sábado, 7 de novembro de 2009

Deus do Pentatêuco ou Jesus da Galiléia?



Por: Edson Moura

Antes que me condenem, quero avisar que não estou dizendo que são 2 (dois) Deuses, e sim um único Deus, mas que é “projetado” em nosso consciente-inconsciente da maneira que melhor se adapte ao nosso modo de viver o cristianismo. Boa leitura!

Os Fariseus podem dormir seu sono tranqüilo, pois eles falharam, não conseguindo calar a voz de Cristo, mas hoje, milhões de cristãos abafam e deturpam o Evangelho pregado na palestina.

Infelizmente estão fazendo um “bom” trabalho!

A criação revela tanto poder que desconcerta nossa mente e deixa-nos sem palavras. Somos enamorados e encantados pelo poder de Deus. Gaguejamos e hesitamos diante da santidade de Deus. Trememos diante da majestade de Deus... e apesar disso mostramo-nos melindrosos e ressabiados diante do amor de Deus.
Fico estupefato diante da difundida recusa, em nossas terras, em pensar-se grande sobre um Deus amoroso. Como nervosos cavalos “puro-sangue” sendo guiados à linha de largada do grande prêmio, muitos cristãos relincham, escoiceiam e pinoteiam diante da revelação do superabrangente amor de Deus em Jesus Cristo.

Em minha jornada como cristão errante, tenho encontrado chocante resistência ao Deus que a Bíblia define como Amor. Os céticos estão entre os acadêmicos untuosos e excessivamente polidos que sugerem discretamente traços da heresia do universalismo a crentalhões ultraconservadores que enxergam apenas o implacável e empoeirado Deus guerreiro do Pentateuco, e insistem em reafirmar as frias demandas de um perfeccionismo infestado de regras.

Nossa resistência ao amor furioso de Deus pode ser traçada de volta à igreja, a nossos pais e pastores e à própria vida. Foram eles, (protestamos) que esconderam a face do Deus compassivo em favor de um Deus de santidade, justiça e ira.
No entanto, se fôssemos verdadeiramente homens e mulheres de oração, nossos rostos como pederneira e nosso coração devastado pela paixão, abriríamos mão de nossas desculpas. Pararíamos de colocar a culpa nos outros.
Temos de sair para um deserto de algum tipo (seu quintal serve) e adentrar uma experiência pessoal com o assombroso amor de Deus. Então poderemos concordar com conhecimento de causa, com o místico inglês Julián de Norwich: "A maior honra que podemos dar ao Deus Todo-Poderoso é viver com alegria pelo conhecimento do seu amor".


Poderemos entender porque, como observa o Dicionário teológico do Novo Testamento, de Kittel, que nos últimos dias de sua vida na ilha de Patmos o apóstolo João escreveu, e escreveu com majestosa monotonia, sobre o amor de Jesus Cristo. Como que pela primeira vez, poderemos compreender o que Paulo queria dizer: "Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm 5:20,21).
Da mesma forma que João escreveu, no crepúsculo da vida, apenas sobre o amor de Jesus, Paulo também escreveu abundantemente sobre o evangelho da graça:

•A graça de Deus é a totalidade pelo que homens e mulheres são tornados justos .
•Pela graça Paulo foi chamado.
•Deus derrama sua gloriosa graça sobre nós em seu Filho.
•A graça de Deus foi manifestada para a salvação de todos.
•A graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo.
•A graça é depósito ao qual temos acesso através de Jesus Cristo.
•É um estado ou condição em que nos encontramos.
•É recebida em abundância.
•A graça de Deus abundou mais que o pecado.
•Ela se estende para mais e mais pessoas.
•A graça contrasta com as obras, que carecem do poder para salvar; se as obras tivessem esse poder, a realidade da graça seria anulada.
•A graça contrasta com a Lei. Tanto judeus quanto gentios são salvos pela graça do Senhor Jesus.
•Apegar-se à Lei é anular a graça e quando os gálatas aceitaram a Lei caíram da graça.

Sim, o Deus gracioso encarnado em Jesus Cristo nos ama.

