Até que Ele suspira fundo, enche o pulmão de ar e dá um grito entalado na garganta há eternidade de eternidade: Está consumado!

Ele se levanta e ajoelha, pega o seu boneco de barro que tinha feito com as próprias mãos, e ainda não satisfeito, começa soprar em sua boca fagulhas do seu próprio Ser, o boneco que era de barro, agora se tornara um ser de carne e ossos, tendo em seu peito a explosão das fagulhas do divino, desperto olha para os olhos do imenso e transbordante Ser e chama-O de Pai.

Então o mais inesperado e impensado viria acontecer, o grande Ser que de eternidade a eternidade não esboçara sentimento, começa a chorar um compulsivo choro de profunda alegria e de alto-realização, e diz para todo o universo escutar: Este frágil ser que fiz por último será a coroa de toda a minha criação, pois ele será um pouco menor do que Eu!

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

domingo, 7 de março de 2010

Deus (não?) conhece o futuro?




Por: Marcio Alves

A onisciência é um dos muitos atributos divinos, isto segundo a concepção clássica e tradicional da ortodoxia Cristã e de mais outras muitas religiões.
É um dos dogmas pétreos da igreja, considerado por muitos uma verdadeira “vaca sagrada”, sendo um assunto imexível, não questionado e por isso sendo o senso comum dos Cristãos.

Mas como nós estamos envolvidos em um constante exercício de repensar tudo, inclusive os assuntos considerados como unanimidades, quero por em xeque o conceito de onisciência divina.

Para começar o que é afinal de contas onisciência?
Até onde vai a onisciência divina?
Mais precisamente, quero caminhar na seguinte reflexão:
Deus conhece tudo, inclusive o futuro?

São três, as possibilidades de respostas a grande questão desta temática, inclusive, todas com sérios e profundos desdobramentos:

A- Deus conhece o futuro, e por isso, o mesmo já está pronto, não restando escolhas a fazermos.
Esta concepção é uma das principais teses do calvinismo clássico, com muita coerência, é um dos grandes sofismas teológicos e filosóficos de todos os tempos.
Está embasada na filosofia grega, principalmente a neo-platônica, difundida, sistematizada e pensada ao longo de milênios.

Ponto forte= Realça e ratifica a total soberania de Deus sobre suas criaturas, pois Ele conhece o futuro, por justamente ter determinado.

Ponto fraco= Inclusive, neste mesmo conceito há o consenso de que Deus já em tempos imemoriáveis na eternidade, já de antemão desenhou toda a historia, e a mesma segue por caminhos em trilhos inexoráveis, portanto, não há escolhas a fazermos, tudo já foi decidido, sendo a liberdade humana uma ilusão.


B- Deus conhece o futuro, mas mesmo assim, o mesmo não está pronto.
Esta é o consenso geral da grande maioria dos evangélicos.
Não abrem mão da liberdade humana, mas também, não abrem mão da onisciência divina.
Neste paradigma, a presciência de Deus não anula as escolhas humanas, pois Deus saber o futuro não torna o mesmo fechado e determinado pelo saber divino.

Ponto forte= Tenta equilibrar e juntar pólos aparentemente irreconciliáveis e paradoxais.
Agrada literalmente tanto a gregos (calvinistas) e troianos (arminianos).
Pois mantêm a liberdade humana, e “salva” a onisciência de Deus.

Ponto fraco= É o mais incoerente das três opções, pois se Deus conhece o futuro, Ele contempla como passado, ou seja, já pronto, e se o futuro é passado para Deus, segue-se que ele (futuro) já aconteceu para Deus, anulando assim a possibilidade de mudança no futuro para o ser humano.


C-Deus não conhece o futuro, podemos mudar e ter outras escolhas.
A ironia do “destino” é que esse pensamento é considerado o mais herético das opções, chegando a ser considerado por muitos, como blasfêmia contra Deus.
Mas apesar disto, inconscientemente, os evangélicos que acreditam conscientemente que Deus conhece o futuro, vive como se Deus não conhecesse.

