sábado, 3 de novembro de 2012

"Dietrich Bonhoeffer" Um exemplo de Pastor Evangélico


Na Galeria dos mártires do século XX da Abadia de Westminster: Madre Elisabeth da Rússia, o Rev. Martin Luther King, o Arcebispo Óscar Romero e o Pastor Dietrich Bonhoeffer.

Nascido em Breslau, 4 de fevereiro de 1906 – Morto em Berlim, 9 de abril de 1945, pelo Nazismo, Bonhoeffer foi um teólogo, pastor luterano, membro da resistência alemã anti-nazista e membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazista.

Bonhoeffer envolveu-se na trama da Abwehr para assassinar Hitler. Em março de 1943 foi preso e acabou sendo enforcado, pouco tempo antes do próprio Hitler cometer suicídio.

Nascido em Breslau em 4 de Fevereiro 1906, filho de um psiquiatra de classe média alta. Quando jovem decidiu-se seguir a carreira pastoral na Igreja Luterana, doutorou-se em teologia na Universidade de Berlim e fez um ano de estudos no Union Theological Seminary em Nova York. Retornou a Alemanha em 1931.

Bonhoeffer foi um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen, quando em 1934 diversos pastores luteranos e reformados, formaram a Bekennende Kirche, Igreja Confessante, rejeitando desafiadoramente o nazismo:

“Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador.”

Obviamente o movimento foi posto em ilegalidade e em Abril de 1943 foi preso por ajudar judeus a fugirem para a Suíça. Levado de uma prisão para outra, em 9 de Abril de 1945, três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado, junto com seu irmão Klaus, e cunhados Hans von Dohnanyi e Rüdiger Schleicher.

Sua obra mais famosa, escrita no período de ascensão do nazismo foi "Discipulado" (Nachfolge) na qual desenvolve a polêmica acerca da teologia da graça, fundamento da obra de Lutero. O livro opõe-se a ênfase dada à "justificação pela graça sem obras da lei", afirmando que:

"A graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja. A nossa luta trava-se hoje em torno da graça preciosa que é um tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende tudo que tem (...) o chamado de Jesus Cristo, ao ouvir do qual o discípulo larga suas redes e segue (...) o dom pelo qual se tem que orar, a porta a qual se tem que bater."

Destas linhas já se denota o profundo "fazer teológico poético" que tanto caracteriza a obra de Bonhoeffer.

Quando já estava sendo perseguido pelo nazismo, Bonhoeffer escreveu um tratado considerado por muitos uma das maiores obras primas do protestantismo, que denominou simplesmente "Ética". É nesta obra que ele justifica, em parte, seu engajamento na resistência alemã anti-nazista e seu envolvimento na luta contra Adolf Hitler, dizendo que:

“É melhor fazer um mal do que ser mau.”

Suas cartas da prisão são um exemplo de martírio e também um tesouro para a Teologia Cristã do século XX.

No dia 4 de fevereiro de 1906 nascia o pastor e teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer. Pendurar este homem numa forca como inimigo pessoal do Führer foi um dos últimos atos de Hitler, pouco antes de ele mesmo acabar com a sua miserável vida. Mais que o espião ousado e o integrante de um grupo que planejou eliminar o ditador alemão, Bonhoeffer entrou para a história como um ser humano de extraordinária reflexão e fé, mesmo diante da iminência da morte, em 4 de abril de 1945, no campo de concentração de Flossenbürg.

A sua angústia enquanto esperava pelo fim iminente foi traduzida em poesia e lirismo fascinantes. Esta canção, "Von guten Mächten wunderbar geborgen", é o melhor exemplo do que eu digo. Ouça, atentamente, o texto de Bonhoeffer no original. Para os que não entendem de alemão, abaixo uma tentativa de tradução:

    Carta de Bonhoeffer à sua esposa
 
Von guten Mächten wunderbar geborgen Songtext:
Von guten Mächten treu und still umgeben,
behütet und getröstet wunderbar,
so will ich diese Tage mit euch leben,
und mit euch gehen in ein neues Jahr.

Ref:

Von guten Mächten wunderbar geborgen
erwarten wir getrost, was kommen mag.
Gott ist mit uns am Abend und am Morgen
und ganz gewiss an jedem neuen Tag.

Noch will das Alte unsre Herzen quälen,
noch drückt uns böser Tage schwere Last.
Ach, Herr, gib unsern aufgescheuchten Seelen
das Heil, für das Du uns beweitet hast.

Ref:

Und reichst Du uns den schweren Kelch, den bittern
des Leids, gefüllt bis an den höchsten Rand,
so nehmen wir ihn dankbar ohne Zittern
aus Deiner guten und geliebten Hand.

Ref.

Doch willst Du uns noch einmal Freude schenken
an dieser Welt und ihrer Sonne Glanz,
dann wolln wir des Vergangenen gedenken,
und dann gehört Dir unser Leben ganz.

Ref.

Lass warm und still die Kerze heute flammen,
die Du in unsre Dunkelheit gebracht,
führ, wenn es sein kann, wieder uns zusammen.
Wir wissen es, Dein Licht scheint in der Nacht.

Ref.

Wenn sich die Stille nun tief um uns breitet,
so lass uns hören jenen vollen Klang
der Welt, die unsichtbar sich um uns weitet,
all Deiner Kinder hohen Lobgesang.


Tradução


Maravilhosamente protegidos por bons poderes,
consolados, aguardamos o que vier:
Deus está conosco à noite e pela manhã
e com certeza a cada novo dia.

Quando o silêncio se espalhar profundamente ao nosso redor,
permite que possamos ouvir aquele som repleto
do mundo, que de modo invisível se espraia em torno de nós,
do canto de louvor de todos os teus filhos.

E ao nos estenderes o pesado e amargo cálice,
cheio de sofrimento até sua mais alta borda,
nós o tomaremos, agradecidos e sem tremor,
de tua bondosa e amada mão.

Mas, se mais uma vez nos queres presentear alegria
neste mundo e em seu Sol brilhante,
queremos relembrar o que passou
e entregar-te toda a nossa vida.

Cercado de bons poderes em fieldade e quietude,
protegidos e maravilhosamente consolados,
assim quero viver estes dias com vocês
e caminhar com vocês na direção de um novo tempo.

Um comentário:

  1. Embora os principais teólogos da libertação tenham sido católicos latinoamericanos, não há como negar que estes foram bem inspirados pela vida e obra do luterano Bonhoeffer. Inclusive o seu pecado de conspirar contra a vida de Hitler. De qualquer modo, recomendo a todos aquele filme O agente da graça. Abraços.

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