A graça é a expressão ativa deste amor. O cristão vive pela graça como filho do Abba, rejeitando por completo o Deus que pega as pessoas de surpresa ao menor sinal de fraqueza — o Deus incapaz de sorrir diante de nossos erros desajeitados, o Deus que não aceita um lugar em nossas festividades humanas, o Deus que diz "você vai pagar por isso", o Deus incapaz de compreender que crianças sempre se sujam e são distraídas, o Deus eternamente bisbilhotando à caça de pecadores.

Ao mesmo tempo, o filho do Pai rejeita o Deus de cores pastéis que promete que nunca vai chover no nosso desfile.

O filho de Deus sabe que a vida tocada pela graça chama-o para viver numa montanha fria e exposta ao vento, não nas planícies aplainadas de uma religião sensata e de meio-termo.
Pois no coração do evangelho da graça o céu escurece, o vento ruge, um jovem sobe um outro monte Moriá em obediência ao Deus implacável que exige tudo.


Ao contrário de Abraão, ele carrega nas costas uma cruz, e não lenha para o fogo... como Abraão, em obediência a um Deus selvagem e irrequieto que fará as coisas da sua forma não importe o que custe.

Esse é o Deus do evangelho da graça. Um Deus que, por amor a nós, mandou o único Filho que jamais teve, embalado em nossa própria pele. Ele aprendeu a andar, tropeçou e caiu, chorou pedindo leite; transpirou sangue na noite; foi fustigado com um açoite e alvo de cusparadas; foi preso à cruz e morreu sussurrando perdão sobre todos nós.

O Deus do cristão legalista, por outro lado, é com freqüência imprevisível, errático e capaz de toda espécie de preconceito. Quando vemos Deus dessa forma sentimo-nos compelidos a nos envolvermos em alguma espécie de mágica para aplacá-lo. A adoração de domingo torna-se um seguro supersticioso contra os seus caprichos. Esse Deus espera que as pessoas sejam perfeitas e estejam em perpétuo controle de seus sentimentos e emoções. Quando gente esmagada por esse conceito de Deus acaba falhando — como inevitavelmente acontece — ela em geral espera punição. Ela por isso persevera em práticas religiosas ao mesmo tempo em que luta para manter uma imagem oca de um eu perfeito. A luta em si é exaustiva.


Os legalistas nunca são capazes de viver à altura das expectativas que projetam em Deus. Percebi como era difícil para mim olhar para elas e dizer: "Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem".


As duras palavras de Jesus dirigidas aos fariseus estendem-se pelo curso dos anos. Hoje em dia elas não se aplicam apenas aos televangelistas que caíram, mas a cada um de nós. Distorcemos por inteiro o sentido do que Jesus disse quando usamos suas palavras como armas contra os outros. Elas devem ser assumidas pessoalmente por nós.


Essa é a forma e o formato do farisaísmo cristão dos nossos dias. A hipocrisia não é privilégio de quem está por cima. O mais empobrecido entre nós tem potencial para ela. "A hipocrisia é a expressão natural do que é mais perverso em nós."

O “Outro Evangelho” que apresentamos, mostra um Jesus que perdoa pecados — incluindo pecados da carne; que ele sente-se à vontade na companhia de pecadores que se lembram de como mostrar compaixão, mas que não pode e não terá um relacionamento com os que são hipócritas no Espírito.


Talvez a verdadeira dicotomia dentro da comunidade cristã da atualidade não seja entre conservadores e liberais, ou entre criacionistas e evolucionistas, ou entre calvinistas e arminianos, mas entre os despertos e os adormecidos. . Da mesma forma que todo homem inteligente sabe que e estúpido, o cristão desperto sabe que é limitado e dependente da graça.

Embora a verdade nem sempre seja humildade, a humildade é sempre verdade: o reconhecimento sem rodeios de que devo minha vida, meu ser e minha salvação a outro. Esse ato fundamental jaz no âmago de nossa reação à graça.
A beleza do evangelho verdadeiro está na percepção que ele oferece de Jesus: a ternura essencial do seu coração, de seu modo de ver o mundo e de seu modo de relacionar-se com você e comigo.


"Se você quer de fato compreender um homem, não apenas ouça o que ele diz, mas observe o que ele faz".


Que a maravilhosa graça de Deus toque-nos a todos.