Exemplificando: Quando oram a Deus para mudar uma circunstancia – curas, livramentos, empregos e etc – inconscientemente, eles não acreditam que Deus sabe o futuro, pois se acreditassem mesmo, não orariam, pois não adiantaria já que Deus contempla o futuro como já acontecido.

Se ora na esperança de Deus reverte àquela situação, é porque o futuro não esta fechado, e se o futuro não esta fechado, é porque Deus não conhece o futuro.

Ponto forte= Assume de vez a responsabilidade e liberdade humana diante da Historia.

Ponto fraco= “Diminui” ou re-significa a onisciência divina.


Lembrando que, não há discussões sobre o conhecimento passado e presente para Deus, pois Ele conhece tanto o passado, quanto o presente exaustivamente, nisto todas as linhas de pensamentos, seja teológica e filosófica concordam.
O grande impasse advém da discussão do conhecimento de Deus sobre o futuro.

Afinal de contas, Deus conhece ou não o futuro?


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

terça-feira, 2 de março de 2010

"Quem criou a Trindade?"


Por: Edson Moura

Como sempre, antes de iniciar meus textos, gostaria de deixar alguns pontos bem claros aos leitores: O que está em questão aqui, não é a filiação divina de Jesus, e sim a doutrina da trindade, no meu entender, criada por homens. A Bíblia é a palavra de Deus. O veículo por meio do qual Deus se comunica e inspira os homens através de Seus ditos, Seus costumes e Seus mandamentos. Estariam os trinitarianos, portanto, incorrendo na transgressão do primeiro mandamento?

Outro ponto de suma importância, e que devo salientar, é que: Não pretendo ofender ninguém com este artigo. Apenas gosto de pensar um pouco além das paredes da religião oficial, e com isso, tentar esclarecer questões a tanto tempo “engessadas”. Para os cristãos de hoje, a “Santíssima Trindade” não pode ser derrubada pela Ciência (com suas provas e pesquisas), pela História dos Concílios (com seus registros e evidências) e muito menos com o exame racional do tema (como já tentamos fazer em alguns comentários em salas de pensamentos). Então, recorro ao único veículo ainda aceito pelos cristãos e que, pode definitivamente, trazer clareza às nossas idéias, ou seja, as Escrituras sagradas ou Bíblia. (raramente uso a Bíblia para sustentar meus argumentos, mas neste caso específico, ela é de extrema necessidade, tendo em vista que fora à partir dela, que se criou a doutrina em qual vamos declinar nossos pensamentos).

Na história da religião cristã, a Trindade é realmente formada por três pessoas: Tertuliano (o inventor) Atanásio (o defensor) e Constantino (quem decretou). Mas vou deixar os fatos históricos de lado, pois os mesmos já são de conhecimento mais do que suficiente para todos (assim espero). Existem estudos claros e transparentes com base exclusivamente nas Escrituras e os mesmos deixam nitidamente esclarecidos a inexistência de uma Trindade na Divindade.

João 17:3 – E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.(grifo meu) Muitos debates têm sido travados e todos afirmam ter base bíblica para defender suas idéias. Uns entendem que a divindade é composta por três Deuses (o Deus-Pai, o Deus-Filho e o Deus-Espírito Santo) que são autônomos, mas que agem em cooperação. Outros afirmam que há apenas um Deus que se manifesta de três formas diferentes, mas é o mesmo Ser, uma única pessoa. Há ainda quem defenda que há um só Deus composto por três pessoas divinas, co-iguais, co-eternas, co-substanciais, a “Santíssima Trindade”.

Esta última forma de crença, a mais comum, é adotada pela ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) e pela maioria das igrejas protestantes. Para eles, Deus não é um ser pessoal, ou seja, Deus não é uma pessoa, mas três pessoas. Não são três deuses, nem uma só pessoa, mas um Deus Composto, um Deus-Tríplice, ou Deus-Triúno. Complicado? Sim… Na interpretação dos Trinitarianos este ensino é um mistério! Por que um mistério? Como tais ensinos carecem de uma base mais sólida e contêm contradições internas de difícil conciliação, seus defensores também ensinam que há um grande mistério por trás destes fatos e que ao ser humano não é dado compreender os mistérios de Deus. (muito conveniente não acham?)

