domingo, 7 de julho de 2013

Amigo



Grandes amigos, ou melhor, um grande amigo, só se consegue com muito trabalho e compreensão. Cultivei muitos amigos nesses meus 34 anos. Alguns já me abandonaram, outros às vezes lembram-se do bom Edson, e mesmo que por poucos minutos (ao telefone), se permitem ouvir a minha voz. Se acreditasse em Deus, acho que me sentiria como Ele às vezes: esquecido, solitário e triste em seu formoso céu, cabisbaixo em seu grande trono branco, com seus anjos que o adoram, mas não suprimem a necessidade dos verdadeiros amigos, nós.

Os livros têm sido para mim um refúgio, onde projeto toda amizade que tenho para oferecer, aos personagens das histórias, aos escritores que, quero acreditar, escreveram para mim aquelas linhas. Viajo em meio as letras que vão formando palavras e frases ricas, elas falam comigo, e por mais tempo que meus amigos (ao telefone).

A dureza que muitos acreditam me circunda, não passa de fachada, por dentro, o coração, que insisto em dizer ser apenas um músculo com uma função específica, clama pela voz, ombro, ou simples presença de um bom amigo. É fácil enganar as pessoas, é simples camuflar uma saudade, o difícil mesmo é enganar a nós mesmos. E sozinho, em minha grande casa, agora sem o barulho dos filhos, sem a implicância da mulher em busca de atenção, eu vejo que um amigo tem muito mais valor que o amor de muitas mulheres.

Por mais que conheça a nossa amada língua portuguesa, estou aqui, sentado em frente um computador, buscando no teclado letras soltas que formem uma palavra que caiba na minha definição do que é um amigo verdadeiro. E mesmo juntando todos esses símbolos mágicos, não há palavras suficientes para representar a grandeza de um amigo. O amigo é um porto seguro para a alma (se é que tenho alma), um pedaço solto de nós que sempre nos acompanha, mesmo que ele esteja a milhares de quilômetros de distância.

Olhando para o tempo de uma grande amizade, nem me importo com o fato de tanto tempo já ter se passado em minha vida. Gostaria que tivesse sido mais, que pudesse ter dito na horas certas que amava, ou até mesmo que estava errado, evitando assim, que um elo se enfraquecesse em nossa amizade. O tempo passou, a distância cumpriu sua função, de fazer qualquer saudade passar, ou pelo menos diminuir, de fazer a dor cessar e o coração se fechar para uma nova experiência. Um bom amigo conhece todas as nossas dores, todos os nossos sofrimentos por amor, todas as nossas mancadas ao longo da estrada, mas um grande amigo, este não só conhece, mas também esteve lá, e as viveu conosco. Sorriu e chorou, e nos disse que iria passar.

Resolvi caminhar sozinho, por falta de um amigo. Certamente irei caminhar mais rápido e mais consciente, só não tenho a certeza se chegarei mais longe, ou se chegarei a algum lugar, sem um amigo para pegar em minha mão, ou apenas aquecer meu coração com sua presença.

Agora entendo (e como demorei) porque foi "amigo" a palavra usada por Jesus Cristo para classificar os que o seguiam e os que viriam a segui-lo. Mas novamente me sinto como Deus, que na hora de maior dor e sofrimento, não encontrou um amigo aos pés de sua cruz, que o olhasse nos olhos e dissesse: "Mano, não posso tirá-lo daí...mas estou aqui com você!" Filósofo cético, Edson Moura

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