17 comentários:

  1. Edson mano, paz!
    Quando Jesus é lido,discernido,interiorizado e exteriorizado com o rosto limpinho, sem nenhuma teologia, sem fundamentalismo, cessassionismo, armenismo, calvinismo, pentecostalismo, puritanismo, é lindo, maravilhoso e gostoso de se viver.A partir do momento que os seres humanos escolhem uma "regra acorrentante" de qualquer ramo teológico, ele se torna o "diabo". Tanto, que por causa de suas teologias caducas,sitematizadas pelos seus pais Sócrates, Platão,etc, os que defendem seus "ramos" se tornam intransigentes, mau educados, soberbos e "donos" da Verdade Eterna e pior, condenadores do que pensam diferente.
    Como não defendo ninguém e muito menos teologia, o meu Senhor é lindo, cheio de amor e, por ser igual ao meu Pai, trato justos e injustos da mesma forma,com amor.Sei que falho as vezes, mais também sei que "nenhuma condenação há para quem está em Cristo Jesus".
    Um beijo de seu irmão em Cristo!

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  2. Ednelson você não sabe como é bom tê-lo de volta com seus comentários.

    Precisamos uns dos outros para juntos evoluirmos na nossa peregrinação rumo ao verdadeiro relacionamento com nosso Pai.

    Fique conosco irmão!

    Abraços!

    Edson Moura

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  3. Creio que toda má impressão deixada pelo Deus do velho testamento é um equivoco de interpretação quanto à graduação moral do pecado.

    Pois aquele velho Deus era também um Deus de misericórdia e amor demonstrado nas emocionantes passagens dos profetas de ofertas de perdão e reconciliação como seu povo.

    Toda a sua ira não era dirigida ao homem que simplesmente transgredia. Mas aos homens completamente perversos em seus corações.

    Daí que o moralista transfere a “ira” de Deus aos fracos pecadores, sendo que ela é principalmente direcionada a homens como ele. Pois há uma diferença entre pecados por fraqueza inconstante e pecados por perversidade consciente.

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  4. It is a pleasure to have someone from so far visiting our little blog.

    Maybe one day I shall know India and the big hotels of this wonderful country.

    May God bless your country and your family.

    Edson Moura

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  5. Meus parabens meu Irmão estamos ajudando a aliviar a carga que á séculos foi colocada nos ombros dos mais fracos; Pobres que na intenção de chegar á Deus, carregam cargas enormes que tornam a caminhada mais cansativa, muitos desistem no meio do caminho e imaginam que por não conseguir terminar a tarefa serão destruidos por um "deus" vingativo, opressor e intolerante.È ai que o AMOR de Deus se revela por meio de Jesus que disse: "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas. Porque o meu jugo é suave e meu fardo é leve". Mateus 11.29,30.

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  6. Gostei. "O filho de Deus sabe que a vida tocada pela graça chama-o para viver numa montanha fria e exposta ao vento..."

    Deus continue lhe dando muitas inspirações. Um abraço

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  7. Edilson, esta é a realidade da graça...a nossa vida! Sem bolhas de aço nos protegendo, sem blindagens, apenas a vida..mesmo com suas agruras.

    Um abraço irmão!

    Edson Moura

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  8. Fala aí mano Edson, beleza?

    Olha, teu texto é um belo manifesto em defesa da graça-graça, não da graça-que-mais-parece-desgraça!

    É por isso que eu sou cristão, pois a ideia de um Deus que simplesmente resolve não levar em conta as contradições humanas (não gosto da palavra "pecado"), mas graciosamente lhe vêm ao encontro na pessoa de Jesus, o Cristo, é formidável. Única.

    Em um gedget no meu blog eu digo que Deus não deve ser um juiz, mas sim um dançarino.

    E se você me permite dar um pitaco no comentário do amigo-poeta-neoortodoxo Gresder, o Deus do AT mandava matar crianças e animais. Que pecados tão terríveis assim uma criança daquela época poderia cometer?

    Não vou desenvelver mais essa questão aqui, mas não devíamos esquecer que cada época da história bíblica, Deus foi um Deus diferente para cada época. Ou melhor dizendo, em cada época o homem teve o "deus" que merecia ou que intuia.