“A Santíssima Trindade é um Mistério para ser aceito, não para ser compreendido”, foi a voz de muitos sacerdotes ao longo da Idade Média e que continua ecoando nos nossos dias. Diante de tais interpretações questionáveis, muitos acabam aceitando a “doutrina do mistério” e acreditando que sua salvação não depende do pleno conhecimento de Deus, já que o mesmo é um mistério não revelado. Cristo afirmou que a vida eterna depende do conhecimento do único Deus verdadeiro e de Jesus Cristo, o enviado de Deus (conforme João 17:3). Entretanto, em nenhum lugar na Bíblia é revelado o nome do Espírito Santo, pois ele é o próprio pneuma de Deus, ou seja, um princípio espiritual que (segundo os estóicos) seria a causa da vida.

Existem várias concepções da Trindade:

Um segmento dos trinitarianos, crêem em três pessoas divinas co-iguais e co-eternas, outros admitem diferentes níveis hierárquicos e de natureza, entre Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo. Independente da crença, todos dizem ter razões bíblicas para acreditar que existem realmente três pessoas divinas e que esses três seres representariam um único Deus. Desse modo, tentam livrar-se da acusação de politeísmo.

Pois bem, tendo somente a Bíblia como critério de avaliação, consideraremos essas afirmações: Para serem co-iguais, as três diferentes pessoas da Trindade deveriam possuir idêntica autoridade e plena igualdade de poder. As Escrituras Sagradas são muito claras quanto ao fato de que Deus, o Pai, é evidentemente superior a Seu Filho.

Jesus refere-se a Deus como o “Altíssimo” na seguinte passagem: “Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus”. (Lucas 6:35). Isto é, aquele que ocupa a posição mais elevada, que está isolado em nível máximo, numa condição inatingível por qualquer outro ser.

Jesus afirma explicitamente nesta outra passagem que Deus é maior que ele:  “Ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu”. (João 14:28)

Falas de Jesus:

“Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. (João 13:16)

“O Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma”. (João 5:37) (Deus, que enviou Jesus seu filho) é, portanto, obviamente, maior do que ele)

Também o espírito Consolador é inferior ao Pai, uma vez que também seria enviado por Ele, segundo informa Jesus:

“Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”.(João 14:26)

Tanto Jesus fala, quanto o apóstolo Paulo confirma na carta aos Coríntios, que Deus, o Pai, é maior do que tudo e todos. Vejam:

“Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las das mãos de meu Pai”. (João 13:29)

“Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, "exclui" aquele que tudo lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos”. (I Coríntios 15:27-28)

Por que será que Paulo não menciona o Espírito Santo no seguinte texto bíblico:

“Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele”. (I Coríntios 8:6) (Se o espírito Santo fosse realmente uma terceira e distinta pessoa divina, nada poderia justificar sua omissão)

Quando Paulo define o único Deus, ele omite qualquer referência ao Espírito Santo.

Quando Jesus cita, no Evangelho que Marcos escreveu aqueles que poderiam conhecer a data de sua volta, omite qualquer referência ao Espírito Santo. Vejam:

“Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai”. (Marcos 13:32)

Jesus Cristo nunca é chamado “Deus Filho” (mas sim, filho de Deus) no relato bíblico. Tudo que fez e disse foi realizado por ordem e permissão do Pai, a quem ele (Jesus) mesmo se referia como “Meu Deus”.

Quem defende a Trindade afirma que a mesma é um mistério e de difícil compreensão, nisso eu tenho que concordar, uma vez que realmente é muito difícil entender algo que segundo a Bíblia não existe, uma vez que Jesus afirma claramente que ele e o Pai são um. E não que Ele, o Pai e o Espírito Santo são um, como afirmam os trinitarianos.

O problema não é a ausência do termo “Trindade” na Bíblia, mas a ausência do conceito de um Deus triúno.

Onde na Bíblia está claramente descrito o conceito de um Deus formado por três pessoas? (Se alguém puder me mostrar, ficarei grato)

Que Deus continue nos abençoando, com paciência para esperarmos por uma revelação final...enquanto isso nos console com Seu espírito.