    Abraços calorosos

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  9. mar-dito!!! Como tu é burro rsrsrs: “Que pecados tão terríveis assim uma criança daquela época poderia cometer?” ora essa, ao crescer as aquelas crianças iriam vingar os pais que morreram pela espada dos hebreus. Assim matando as crianças já eliminava a raça e uma futura retaliação.

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  10. Eduardo e Gresder, vocês podem parar de "brigar" hein meninos!

    Um gosta de poemas com mensagens um tanto quanto "subjetivas", mas de uma beleza ímpar.

    O outro prefere os símbolos ( e isso está dando um nó na cabecinha do meu irmão Márcio...que insiste em me chamar de edson Mourad) mas tem o essêncial para o cristão que é a Fé (mas sem lencinho do Valdemiro...talvez um pouquinho do "cimento consagrado" do João Batista) rzrzrz

    A verdade é que esses dois se amam e se admiram!

    Pessoas diferentes, em Estados diferentes, com pensamentos diferentes, mas um Deus em comum.

    Ai...ai! Lembro-me de quando não conseguia entender o significado da vida e minha falta de fé resultou num profundo conflito existencial. Converti-me finalmente ao cristianismo puro e simples, um cristianismo distanciado da "religião" dos evangélicos e hoje sou mais um "herege" tentando ser queimado.

    O Eduardo está certo em questionar sobre um Deus que mandava matar criancinhas.

    O Gresder está certo em explicar o motivo pelo qual Ele o fazia.

    E eu estou certo em ficar só encima do muro, olhando os dois se "digladiarem". Quem sabe eu não aprendo alguma coisa.

    Fiquem na Paz do Senhor meus irmãos!

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  11. rssssss

    O Gresder é um fanfarrão que fica jogando suas metáforas dizendo o que não quer dizer, e aí eu nas leituras dinâmicas que faço nos blogs acabo embarcando...mas ele disse o que disse, para realmente dizer o que não foi dito.

    abraços

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  12. E a vós que sois atribulados, repouso conosco, quando o senhor jesus se revelar do céu com os anjos do eu poder. como chama de fogo(amoroso), e tomar vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo (1ª Ts. 17-8. Porque o nosso Deus é umfogo Amoroso? Sera?

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  13. Débora, a paz do Senhor, não sei isso foi uma crítica ou um elogío, por via das dúvidas..vou entender como elogío...mas....

    Paulo deveria estar muito bravo pra ter falado dessa maneira, você não concorda?

    O Texto na verdade se encontra em 2ª tessalonicenses cap. 1 vers. 7 e 8..

    Me desculpe mas acredito que esta carta de Paulo é mais uma exortação para os cristãos que deixaram até de trabalhar e fazer o bem esperando a volta de Jesus.

    Recomendo que releia a carta com muito carinho...e tente comparar esse Jesus que Paulo cita...com o Jesus que intercedeu junto ao pai por aqueles que o estavam matando.

    Abraços irmã!

    E naõ deixe de passar por aquí...sua opinião sempre será recebida com carinho, mesmo que você não concorde conosco.

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  14. Quando eu fui apresentado a Bíblia, soube que a salvação era de graça, ou pela graça, que Jesus tinha pago o preço e que bastava tê-lo como Salvador para ser salvo. Porém, quando me aprofundei, vi cada vez mais restrições para ser salvo. Daí me veio a questão: se para ser salvo eu preciso mudar, Deus não me aceita como sou, logo Ele não me ama pelo que sou e sim pelo que eu venha a ser, caso consiga.
    Com o passar do tempo, eu que sempre fui considerado uma pessoa de boa índole e de bom caráter, iria morrer por não largar a cervejinha com os amigos, por não deixar de gostar de rock ou de música eletrônica entre outras picuinhas que nunca me influenciaram em nada negativo. Antes via Deus como este da graça em seu post, mesmo sem conhecê-lo. Um Deus tolerante, amável, que nos acolhe mesmo com nossos defeitos.
    Porém ao me aprofundar, conhecí um Deus severo, intolerante, que manda matar crianças de colo e que testa a fé dos fiéis permitindo que o próprio diabo os assole, como no livro de Jó (o qual me recuso a ler). No mais, voltei a crer no Deus que cria antes de conhecer a Bíblia, pois, ao tentar atribuir o caráter do Deus do antigo testamento ao caráter de Jesus, quase perco o amor por Jesus.

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